quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

VARINHAZINHA DE CONDÃO...

Lucila estava de saco cheio de relacionamentos sem “sustância”, mas eram tempos difíceis de encontrar homens de conteúdo e então estava deixando a vida levar.


Naquela noite, Lucila não estava com vontade de sair, mas tinha prometido que iria no aniversário da prima em uma barzinho da moda. Vestiu-se de maneira simples, sem muita produção. Estava totalmente com preguiça. Resolveu passar um perfuminho, pois já estava meio mulambenta pro local, pelo menos deveria estar mais cheirosa.


Chegando ao dito bar, já avistou a mesa da prima. Ela estava sozinha com 8 caras na mesa. E diga-se de passagem, uns bem interessantes. Nesse momento, Lucila se arrependeu por não ter colocado aquele decote infinita highway, mas enfim, não tinha como dar meia volta e correr se trocar em casa, pois a prima já havia gritado para o bar inteiro ouvir: “Luuuuu!!!!”.


Lucila sorriu meio envergonhada e foi de encontro à prima.


LUCILA: “Gabi, o que é isso???”

GABRIELA: “Lu, guria, só veio os meninos que eu convidei até agora. Ainda bem que você chegou! E a propósito: que roupa é essa doida? Você foi a missa antes?”

LUCILA: “Fale isso novamente e eu viro as costas e vou embora!”


As duas cairam na risada e sentaram-se. Gabriela apresentou Lucila aos 8 da mesa. Logo as duas estavam sendo cortejadas pelos 8, e isso era mais que uma massagem para o ego, era um verdadeiro SPA!


Um chop aqui, outro acolá. Quando um dos 8 começou a chamar a atenção de Lucila mais do que os outros 7. E por acaso era o mais gatinho mesmo. Gabriela incentivando totalmente. Os outros 7 também! Não deu outra! Os dois ficaram. O beijo de André era realmente uma delícia. Então Lucila começou a procurar um pouco de “conteúdo” no rapaz, mas naquele ambiente era impossível conversar. Além disso, a coisa estava esquentando, e Lucila não estava conseguindo mais controlar a situação. Chamou a prima no canto e comentou:


LUCILA: “A Gabi, o André parece um polvo. Não consigo segurar o cara.”

GABRIELA: “Mas você esta curtindo?”

LUCILA: “Ai guria, estou, mas ele quer me levar pro motel já. Mal conheço o cara.”

GABRIELA: “Puta merda Lucila! Você já é grandinha pra não se arrepender de dar pro cara na primeira vez.”

LUCILA: “Mas e se o cara for legal, o que ele vai pensar de mim?? Não vai querer mais nada.”

GABRIELA: “Ai Lucila! Um gato desse te dando esse mole e você com medinho de ser chamada de fácil? Você nem conhece o cara! Vai fundo!”

LUCILA: “Ta loco! Você é um diabinho na minha consciência!”


André era moreno, deveria ter mais ou menos 1,85 m de altura, porte de atleta, um beijo bom, e tudo para ser um amante daqueles.


Foi em meio a esse turbilhão de medos e conselhos que Lucila fechou os olhos e chutou o pau da barraca. Aceitou o convite indecente do André e resolveu ir para o motel com ele.


Primeiro problema resolvido, agora vinha o segundo: Estavam em dois carros.


Lucila pensou um pouco, e imaginou que isso daria a ela mais liberdade e segurança caso o cara fosse um psicopata. Então, sugeriu que fossem mesmo em dois carro, e que ela o seguiria até o destino que ele escolhesse.


Chegaram no motel, ele parou o carro no estacionamento e ela na garagem do apartamento. Entraram e continuaram com aquele fogo todo. Mão na mão, mão naquilo, aquilo na mão, quando ele finalmente tirou a roupa.


Lucila esforçou-se para não fazer cara de decepção, pois imaginou o que sentiria com aquele cotonete do rapaz, e pensou gentilmente, afinal, Lucila era uma criatura boa de mais de coração: “tudo bem, dizem que não importa o tamanho da varinha, e sim a mágica que ela faz”.


Enquanto André esforçava-se para animar a coisa, Lucila imaginava o que ele achava que ela estava sentindo, pois ela mesmo não sentia muita coisa, a não ser ele pulando em cima dela. Perna pra um lado, corpo para o outro. Muda novamente a posição e nada. Lucila decidiu fingir, pois senão ele não sossegaria.


Péssima idéia! Lucila fingiu o orgasmo e o rapaz se empolgou mais ainda. Nessa empolgação toda, André fez-se entender que queria outra coisa. Queria um sexo anal. Lucila com toda sua delicadeza, fez-se entender, sem palavras, que ela não estava afim. André se comportou por mais um tempo, e logo insistiu no assunto novamente, Lucila resolveu parar e falar naquela hora:


LUCILA: - André, pare. Eu não quero isso. Você entendeu? Se você insistir, eu vou me vestir e vou embora.

ANDRÉ: - Ok. Me desculpe.


E continuaram. Ela sem saber que horas ele ia parar. Até que o moço insistiu novamente. Lucila não teve dúvidas. Parou o que estava fazendo, vestiu-se e foi embora, dando graças a Deus por estar com seu carro e de não ter que pagar por aquela noite infeliz...


Assim que virou a primeira esquina Lucila não se agüentou e caiu na gargalhada: sinceramente, quem foi que inventou essa imagem mental da Varinha de Condão??? Nessa ela não cairia mais...


Muitas gargalhadas histéricas mais tarde, enxugando as lágrimas que tinham brotado, o controle do acesso de riso foi por água abaixo quando passava pela sua cabeça uma imagem mental do imbecil e seu cotonete, sozinhos no motel, sem nem saber o que tinha acontecido... E pagando a conta!!! Mas no final, bem feito para ele... Uma coisa é não perceber quando uma mulher está fingindo, mas era impossível ele realmente achar que estava abafando!!!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O MALA SEM ALÇA E SEM RODINHAS

Era sexta-feira, Lucila tinha combinado com Ju e Clara de ir numa balada forte. Clara foi antes, porque Lucila nunca dizia não e teve que passar em um churrasco antes da balada. Jú iria na hora em que Lucila fosse. Ah, se não fossem os celulares... como as nossas avós combinavam com as amigas as baladas??

Enfim, Lucila estava lá fazendo um esquenta no churras pré-balada, quando seu celu tocou. Número desconhecido, DDD desconhecido... ihhh... Lucila não tava no clima de receber telemarketing naquele momento de pura diversão...

Lucila atendeu e era Lucas, pretenso gatinho de Juliana, que morava em outra cidade. Lucila tinha conhecido o infeliz quando saíram com a turma de Juliana e ele ficou a noite toda tentando ficar com Ju, mas não conseguiu... Embora Lucila estivesse torcendo pra isso acontecer, Juliana deu altos foras no coitado... Lucila, como boa samaritana e sabendo que o carinha estava sozinho e abandonado na cidade deu seu telefone para o caso dele precisar de alguma coisa. E ele ligou querendo conhecer a noite curitibana.

Lucila nem achou ruim nem nada, mas sabia que Ju não iria gostar... Mas ficou com pena do menino... sozinho na cidade, sem conhecer ninguém... e iria estar toda a turma na balada... Não conseguiu dizer não e ainda passou pra buscar o carinha no hotel.

Só que Ju não gostou nada daquilo... quando ficou sabendo que o carinha ia, que pra ela era um chato de galocha que grudou nela na saída anterior, desanimou totalmente. Deu um belo bolo nas amigas e disse que não ia mais.

E Lucila então teve que levar Lucas mesmo assim...

Chegando na balada super tarde por conta do churras, Lucila e Lucas logo encontraram Clara e as amigas, que estavam há horas no lugar. Depois de contar a história de “quem era o ser que estava com ela e porque ele estava lá junto com Lucila” pra Clara e amigas, sem ele escutar, todas entenderam a situação e acolheram Lucas na rodinha... Depois de uns minutos dançando, Lucila sentiu calor e tirou o casaco. Como estava com preguiça de ir até o guarda-volumes, amarrou seu casaco na bolsa. Lucas então tirou seu casaco e pediu que Lucila segurasse. Lucila, meio sem jeito, fez o que Lucas pediu e amarrou também o casaco de Lucas na sua bolsa. Lucila super estranhou a atitude da criatura... achou até mesmo que ele era um folgado... mas sua versão Madre Teresa fez com que ela simplesmente acatasse a solicitação do mais novo amigo, sem achar ruim... coitado, estava sozinho na cidade e blá blá blá.

Lucila e Clara resolveram então dar uma volta “caçadora”, como sempre faziam na balada... Lucas foi junto. Foram ao bar pedir uma bebida... Lucas foi junto. Foram até o lounge sentar um pouco e conversar... Lucas foi junto. Foram ao banheiro... Lucas ficou esperando na porta... E Lucila lá, carregando pra cima e pra baixo sua bolsa, dois casacos de inverno e mais Lucas a tiracolo... Lucila bem que estava de saco cheio daquela sombra que ia atrás dela por todos os lugares, poxa, podia ir dar uma volta sozinho, tentar conhecer alguém diferente... mas não, o maleta ficava grudado em Lucila onde quer que ela fosse, empatando a sua noite e de suas amigas, sem se enturmar com mais ninguém.

Clara, que tinha chegado horas antes de Lucila, não foi nada companheira e foi embora logo... deixou Lucila lá sozinha com o malinha. Lucila estava muito animada e nada ia estragar a sua noite... embora Lucas estivesse realmente atrapalhando um pouco.

Eis que Lucila encontra seu amigo Alexandre, que chegou às 2h30 da manhã no lugar com mais dois amigos... Lucila pensou então que aquela seria a solução de todos os seus problemas. Lucas iria se enturmar com Alexandre e seus amigos e todos iam se divertir muito juntos.

Contudo, não foi o que aconteceu... assim como aconteceu com Clara e suas amigas, Lucas só dirigia a palavra pra Lucila e não fez nenhum esforço pra se enturmar com os amigos de Alexandre. Lucila já não sabia mais o que fazer pra se livrar, nem que fosse por um momento, daquela mala sem alça e sem rodinhas...

Foi então que, impulsivamente e fazendo qualquer negócio pra se livrar daquele chato, acabou tascando um beijão no primeiro ser que passou na sua frente... que não por tanta coincidência era um dos amigos de Alexandre. Tá, o cara não era lá essas coisas... mas diante do beco sem saída em que se encontrava e naquelas alturas era melhor beijar o sapo pra ver se ele virava príncipe do que ficar aturando uma criatura esquisita e grudenta a noite inteira.

Até que enfim a figura interplanetária se tocou e resolveu ir embora... pegou um taxi e foi embora... ALELUIA! O gatinho de Lucila não virou príncipe, mesmo depois de muitos beijos... mas ainda assim era melhor que o chicletão de Lucas grudado em Lucila a noite inteira.

Lucila logo foi embora também... a noite tinha sido longa e muitas coisas tinham acontecido. Nada melhor que a sua velha cama quentinha pra descansar.

Lucila mal tinha dormido, toca o celular... 7h30 da manhã de sábado.... Lucila não acreditava, mas pelo número, era o zé ruela do Lucas... Lucila não atendeu... Colocou no ignorar e f...-se. Mas a chatice de Lucas era grande e ele insistiu, ligou várias vezes, até que Lucila, q já tinha acordado com tantas ligações, resolveu atender, sem conseguir ser muito simpática...

Lucila: “Alôôô”.
Lucas: “Oi, Lucila, tudo bem, é o Lucas. Tava domindo?”
Lucila (Não seu desgramado, voltei às 6 da manhã e to acordada já...): “Taaaava”.
Lucas: “Então desculpe te acordar... mas é que to indo embora e queria me despedir de você e também preciso pegar meu casaco que esqueci com você ontem”.
Lucila (ah nãããããããão): “Putz, mas eu to dormindo agora”.
Lucas: “Mas infelizmente, meu vôo sai daqui a pouco e eu precisava mesmo pegar meu casaco com você, tem como você trazer aqui no Hotel pra mim?”.
Lucila (indignada com a folga do rapaz, quase mandando ele ir tomar naquele lugar): Olha, Lucas, como já te falei, estou dormindo, o máximo que eu posso fazer por você neste momento é te dar meu endereço e colocar o casaco no elevador pra vc pegar lá embaixo.
Lucas (surpreso com o mau humor de Lucila, vendo aquele doce de pessoa virar um limão amargo e estragado): Ok, Lucila, me passe o endereço.

E foi então o que Lucila fez, sem dó nem piedade. Deu o endereço, colocou o casaco no elevador e interfonou pro porteiro entregar a Lucas.

Nunca mais Lucas entrou em contato, ainda bem!!! Só o que restou daquela noite foi um sapo que não virou príncipe e uma p... duma dor de cabeça.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PÉ NA BUNDA, PÉ NA ESTRADA - Parte II - Final

Tudo pronto. Tudo preparado. 1 dia antes da viagem, Rubens resolve dar o ar da graça novamente e liga para Lucila para saber como ela estava. Lucila achou que não ia se abalar, fez pose e força para não acontecer... mas não teve jeito. Caiu em prantos, mas decidiu assim mesmo fazer a tal da viagem com Jorge de passar uma borracha sobre o ocorrido.


O primeiro dia foi ótimo, praticamente uma lua de mel. No segundo dia toca o telefone de Jorge e Lucila percebe que ele ficou constrangido para atender, mas atendeu e saiu de perto dela. Quando Jorge retornou, visivelmente ela era outra pessoa. Lucila perguntou se ele estava bem, se tinha acontecido algo, mas obteve uma resposta no melhor estilo “me deixa”.


Não demorou muito para Lucila enteder o que aconteceu. Jorge sem saber como fazer de maneira delicada disse: “Lu, não posso mais ficar com você. Eu pago sua passagem e te deixo na rodoviária mais próxima. Preciso ver minha ex-namorada.”


Aquilo era demais para Lucila. Ficou enfurecida, com vontade de matar o imbecil do Jorge, mas como ela não tinha escolha, foi deixada na tal da rodoviária mais próxima com o dinheiro da passagem na mão.

Foi ver os horários dos ônibus. O próximo ônibus para Curitiba demoraria 6 horas, o próximo para Florianópolis era dali 4 horas. Sem pensar muito comprou a passagem para Florianópolis e pensou: “Vou encontrar o Rubens e acertar essa história de vez!”


Chegou o ônibus, 6 horas de viagem, e finalmente estava a 15 minutos da rodoviária de Florianópolis. Sacou o celular e ligou para Rubens. Caixa Postal. Tentou novamente. Caixa Postal. Decidiu deixar recado na quarta tentativa: “Rubens, sou eu, estou em Florianópolis, quero conversar com você. Me liga por favor.”


Lucila não sabia o que fazer. Estava na rodoviária de Florianópolis sem saber o endereço de Rubens e muito menos conhecidos na cidade. Estava sozinha. Ela e Deus. Aliás, descobriu que ou Deus tinha tirado férias naquela ocasião ou ele não ajudava idiotas como ela.


Depois de se sentir a pior das piores, a mais burra da humanidade de ter ido atrás do ex, secou as lágrimas e foi comprar sua passagem para Curitiba. O próximo ônibus era às 18:00 hs. Olhou no relógio: 14:00 hs. Saco! Mais um chá de rodoviária.


Tentou novamente o celular do Rubens e nada. Jorge já tinha recebido todas as pragas possíveis e imagináveis. 16:30 hs, toca o celular de Lucila. Levou um susto, era o Rubens.


LUCILA: “Alô!”

RUBENS: “Lu, o que você está fazendo em Florianópolis?”

LUCILA já em prantos: “Você me ligou, disse que não sairia daqui. Quero conversar com você. Preciso esclarecer isso tudo.”

RUBENS: “Lu, não vai dar. Não estou em Florianópolis. Estou em São Paulo. Vim pra cá com meus amigos.”

LUCILA: “Porque você fez isso? Porque não me avisou? Porque? Porque?”

RUBENS: “Lucila, tenho que te contar uma coisa: engravidei uma menina.”


Lucila sentiu enjôo, vertigem... Estava abandonada em uma rodoviária esperando para voltar derrotada para casa. O idiota com quem estava saindo abandonou ela no meio da viagem, e o ex estava subitamente grávido depois de todo aquele papo de “mulher da minha vida”. Não adiantava mais chorar. As lágrimas haviam secado. Ela estava anestesiada.


Sem opção, Lucila voltou para casa. Nem se atreveu a ligar pra alguém ir buscá-la na rodoviária. Não conseguia acreditar nos pés na bunda que levou e muito menos no fato de ter passado o carnaval inteiro com o pé na estrada.

Nesse momento ela só conseguia pensar no que ela mais precisava: colo da mãe, amigas e muito, mas muito álcool.

Dois meses depois, mais forte, mas ainda sem que ninguém soubesse o que realmente havia acontecido naquele carnaval fatídico, Lucila foi a uma exposição em uma galeria de arte na qual trabalhava Clara, quando ela foi surpreendida por Jorge:


JORGE: Lucila, quanto tempo! O que você está fazendo aqui?
LUCILA: Eu moro aqui, e você?
JORGE: Ah, eu voltei pra cá também. Casei, esta é minha esposa, Andrea, estamos muito felizes.


Lucila já estava começando a reviver os revezes da viagem quando falou: “Muito prazer, ótimo conversar com vocês. Felicidades.” - e foi saindo, mas não rápido o suficiente, pois Jorge ainda conseguiu gritar para ela e meia galeria ouvirem "estamos grávidos, nasce ano que vem!!!".


Lucila estava chateada. Não, P da vida... Não, indignada... O que ela tinha a ver com a vida deles. Que fossem felizes, mas ele precisava tripudiar?

No dia seguinte Lucila estava lendo seus e-mails quando o mais inesperado e surreal de todos apareceu diante de seus olhos:
"Oi Lu,
Tudo bem? Eu queria que você soubesse por mim que fui demitido, que terminei com a garota que estava saindo, pois a gravidez era alarme falso.

Queria saber se você ainda sente alguma coisa por mim, e dizer que sempre te amei!
Também queria saber se você pode reenviar meu CV que está anexo, pois não aguento mais morar em Florianópolis.
Te amo e sempre amei,
Rubens".


Lucila estava pasma. Sem ação! E sem nem saber sequer por onde começar, se ria, ignorava ou mandava pra PQP esse FDP, seu telefone toca:
LUCILA: Alô!
JORGE: Oi Lu, é o Jorge. Liguei porque não consigo parar de pensar em você!
LUCILA: Hã? Que Jorge?

Nessas alturas Lucila, que já estava em choque pelo inesperado e-mail, não conseguiu ligar o nome à pessoa.


JORGE: Sou eu Lu, o Jorge, de Caxias.

Recuperando rapidamente seu senso, Lucila contra-atacou:

LUCILA: Ah! O Jorge, casado, cujo filho nasce ano que vem? Pensando em mim? Vai me chamar pra madrinha da criança?
JORGE: Lucila, não brinca. Eu nunca esqueci você. Ontem, quando te vi, linda, eu não consegui dormir. Não paro de pensar na burrada que eu fiz quando te larguei e no quanto a minha vida é miserável! Eu não amo a Andrea, não sei porque me casei... Lu? Oi? Lu, tá me ouvindo?


E então Lucila desligou! Virou-se para o micro e deletou com “shift+del” o e-mail de Rubens e pensou:


“Que favor esses dois me fizeram... E eu que achava que tinha me dado mal...
Como a vingança é doce... Quando é carmicamente enviada então...”


* Esse conto teve a participação da nossa amiga Pepe! Veja o link do blog aqui mesmo no nosso blog! bjos enormes a essa querida!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

PÉ NA BUNDA, PÉ NA ESTRADA - Parte I

Tristeza era a palavra que mais traduzia as expressões de Lucila naqueles últimos 15 dias, mas nem sempre foi assim. Um mês antes Lucila só conseguia pensar em como seria seu futuro casamento já que estava noiva há 1 ano, 5 meses e 12 dias! E no décimo terceiro dia seu noivado acabou! Bem que dizem que 13 é o número do azar. Desde então Lucila era só cacos de sentimento: um caquinho de dor, um caquinho de raiva, vários de ódio, alguns de saudades, outros de decepção.

Rubens era o tipo do cara que a família inteira adota como filho legítimo. Era tudo tão perfeito. Ele e Lucila terminavam as frases um do outro. Falavam o que o outro pensava. Gostavam das mesmas coisas! Todos que conheciam o casal pensavam: “típico casal perfeito”.

Até que um dia, Lucila teve que viajar a trabalho. Teria que ficar na matriz da empresa, em Caxias do Sul, por 2 meses, mas voltaria a cada 15 dias nos finais de semana. Lucila e Rubens não conseguiam ficar muito tempo longe um do outro, e aquilo seria uma tortura, mas enfim, era a carreira de Lucila que estava em jogo e os dois decidiram encarar esse obstáculo juntos. Combinaram que no segundo mês Rubens tiraria férias e iria para Caxias do Sul passar esse tempo com ela.

Quando chegou o dia de Rubens ir a Caxias, Lucila esperou ansiosamente o telefone tocar para que fosse buscá-lo na rodoviária. Quando o telefone tocou, Lucila mais que depressa atendeu com um “Que bom que você já chegou!”, e a resposta foi um solene “Lucila, temos que conversar.”. Rubens disse à Lucila que não podia ir a Caxias, pois havia conhecido outra mulher por quem estava atualmente apaixonado, que queria terminar o noivado e que estava indo morar em Florianópolis, pois a tal mulher era de lá. Foi um noivado terminado via Embratel quando completariam 1 ano, 5 meses e 13 dias!

Após 15 dias dentro do hotel, saindo apenas para o trabalho e mesmo assim muito maquiada para esconder as olheiras, um rapaz da matriz veio falar com Lucila:

JORGE: Oi! Você vai sempre para Curitiba? Eu vejo você sempre no avião para lá. Eu tenho família por lá, e sempre que posso também vou...
LUCILA: É...Bem...Sim, vou a cada 15 dias visitar minha mãe.
JORGE: E o que faz nos finais de semana que fica aqui?
LUCILA: Pois então... Eu fico no hotel, assisto filmes, leio... Essas coisas...
JORGE: Então, nesse sábado um amigo meu virá me visitar e vamos a um barzinho. Você não gostaria de ir conosco?

Lucila estava pronta para arranjar uma desculpa qualquer, mas nem para isso teve forças. Restou-lhe apenas aceitar o convite.

A saída foi revigorante, a companhia foi ótima! Tudo deu certo para que Lucila esquecesse o inferno que estava passando. E cá pra nós, até que o Jorge era um gatinho... A partir daquele momento, ela percebeu que estava na hora de começar a reagir.

Após essa saída, Lucila descobriu que Jorge tinha terminado há pouco tempo um namoro de 6 anos, e que também estava procurando reagir ao impacto da separação. Aquela era a chance! Quem mais poderia entender melhor Lucila??

Mas nada poderia ser tão fácil. Depois desses quinze dias, Rubens se arrepende subitamente da burrada que fez e começa a ligar para Lucila. Toda vez que isso acontecia, Lucila não conseguia não atender o telefone e se abalava sempre que escutava que ela era a mulher da vida dele.

Mesmo abalada, Lucila tinha que ter forças para botar um pedra de 2 toneladas em cima do antigo relacionamento, ou sobre a cabeça (de baixo) de Rubens. Resolveu então não evitar as saídas com Jorge e usar isso para se fortalecer e enfrentar essa difícil tarefa.

O tempo passando e ela saindo com Jorge, o interesse aumentando, e sinal de perigo aceso, pois um envolvimento rápido desse jeito era sintoma da mais pura carência. OK! Ignorou esse sinal e prosseguiu. Tanto Lucila, quanto Jorge, Mantinham uma distância de segurança.

Finalmente chegou ao fim a viagem e Lucila já poderia voltar à filial novamente. Despediu-se de Jorge, como quem se despede de um amor de verão, pois sabia que dificilmente o veria novamente.

Retomou sua vida em sua cidade natal tranquilamente, passou as festas com a família, nem sinal do cachorro do Rubens, porém de Jorge, eram e-mails e mensagens praticamente diárias. Foi quando recebeu um convite de Jorge para viajarem juntos no carnaval daquele ano.

Era exatamente tudo o que Lucila queria: uma viagem romântica.

Continua...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

TIRANDO A URUCA

Lucila não agüentava mais aquela fase de marasmo. Já fazia dois meses do término do seu último namoro e embora estivesse saindo muito e indo em todas as baladas possíveis, ainda não tinha beijado ninguém... não estava pegando nem gripe...não estava chovendo na sua horta... o mar não estava pra peixe...

Verdade verdadeira é que hora ou outra aparecia um gatinho aqui, outro acolá pra conversar com Lucila, mas ela estava numa fase exigente e queria “tirar a uruca” com alguém que valesse a pena. Ou seja, sempre acabava arranjando mil e uma desculpas pra não ficar com alguém: ou o cara era feio, ou tinha furinhos na bochecha, ou era careca, muito alto, muito baixo, muito barrigudo, ou só falava de futebol, ou tinha mão pequena, ou tinha cara de periquito... enfim, os caras sempre tinham alguma coisa que desagradava Lucila. E Lucila tinha um péssimo hábito de criar “ascos” pra certas coisas. Quando implicava com uma coisa, era difícil fazer Lucila parar de pensar naquilo.

Muitas baladas depois, bem num dia em que Lucila não estava nem aí, resolveu ir papear num boteco com uns amigos, o papo tava bom, o chopp era em metro, música ao vivo, quando notou um ser olhando pra ela duas mesas atrás da sua. Lucila fez seu olhar “da cabeça aos pés” pra analisar melhor a mercadoria: “hmmm... bonito de rosto, cabelo com mullets - ADORO MULLETS, corpitcho enxuto, roupa bacana...”. Lucila estava entusiasmada até aí, mas quando chegou nos sapatos: “e... sapatos de Aladim!!! Ah não!!!! Taí uma coisa que me dá asco!!”. Logo lhe veio na cabeça aquela imagem do grupo Lokomia... Olhando mais detalhadamente, viu que a coisa ainda era pior: “sapato preto e meias brancas... affffe”.

Lucila então começou a entoar mentalmente o velho mantra de sua mãe (“você não pode ser tão exigente e blá blá blá”) e tentar afastar a imagem do grupo lokomia de sua mente. Continuou olhando o carinha, embora evitasse olhar pros seus pés. E o menino olhava, olhava... e não ia nunca falar com Lucila, num comportamento típico curitibano.

Alexandre e Eduardo, os amigos que estavam na mesa com Lucila logo perceberam os olhares entre Lucila e o carinha dos mullets (pra não dizer carinha dos sapatos de Aladim) e quiseram queimar o filme de Lucila, abraçando-a, pegando na mão dela... “Ai, meninos, assim o carinha nunca vai vir falar comigo e eu vou ficar urucada pra sempre!!!”, mas Alexandre que se autodenominava irmão mais velho de Lucila foi logo dizendo que o cara era feio, gay, etc... e quando Lucila comentou sobre os sapatos de Aladim então a coisa ficou pior... As críticas eram muitas, mas Lucila não se deixou abalar e continuou olhando pro gatinho dos mullets, numa tentativa de acabar com a sua má fase de vez!! Quando viu que a coisa não tinha fim e os seus amigos estavam cada vez mais avacalhando com o carinha, Lucila resolveu ir ao banheiro, tendo que fazer o sacrifício de passar na frente do gatinho.

Quando saiu do banheiro, o carinha estava esperando por Lucila em frente à porta, aproximou-se e disse:

Carinha dos mullets: Puxa, até que enfim consegui vir falar com você longe daqueles caras... São seus seguranças? Ou algum deles é seu namorado?
Lucila: Não, são só meus amigos.
Carinha dos mullets: Ufa, q bom, era tudo o que eu queria ouvir...

E papo vai, papo vem... O nome do carinha era Leonardo, engenheiro, 25 anos (isso mesmo, 4 anos mais novo que Lucila, mas nenhum dos dois se importou com isso), um cara realmente interessante, inteligente, com umas sacadas diferentes... E Lucila não resistiu... acabou se dando bem (até que enfim), e finalmente TIROU A URUCA!!! Nem lembrou mais dos sapatos. O carinha pediu o telefone de Lucila prometeu ligar no dia seguinte cedo pra desejar um bom dia.

E passou o dia todo e nada do menino ligar... Mas no final da tarde, eis que liga um número diferente no celular de Lucila e, pra seu alívio, era Leornardo, dizendo que não tinha ligado pra dar bom dia, mas estava ligando pra dar boa tarde e tal... com uma conversinha toda melosa, até que caiu a ligação... Lucila tentou ligar no número que ele tinha ligado, mas dava caixa postal... alguns minutos depois, Léo liga de novo:

Léo: “Poxa, Lú, não precisava desligar na minha cara”.
Lucila: “Não, a ligação caiu, tentei retornar, mas deu caixa postal”.
Léo: “Ah, é que este telefone é da empresa que eu trabalho”.
Lucila: “Ah... achei que vc ia me dar seu telefone hoje...”
Léo: “Não, pra ganhar meu telefone vc tem que merecer... já posso dizer que vc já conquistou 70%... mas ainda falta um pouco...”

Lucila, achando super estranho este papo... como assim??? Merecer o telefone do cara??? Mas deixou por isso mesmo... pois tinha certeza que desta vez estava fazendo tudo certo e “merecia” o telefone do Léo.

Despediram-se no telefone e Léo disse que ligaria no dia seguinte para combinarem algo. Mas... acabou não ligando nunca mais...

Mais uma vez Lucila quebrou a cara, mas o que importava mesmo era que tinha tirado a uruca e agora as coisas iam melhorar pra ela!! Será??