terça-feira, 19 de maio de 2009

Quando o senso da noção é perdido

Por vezes me pergunto o que aconteceu com o senso da noção das pessoas. E sem querer ser feminista, geralmente, essas pessoas são homens...


Por volta das 19 horas Lucila sentiu seus ombros queimarem, tinha trabalhado o dia todo em um cliente daquela cidade interiorana e ainda havia muito trabalho por fazer. Não agüentou muito tempo, era hora de descansar. A noite caia fria e escura, um hotel impessoal a esperava para companhia.


O quarto 204, de costume estava a sua espera. Chegou, tomou um banho e subiu ao restaurante. Tudo o que ela mais queria era tomar um prato de sopa e um sono tranquilo. Porém algo mais estava a sua espera naquela noite.


Ao entrar no restaurante, percebeu que apenas uma mesa estava arrumada para o jantar, todas as outras estavam ou ocupadas ou já usadas. Próximo à mesa arrumada, estava um homem de meia idade, jantando. Ao passar por ele, percebeu que o mesmo parou e se virou para ela. Ela continuou, pegou seu prato, se serviu. Seus desejos estavam começando a se realizar para aquela noite, e por isso não fez questão de tomar conhecimento sobre o mundo que acontecia a dois passos dela e de seu prato de sopa.


O homem que estava sentado próximo se virou e puxou papo.

-- Boa noite? - Disse.

-- Boa noite. - Respondeu Lucila sem querer parecer mal educada. Na verdade ela não estava com a menor vontade de conversar.

--Você é daqui? - Insistiu.

-- Não. Curitiba. - Respondeu olhando para o prato e pensando “idiota, se eu fosse daqui o que estaria fazendo em um hotel”?


Ao levantar o rosto percebeu que o simpático homem já havia se mudado para sua mesa.

-- Você está acompanhada? Eu sou de Umuarama, meu nome é Jonas, estou aqui a trabalho... – Contou animado.


E entre uns “Hummm”, “Aham”, “Sim” e “Não” dela, Jonas contou sua vida, seus negócios, tudo e mais um pouco.


E Lucila só pensava “por favor a conta, por favor a conta, quero ir pro meu quarto, pare de falar seu mala!!!!”. Parece que suas preces foram ouvidas, mas alguém quis sacanear ela.


-- Quando meu cliente não está aqui, não tenho com quem sair, porque eu e você não vamos dar uma volta na cidade? – Sugeriu Jonas olhando para ela com cara de lobo mal.


Ela surpresa com a proposta indecente, se engasgou com a sopa, mas mesmo assim sorriu e disse: “Não obrigada.”. Na verdade a mente dela gritava: “Seu velho safado, sem vergonha, ta pensando que eu sou o que? Prostituta?”


Quando a ultima colherada de sopa foi dada, ela já se levantando, a garçonete traz as pressas a nota para que fosse assinada.


Na nota, em letras garrafais, estava o numero de seu apartamento. Despediu-se secamente do indesejado acompanhante e foi para seu leito descansar.


Pensando que tudo voltara ao seu devido rumo, que seus desejos poderiam continuar se realizando... o telefone do quarto toca. Lucila olha para o telefone, desejando que se calasse, mas atende assim mesmo.


-- Pois não? – Educadamente atende.

-- Oi. Aqui é o Jonas. Queria saber se eu não poderia ficar com seu telefone, ou passar ai para a gente se divertir um pouco??? – Diz alegre e saltitante o chato.


Nesse momento Lucila teve certeza de que se tratava de um sem noção desesperado. Foi então que respondeu gentilmente:

-- -- $&#@$!!!~&*@#$(@amp;#@$!!!~&*@#$(@GMNU"


Ao desligar o telefone, pensou o quanto ela perdeu de sua paz, apenas por não ter falado o que ela pensava já no primeiro “Boa noite”.


Como se não bastasse, no dia seguinte pela manhã, acabaram se encontrando na recepção lotada do hotel. Jonas, nada esperto, resolveu tirar uma onda, e mostrar para o publico masculino presente que ele era realmente um cara sem igual, e disse: “olá!! Você não vai me dar seu telefone?” em alto e bom som.


Lucila, já sem paciência, decidida a esbofetear Jonas, pensou em ser gentil mais uma vez. E o fez da seguinte maneira:


-- Olha meu senhor, eu espero do fundo do meu coração que o senhor tenha uma filha, e que um dia ela tenha que estar no mesmo hotel que um velho safado, sem vergonha, como o senhor, esteja. E mais: -- Olha meu senhor, eu espero do fundo do meu coração que o senhor tenha uma filha, e que um dia ela tenha que estar no mesmo hotel que um velho safado, sem vergonha, como o senhor, esteja. E mais: $&#@$!!!~&*@#$(@amp;#@$!!!~&*@#$(@GMNU", enquanto eu me lembre!


Foi trabalhar leve e tranqüila, descarregou toda a sua carga negativa sobre aquele cara que não era apenas um sem noção, mas também havia perdido o senso dela a muito tempo.

Meus queridos leitores

Peço desculpas pelo blog estar tão parado... Prometo que vou postar logo logo histórias fresquinhas pra gente morrer de rir!!!

beijos

Brenda!