quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O MADURO

Lucila tinha conhecido um homem mais velho, mais maduro, inteligente, bonitão... Era tudo que ela precisava depois de levar tanto pé na bunda de meninos da sua idade. Também não era um velho caquético... era apenas maduro, com idade suficiente pra não ser mais um FDP no vasto currículo de homens idiotas que já tinham sacaneado com ela. Lucila pensou: “Este sim vai saber dar valor a mim, do jeito que eu sou”. “Só preciso tentar ser mais adulta quando estiver com ele”.

Eis que alguns dias depois de conhecer o bonitão, Lucila recebeu um telefonema do homem com H maiúsculo, cheio de galanteios (como se falava no tempo dele) e o convite pra jantar. Lucila aceitou o convite na hora, já pensando em todos os detalhes da noite que lhe esperava.

Lucila foi embora mais cedo do trabalho pra poder ter tempo suficiente pra se arrumar pra ir jantar com o bonitão. Ficou super em dúvida na roupa que iria usar. Lucila sabia que parecia mais nova do que realmente era e tudo o que ela não queria era parecer uma teenager com o tio da Sukita. Tinha que parecer uma mulher e não uma “guria”. Depois de provar o guarda-roupa inteiro, parece que achou uma roupa adequada pra sair com o bonitão... nada de jeans e decotes infinita highway, roupas usuais de Lucila pra sair com gatinhos... Usou uma calça preta com uma blusa básica, mas bonita. Seria uma roupa que Lucila usaria pra trabalhar, nunca se imaginou saindo com alguém com aquela roupa. Mas era por uma boa causa.

O bonitão chegou pra pegar Lucila em seu carrão... parecia o James Bond na versão Pierce Brosnan, ou o Mr. Big do Sex and the City. Lucila realmente tava curtindo aquilo tudo, era outro mundo pra ela. Foram prum restaurante chiquérrimo da cidade, Lucila estava impressionada com a noite diferente que estava tendo e com a companhia agradável do bonitão.

Pediram os pratos, Lucila nem olhou a coluna dos preços, sabia que não seria preciso ela dividir a conta com um empresário bem sucedido como aquele. O bonitão pediu um vinho muito bom e começaram a bebericar e conversar enquanto não vinha o prato principal. Quando chegou a comida, o bonitão pediu licença e dirigiu-se ao banheiro... demorou um tempo e Lucila aguardou ansiosamente que ele voltasse pra começar a comer.

Quando voltou, o bonitão, meio pálido, disse a Lucila:

Bonitão: Lucila, não estou me sentindo muito bem... estou meio tonto... estou sentindo palpitações... meu coração está batendo mais forte...
Lucila (deve ser a emoção de estar comigo): Sério?? Quer ir embora??
Bonitão: Não, deve passar logo... vamos aproveitar nosso jantar...

Lucila ficou preocupada, (era só o que me faltava ele passar mal... também... vai sair com um cara que quase tem idade pra ser seu pai dá nisso...) mas tentou manter a calma e descontrair... E conversa vai, conversa vem... até que o bonitão parou de falar bruscamente... estava visivelmente passando mal com falta de ar... Lucila não sabia o que fazer... chamou o garçom e pediu a conta, às pressas... tinha que levar aquele homem prum hospital antes que ele morresse ali na presença dela...

A conta veio enquanto os garçons ajudavam o bonitão a ir pro carro... Lucila arcou com a facada do jantar que mal foi tocado... R$ 188,00... Mas tudo bem, Lucila tinha que salvar a vida do cara... tudo que ela não queria era ter uma história de morte pra contar pras suas amigas.

Foi dirigindo o carro do bonitão até o hospital mais próximo. Teve que aprender na hora como dirigir um carro com câmbio automático, estava acostumada com seu velho e bom uno mile... Incrivelmente Lucila aprendeu na hora.

Chegando ao hospital, o bonitão foi levado às pressas pelo médico para uma consulta de emergência... estava mal mesmo, mal conseguia falar e se manter em pé. Enquanto isso Lucila aguardava na sala de espera do hospital. Neste momento, muitas coisas passaram pela sua cabeça... “O que eu estou fazendo num hospital, em pleno sábado a noite, morrendo de fome, esperando um cara que eu mal conheço enquanto as minhas amigas estão na balada???”, mas logo vinha o remorso por estes pensamentos e Lucila ficava com pena do Bonitão, ele devia estar mais angustiado que ela, saiu com uma mulher mais nova e passou mal... devia estar morrendo de vergonha.

Foi quando apareceu uma enfermeira:

Enfermeira: “Boa noite, a sra. é filha do Sr. Sérgio?”
Lucila: “Não!!!”
Enfermeira: “A Sra. é o que dele então?”
Lucila (sem saber o que falar... não poderia dizer que era ficante dele... a enfermeira cairia da gargalhada): “É... hmm... sou amiga”.
Enfermeira: “Ok, sra., o Sr. Sérgio está melhor, mas teremos que fazer alguns exames complementares e o plano dele não cobre os procedimentos efetuados neste hospital, a Sra. poderia adiantar os valores da consulta e dos exames necessários?”
Lucila: “Claro, quanto vai dar?”
Enfermeira: “R$ 347,00”.
Lucila (quase tendo um surto, pensando em como iria cobrir a conta dela que já estava no vermelho): “Ok, posso dar um cheque?”.
Enfermeira: “Sim, pode se dirigir ali ao balcão para efetuar o pagamento”.

E lá foi Lucila “efetuar o pagamento”. Duas horas e meia depois, veio o bonitão, com uma cara melhor, para o alivio de Lucila. Mas não podia fazer esforço. Lucila então foi dirigindo até a casa dele (ele morava lá na PQP). Ele lhe agradeceu muito por tudo que Lucila tinha feito por ele e prometeu ligar assim que melhorasse pra eles terem um encontro de verdade e pra acertarem as contas. Lucila nem sabia mais se queria se encontrar com ele depois... só queria ser restituída pelo prejuízo, mas tinha certeza que seria em breve. De lá pegou um taxi pra sua casa (R$ 32,00). Até pensou em ligar pra Ju e ir pra onde as suas amigas estavam, mas estava cansada, com fome e com roupa de velha. Chegando em casa fez um cálculo da noite: “R$ 567 de preju, duas horas e meia assistindo TV na sala de espera de um hospital e nenhum beijinhooooo. Saldo negativo, em todos os sentidos... afffe... ninguém merece.....”. Mas Lucila logo afastou esses pensamentos, afinal, o bonitão não tinha tido culpa de tudo aquilo e iria ligar em breve pra consertar tudo aquilo.

Duas semanas se passaram e nada do bonitão ligar... Lucila já tinha certeza que não queria mais sair com ele, mas achava um absurdo o cara não ter ligado nem pra acertar as contas... contou tudo pras suas amigas e elas disseram que Lucila tinha que ligar pra cobrar o preju... afinal o cara era um empresário e não se importaria em pagar as despesas pelo menos do hospital, pois a conta de Lucila estava no vermelho...

Lucila premida pela necessidade e pela cara de pau, ligou pro bonitão... mas ele simplesmente não atendeu... Lucila tentou ligar nos dois dias subseqüentes, mas ele não atendeu e não retornou...

Lucila nunca mais ouviu falar do bonitão, nem viu a cor de seu dinheiro... e chegou à seguinte conclusão: “Não importa a idade do cara, quando dá pra ser FDP, sai da frente”.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A FESTA - Parte II - final

Quando foi ao banheiro com Ju, Lucila avistou na fila do banheiro feminino um ser esquisito e familiar... ela já tinha visto aquele rosto antes, aquele estilo estranhíssimo de cabelo azul, mas aonde?? Lucila começou a pensar e quando lembrou quem era aquele ser esquisito, quase teve um ataque... era a ex de Cristiano (que ela só tinha visto por foto fuçando no orkut), com a qual ele tinha terminado pra ficar com Lucila... affffe... Lucila só podia pensar que ela estava lá por causa dele... E se ele também estivesse lá por causa dela??? Aquilo tudo era demais pra cabeça de Lucila... ela não acreditava que tinha saído pra tentar se distrair e foi encontrar justamente com todos os motivos de sua depressão...

Depois de ir ao banheiro, resolveu disfarçar que ia pegar uma bebida pras suas amigas não perceberem e mandou uma mensagem pra Cristiano: “Ué, não estava de plantão?”, ao que ele respondeu: “Vai me dizer que você também está na festa também??”. Quando estava se preparando pra dar uma resposta bem dada praquele FDP, Juliana percebeu que Lucila estava trocando mensagens com Cristiano e confiscou o celular dela, pra ela não fazer mais besteiras.

Mais tarde, quando Lucila já tinha abstraído um pouco toda aquela situação, eis que ela enxerga o sacripanta no meio da pista de dança... se aproxima e tem a pior visão que poderia ter naquele momento: o cafajeste beijando outra menina!!!!!!!! E pior, não era nem a ex... era uma terceira, que ele devia ter conhecido naquela hora. Lucila sentia como se tivessem cravado uma faca em seu peito. Se encheu de raiva... não conseguiu segurar sua fúria e partiu em direção ao casal se beijando... Lucila perdeu totalmente a razão e estava pronta pra dar um tapa na cara daquele cafajeste... nunca ninguém tinha sido tão sujo e tão canalha com ela em toda a sua vida (e olha que a lista era grande e os pés-na-bunda eram muitos)!!!! Quando chegou bem pertinho, ele se virou de costas (sem vê-la) e ela acabou dando apenas um safanão, com toda a força que podia naquele idiota... Não olhou pra ver a reação dele, mas certamente ele a viu...

Quando estava saindo da pista sozinha (porque Ju não conseguiu acompanhá-la em sua aventura animalesca), sem enxergar nada na sua frente, porque seus olhos estavam marejados de lágrimas, sentiu alguém segurar seu braço... quando olhou, era Miguel, amigo gatinho do irmão mais novo de Clara, que sempre arrastou as duas asas pra cima de Lucila, mesmo sendo muito mais novo que ela. Lucila então pediu que ele lhe acompanhasse lá fora pra tomar um ar, e ele a acompanhou... Lucila então num gesto de muita carência acabou beijando Miguel, que foi sua companhia pelo resto da noite.

Juliana, no caminho pra casa, só fez apenas um comentário sobre toda essa história: “Amiga, você ter beijado o Miguel depois de tudo isso foi a atitude mais infantil que você já teve na vida, mas ao mesmo tempo a saída mais ‘Bridget Jones’ de todos os tempos”.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A FESTA - Parte I

Lucila estava triste. Seu rolo de 5 meses com o amigo da sua amiga, Cristiano, que começou no carnaval, na praia, tinha acabado. O romance subiu a serra, ao contrário do que dizem por aí... Mas o cara tinha um grande problema: uma namorada de 200 anos, que estava viajando pelo mundo afora e estavam dando “um tempo”. Enfim... resumindo o pé-na-bunda homérico: depois da namorada ter voltado pro Brasil e dele ter terminado o namoro por causa de Lucila, ter posado de namoradinho do lado de Lucila na sua festa de aniversário e até tê-la convidado pra ir embora com ele pros Estados Unidos (praticamente um pedido de casamento), o cara tinha terminado pelo msn com ela... ela estava muito mal... aquele era o romance mais intenso que Lucila tinha vivido em toda a sua vida... e tudo estava terminado...

As amigas, tentando animá-la e tentando ajudá-la a sair do fundo do poço, quase que obrigaram Lucila a ir numa festa super badalada na cidade, de aniversário de 2 anos de um lugar super em alta. A festa ia ser numa mansão, com vários DJs tocando nos diversos espaços da festa. Ia estar presente a nata curitibana. Enfim, uma balada imperdível...

Lucila, que ainda falava de leves com o seu ex-rolo, sem suas amigas saberem (ela achava que ainda restava uma esperancinha), após dar uma sondada, descobriu que ele não estaria na festa, pois estaria de plantão no dia. Como não queria encontrá-lo de jeito nenhum e tendo garantido que não daria de cara com ele na festa resolveu aceitar o convite das amigas e foi na tal festa. Produção total, roupa nova, maquiagem... estava linda e pronta pra inaugurar a nova temporada de solteira.

Chegando na festa com Juliana e Clara, Lucila encontrou Carol, outra amiga sua, que totalmente desatualizada em relação aos fatos, disse pra Lucila que tinha acabado de cruzar com Cristiano na festa.

Lucila sentiu um calafrio, sentiu seu estômago revirar e um calor subir, desde o dedinho do pé até a sua cabeça... aquilo não podia estar acontecendo... Lucila, incapaz de falar qualquer coisa naquele momento, saiu à procura de seu amado... ela não conseguia conter aquela vontade de vê-lo. Mas a sua busca foi em vão, porque ela não conseguiu encontrá-lo... mas estava muito angustiada... pensou em ir embora, mas não era justo estragar sua noite, seu ingresso caro e deixar as suas amigas por causa daquilo. Resolveu ficar, mas a angústia e a ansiedade de encontrá-lo a qualquer momento não deixaram Lucila relaxar...

domingo, 7 de dezembro de 2008

ENCONTRO ÀS ESCURAS - Final

Lucila, muito esperta, pensou que não tinha nada a perder: “Estou solteira mesmo. Perae! Solteira sim, mas nunca encalhada e muito menos doida. E se eu detestar ele? Já sei! Digo que esqueci de estender a roupa no varal e vou embora. Preciso de um lugar público e impessoal.Já sei!” .


De Lucila para Epaminondas: “Oi Epa, tudo bem? Então... que tal a gente se encontrar no shopping Estação e de la vemos o que fazer?”


Lucila chegou antes no ponto marcado, estava fingindo que lia uma revista qualquer quando Epaminondas chegou. Ela o viu primeiro e gostou. Pensou que não era tão ruim assim e que quem sabe o Eduardo poderia ter acertado. Epaminondas não esboçou nenhuma cara de quem gostou do que viu, mas enfim, ela não poderia exigir demais dele. Decidiram jantar no shopping mesmo para conversar um pouco.


Durante o jantar, Epaminondas começou a contar sobre todo seu histórico sentimental. Quando Lucila fazia menção de que falaria, Epaminondas a cortava e continuava falando.


EPAMINONDAS – Pois é, minha ultima namorada se mudou para o Acre. Eu era apaixonado por ela.

LUCILA – Aham... - Enquanto pensava: “imagino o que você fez para ela...”

EPAMINONDAS – Um dia peguei um ônibus e fui atrás dela... Cheguei lá e ela estava namorando outro.

LUCILA – Noooosssaaa.... – E na sua cabeça: “Cara! Você é burro ou o que?”

EPAMINONDAS após 1 hora – Mas já falei muito de mim, quero saber de você...


Lucila já sem vontade de falar muito resolveu pagar na mesma moeda e contar alguns casos mirabolantes de seu passado amoroso.


LUCILA – Então... Meu ultimo namoro durou 4 anos e o término foi bem traumático, mas agora estou bem, estou pronta para outra. Ele era maravilhoso para mim, mas resolveu me trocar por outra...

EPAMINONDAS – Quanto tempo faz que você terminou? Sim, porque eu, até hoje penso na minha ex. Não consigo ficar com alguém sem comparar com ela antes....

LUCILA de saco cheio – Fazem 8 meses que terminamos...

EPAMINONDAS indignado – O que???? Sóóó isso???? E você diz que já está pronta para outra? Nooooossssaaa!!! Fazem 2 anos que eu terminei com minha ex e ainda não superei.


Lucila ficou realmente espantada com a sinceridade da criatura que estava a sua frente. A sinceridade era tão grande que Lucila poderia até mesmo perdoá-lo por estar sendo extremamente chato naquele momento. Por ter esse sentimento no peito, então abrandou seus ânimos e respondeu:


LUCILA – Pois é, Epa, eu não vivo do passado. Sou assim! Olho para frente.


Epaminondas resolveu não querer mais saber da vida da moça e calou-se.


Na cabeça de Lucila passava “Meu Deus que cara sem noção! Ele ta falando isso na maior naturalidade ainda! Coitado...”

Terminaram de jantar e então Epaminondas convidou Lucila para ir ao encontro de alguns amigos. Lucila aceitou, já que seu destino era mesmo sua casa...


As nove e meia da noite chegaram no boteco e para uma mesa forrada de homens Epaminondas apresenta sua nova amiga Lucila. Sentaram-se em uma das pontas da mesa, onde estrategicamente Lucila ficaria isolada. E assim aconteceu. O maior dos papos futebolísticos rolando na mesa, e Lucila só pensava: “que diabos estou fazendo aqui”.


Mais um drink, e mais outro drink, e de repente a mesa começou a passar pela fase da “espreita”, onde parece que a qualquer momento a próxima fêmea que passar a menos de 5 metros da mesa será atacada. E Lucila ali, isolada, pensativa e com uma vontade louca de esganar Epaminondas.


No momento em que decidiu finalmente levantar e ir embora, Epaminondas fecha aquela noite com chave de ouro!


Epaminondas cutuca Lucila com o cotovelo e diz: “Olha aquela loira gostooooosaaaa ali.”



Em um impulso incontrolável Lucila levanta-se e vai embora sem se despedir. Ao chegar no seu carro solta uma gargalhada zombeteira de si mesma e promete em voz alta que nunca mais vai cair no conto do encontro às escuras.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

ENCONTRO ÀS ESCURAS - Parte I

Finalmente uma conclusão! Lucila descobriu que estava enjoada dos mesmos papos, dos mesmos problemas, das mesmas histórias, dos mesmos defeitos e das mesmas qualidades. Qualidades? Eu disse qualidade? Desde quando os rolos de Lucila tinham qualidades? Ok, ok! Vamos pular essa parte.


A verdade é que estava na hora de renovar a agenda. Lucila sabia que nada daquela mesmice mudaria se ela mesma não mudasse de ares. Resolveu então tentar.


Trabalhava em um escritório agitado, onde não tinha tempo de respirar, mas sempre arranjava tempo para mandar e-mail para Eduardo, seu colega de trabalho (diga-se de passagem “que colega”), reclamando da sua vida amorosa na esperança que ele se comovesse e enfim desse um “jeito” no problema.


O jeito esperado é aquele que toda mulher almeja, ou seja, recheado de frases melosas e apaixonadas, beijos e abraços, e claro, a ligação do dia seguinte.


Naquela ocasião Lucila suava frio. Achava que tinha forçado a barra com o amigo Eduardo. Nunca na vida tinha dado tanto mole para alguém via e-mail. E-mail este que continha a seguintes frases: “Cansei dessa vida Edu. Sério mesmo! To me sentindo muito sozinha, ainda mais nesse frio! E nem um cobertor de orelha pra me esquentar! Bla bla bla...”


Olhava impaciente sua caixa de entrada esperando uma resposta que contivesse “eu me habilito”. Finalmente um e-mail chegou!


De Eduardo para Lucila:

“Pois é Lu. A vida ta difícil para todo mundo. Ainda bem que eu estou namorando agora, e estou super feliz. Estou pensando até mesmo em noivar! Da pra acreditar? Só pra você ter uma idéia, não são só as mulheres que eu tenho visto reclamar dessa vida, os homens também. Tenho um amigo, gente finíssima, que ta solteiro a um tempão, e ele mesmo me diz que a mulherada não quer nada com nada...bla bla bla... Pô! Ta ai! Vou te apresentar ele !”


Lucila suspirou e começou a tentar entender o e-mail. Fechou os olhos e imaginou a resposta perfeita: “Edu! Realmente não da pra acreditar que você vai noivar e nem deu bola para meu mole total! #@$!xMNh!Que mané amigo o que!Esse negócio de amigo encalhado é a maior furada!O cara deve ser um horroroso com mal hálito!Eu quero é que você de um jeito nessa minha carência, seu besta!”


E então escreveu: “Edu, esse negócio de apresentar amigo nunca da muito certo, mas se ele pedir meu e-mail... pode passar.”


Eduardo animado com a resposta da amiga, respondeu prontamente a solicitação do ultimo e-mail. Mais que depressa escreveu para o tal do amigo contando que tinha uma amiga que estava desesperada, na seca, e que precisava conhecer alguém. Obviamente que isso ele não contou para Lucila.


De Eduardo para Lucila: “É pra já!”


Lucila nem deu bola, pois já estava acostumada com os foras que levava e que costumavam ser tão freqüentes quanto aos que ela dava.

Dia seguinte, um e-mail desconhecido em sua caixa de entrada. De Epaminondas para Lucila. Lucila pensou: “Tomara que não seja esse o tal do amigo, senão já começou com uns pontos negativos”. Abriu o e-mail, e lá estava a resposta para o ponto de interrogação que se formara.

“Olá Lucila, sou amigo do Eduardo. Ele falou tanto de você que eu resolvi pedir seu e-mail. Espero que não se importe. Bla bla bla bla...”


Sem grandes pretensões, Lucila alimentou aquele papo furado sem se preocupar em saber como aquela história acabaria. Essa troca de e-mails durou uma semana, até que o “Epa” resolveu convidá-la para sair.


De Epaminondas para Lucila: “Oi Lu, então, que tal a gente fazer alguma coisa hoje?”


Continua...