domingo, 21 de setembro de 2008

VIAGEM SEM VOLTA - Parte I

Lucila acordou atrasada. Seu vôo saia às 9 horas da manhã rumo a Porto Alegre. Não poderia perder por nada esse vôo, pois havia marcado a reunião com um cliente importante. Levantou-se como um raio, passou pela ducha, colocou seu terninho chumbo, tomou seu café, e correu para o aeroporto. Ufa! Deu tempo!


Já no avião, meio descabelada, sentou-se no lugar indicado. Entretida com a pauta da reunião abstraiu-se do lugar.


De repente alguém senta ao seu lado e derruba metade dos seus papéis no chão. Já não bastava o seu humor de cão, ela ainda tinha que aguentar um povo sem noção logo cedo!?


-- Desculpe-me. Sou desajeitado mesmo.


Lucila escutou uma voz e ergueu os olhos. Um rapaz moreno, cabelos lisos, bem vestido e muito gentil sentava-se ao seu lado.


-- Desculpe-me. – Repetiu o rapaz.

-- Sem problemas. Eu que estou com muitos papéis aqui, mas logo dou um jeito nisso. – respondeu Lucila ríspida.

-- Meu nome é Renato, prazer. – apresentou-se o rapaz.

-- Prazer, Lucila. – se arrependendo de sua grosseria.


Lucila, já com um humor não tão ruim assim, resolveu testar se era capaz de paquerar alguém em um avião às 9 da matina. Enquanto guardava o material da reunião, começou a contagem dos pontos: 1 ponto por se apresentar sem ela ter que elaborar pelo menos 3 alternativas de início de conversa, como por exemplo: “Ta um friozinho, né?”, ou, “Odeio ter que viajar cedo... e você?”, ou, “Essa barrinha de cereal logo cedo é de matar, não acha?”. Mais 1 ponto por ter se desculpado com toda cortesia.


Começou a observar de canto de olho o rapaz, e como magnetismo, seus olhos foram parar nas mãos. Nossa! Eram másculas e bem cuidadas. E melhor: Sem alianças ou marca delas! Mais um ponto positivo.

Nessa altura, Renato já somava quase 10 pontos, o que era realmente uma coisa difícil de acontecer, pois os caras pelos quais Lucila se interessava não chegavam aos 8!


Resolveu dar uma chance (caso ele a quisesse, obviamente). E assim iniciou novamente a conversa com o solene: “Ta um friozinho, né?”. Começaram um papo que só acabou na saída do aeroporto de Porto Alegre. Trocaram telefones e cada um seguiu seu caminho.

Passada uma semana, o telefone de Lucila toca insistentemente. Numero privado. Pensou: “Atendo ou não atendo?Atendo!”.


-- Alo? – Lucila atende.

-- Oi Lucila, aqui é o Renato, do avião de Porto Alegre, lembra? – Renato explicando-se.

-- Claro! Tudo bem com você? – Lucila responde, somando mais 5 pontos à lista do Renato, pois ligar de verdade merece toda essa pontuação.

-- Então... eu queria saber se você aceitaria jantar comigo hoje? – Renato meio sem jeito.


Mais um ponto! Lucila aceitou o convite. Estava mesmo sem ter o que fazer, e Renato era um gatinho de primeira. Jurou para si mesma que nada além de um simples jantar aconteceria naquela noite. Na mesma noite o segundo convite chega: “Poderíamos ir ao cinema amanhã, o que acha?”.


A atitude de Renato a encantava. Ele tomava frente da situação e não tinha medo de convidar. Lucila não encontrava um homem assim há tempos. Já não conseguia mais contar os pontos, que já eram muitos àquela altura.


No segundo encontro, Lucila já não pensava mais em ficar apenas no cineminha e no jantar. Ela queria experimentar Renato. E assim o fez. Colocou sua melhor e menor lingerie, seu melhor perfume, seu melhor hidratante. Estava divina. Irresistivelmente cheia de segundas e terceiras intenções. E claro, Renato caiu como um patinho.


Muitos outros convites foram feitos e aceitos. Muitas outras noites aconteceram. Saiam quase toda semana juntos. Ela chegou a pensar que namorariam, mas infelizmente o rapaz retornava a Porto Alegre todo final de semana. Lucila desconfiada resolveu não interferir, pois não era sempre que encontraria um cara tão gentil e atencioso.



Continua...

Um comentário:

Anônimo disse...

Hahahahahahahhahahaha... Mal posso esperar para saber o final dessa historia... Espero que um dia as minhas venham a contribuir tb...

Dani F. Cruz