terça-feira, 23 de setembro de 2008

VIAGEM SEM VOLTA - Final

Obviamente, a situação situação incomodava Lucila, pois não queria ser apenas uma aventura de outra cidade para Renato. Mesmo sem saber a história certa, ela imaginava que Renato deveria ter motivos muito mais fortes que o fazia voltar a sua cidade todo final de semana. E esse motivo não se restringia apenas seus pais e amigos. Refletindo sobre essa situação, Lucila resolveu não procurar mais Renato e curiosamente ele também não a procurou mais.


Após um mês sem noticias, Lucila chega do seu almoço, abre seu e-mail, e lá estava. Notícias de Renato! Renato dizia:

“Oi Lu, como está frio na sua terrinha ein?”


O sangue de Lucila ferveu. Estava na cara que Renato tinha chego na letra “L” da sua agenda novamente. Então resolveu dar um basta naquela situação. Escreveu:


“Oi Re, me desculpe falar isso por e-mail, mas meu limite chegou. Faz tempo que penso nas coisas que acontece com a gente, e cheguei à conclusão de que você acha que consegue me enganar. Doce ilusão a sua, pois não sou boba. Sei que você deve ter alguém em Porto Alegre, pois nenhum homem jovem, solteiro, entre outras qualidades, tem motivos tão fortes que não o deixam passar o final de semana em outra cidade. Não sei nada de você. E isso me faz pensar que você tem muito a esconder. Você é uma pessoa legal, e eu gosto de verdade, mas eu não quero mais ficar de brincadeira. Queria mesmo alguém não tivesse medo de relacionamentos... É isso. Boa sorte nesses dias gelados. Lucila”


Depois desse e-mail, Renato desapareceu. Lucila sentia-se mais leve, pois pela primeira vez na vida tinha conseguido não engolir o sapo. Falou o que quis no e-mail e até era um alívio não escutar as desculpas esfarrapadas da maioria dos homens.


Passado um ano, Lucila já não lembrava mais de Renato, quando chega um e-mail em sua caixa postal.


“Oi Lucila. Lembra-se de mim? Sou o Renato de Porto Alegre. A última vez que a gente se falou foi por e-mail e confesso que não fiquei muito contente com o que você me escreveu, por isso não respondi. De qualquer forma, gostaria de te rever antes de retornar para Porto Alegre. Seria possível?”


Lucila estava pasma. Até onde chega a cara de pau de um ser humano? No mínimo Renato cansou de pular o nome dela quando chegava novamente na letra “L” da sua agenda. Lucila estava pronta para mandar um e-mail bomba para Renato. E de preferência daqueles que explodissem. Estava realmente possessa.


Antes de escrever a resposta, resolveu dar um volta, tomar uma água. Afinal, hidratar nessas horas é a melhor coisa do mundo! Acreditem!


Nesse intervalo, Lucila ensaiava como iniciaria o e-mail: “Olá Renato, seu grande FDP!...”, ou, “Porque você não morre?”, ou, “Não me lembro de você...”.


Como um estalo, uma idéia veio a sua cabeça. Voltou para sua mesa, respirou fundo, tomou um café, pegou um calendário, fez algumas contas e respondeu.


“Olá Re! Claro que eu lembro de você! Quanto tempo, ein? Imaginei que seu sumiço fosse resultado do meu último e-mail, mas também confesso que escrevi o que estava no meu peito. Minha vida mudou demais nesse último ano. Tenho trabalhado mais em casa, pois estou com um neném novinho, completará 4 meses em breve. Minha mãe e irmã me ajudam muito e graças a Deus que eu tenho elas! Quando você retorna para Porto? Beijos Lucila”


Enquanto aguardava a resposta, Lucila tentava imaginar qual seria a reação de Renato. Jamais tinha mentido de maneira tão descarada para alguém e ainda mais com o objetivo de trazer muitas preocupações para outra pessoa. Apenas uma coisa a confortava: a certeza de que poderia ter sido muito mais má, pois a primeira alternativa que passou em sua cabeça foi dizer que havia descoberto que era soro positivo e que era melhor ele ir ao médico.


Em menos de 3 minutos, a resposta estava na caixa de entrada de Lucila. Dizia: “Volto amanhã. Re.”


Lucila suspirou e pensou: “Um canalha a menos na minha vida!”. Seguiu sua vida.


Não demorou muito para que Renato especulasse a existência ou não de um suposto pai, e enviou um e-mail para Lucila pouco tempo depois.


“Oi Lucila, como está? E o nenem? Dando muito trabalho? Já colocou o pai da criança para trabalhar um pouco enquanto você vai à luta?”


Lucila querendo dar um basta naquilo, respondeu:


“Oi Re! O Junior fica com a minha mãe e irmã... Assim posso trabalhar novamente! Ainda bem né? Beijos Lucila”


Depois dessa resposta, Lucila espera por duas coisas de Renato: O pedido da guarda de seu filho imaginário ou seu sumiço total.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hahahahahahahahhahahahaha... Essa é a melhor das melhores... Minha favorita...
bjo
Dani F. Cruz