quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O MADURO

Lucila tinha conhecido um homem mais velho, mais maduro, inteligente, bonitão... Era tudo que ela precisava depois de levar tanto pé na bunda de meninos da sua idade. Também não era um velho caquético... era apenas maduro, com idade suficiente pra não ser mais um FDP no vasto currículo de homens idiotas que já tinham sacaneado com ela. Lucila pensou: “Este sim vai saber dar valor a mim, do jeito que eu sou”. “Só preciso tentar ser mais adulta quando estiver com ele”.

Eis que alguns dias depois de conhecer o bonitão, Lucila recebeu um telefonema do homem com H maiúsculo, cheio de galanteios (como se falava no tempo dele) e o convite pra jantar. Lucila aceitou o convite na hora, já pensando em todos os detalhes da noite que lhe esperava.

Lucila foi embora mais cedo do trabalho pra poder ter tempo suficiente pra se arrumar pra ir jantar com o bonitão. Ficou super em dúvida na roupa que iria usar. Lucila sabia que parecia mais nova do que realmente era e tudo o que ela não queria era parecer uma teenager com o tio da Sukita. Tinha que parecer uma mulher e não uma “guria”. Depois de provar o guarda-roupa inteiro, parece que achou uma roupa adequada pra sair com o bonitão... nada de jeans e decotes infinita highway, roupas usuais de Lucila pra sair com gatinhos... Usou uma calça preta com uma blusa básica, mas bonita. Seria uma roupa que Lucila usaria pra trabalhar, nunca se imaginou saindo com alguém com aquela roupa. Mas era por uma boa causa.

O bonitão chegou pra pegar Lucila em seu carrão... parecia o James Bond na versão Pierce Brosnan, ou o Mr. Big do Sex and the City. Lucila realmente tava curtindo aquilo tudo, era outro mundo pra ela. Foram prum restaurante chiquérrimo da cidade, Lucila estava impressionada com a noite diferente que estava tendo e com a companhia agradável do bonitão.

Pediram os pratos, Lucila nem olhou a coluna dos preços, sabia que não seria preciso ela dividir a conta com um empresário bem sucedido como aquele. O bonitão pediu um vinho muito bom e começaram a bebericar e conversar enquanto não vinha o prato principal. Quando chegou a comida, o bonitão pediu licença e dirigiu-se ao banheiro... demorou um tempo e Lucila aguardou ansiosamente que ele voltasse pra começar a comer.

Quando voltou, o bonitão, meio pálido, disse a Lucila:

Bonitão: Lucila, não estou me sentindo muito bem... estou meio tonto... estou sentindo palpitações... meu coração está batendo mais forte...
Lucila (deve ser a emoção de estar comigo): Sério?? Quer ir embora??
Bonitão: Não, deve passar logo... vamos aproveitar nosso jantar...

Lucila ficou preocupada, (era só o que me faltava ele passar mal... também... vai sair com um cara que quase tem idade pra ser seu pai dá nisso...) mas tentou manter a calma e descontrair... E conversa vai, conversa vem... até que o bonitão parou de falar bruscamente... estava visivelmente passando mal com falta de ar... Lucila não sabia o que fazer... chamou o garçom e pediu a conta, às pressas... tinha que levar aquele homem prum hospital antes que ele morresse ali na presença dela...

A conta veio enquanto os garçons ajudavam o bonitão a ir pro carro... Lucila arcou com a facada do jantar que mal foi tocado... R$ 188,00... Mas tudo bem, Lucila tinha que salvar a vida do cara... tudo que ela não queria era ter uma história de morte pra contar pras suas amigas.

Foi dirigindo o carro do bonitão até o hospital mais próximo. Teve que aprender na hora como dirigir um carro com câmbio automático, estava acostumada com seu velho e bom uno mile... Incrivelmente Lucila aprendeu na hora.

Chegando ao hospital, o bonitão foi levado às pressas pelo médico para uma consulta de emergência... estava mal mesmo, mal conseguia falar e se manter em pé. Enquanto isso Lucila aguardava na sala de espera do hospital. Neste momento, muitas coisas passaram pela sua cabeça... “O que eu estou fazendo num hospital, em pleno sábado a noite, morrendo de fome, esperando um cara que eu mal conheço enquanto as minhas amigas estão na balada???”, mas logo vinha o remorso por estes pensamentos e Lucila ficava com pena do Bonitão, ele devia estar mais angustiado que ela, saiu com uma mulher mais nova e passou mal... devia estar morrendo de vergonha.

Foi quando apareceu uma enfermeira:

Enfermeira: “Boa noite, a sra. é filha do Sr. Sérgio?”
Lucila: “Não!!!”
Enfermeira: “A Sra. é o que dele então?”
Lucila (sem saber o que falar... não poderia dizer que era ficante dele... a enfermeira cairia da gargalhada): “É... hmm... sou amiga”.
Enfermeira: “Ok, sra., o Sr. Sérgio está melhor, mas teremos que fazer alguns exames complementares e o plano dele não cobre os procedimentos efetuados neste hospital, a Sra. poderia adiantar os valores da consulta e dos exames necessários?”
Lucila: “Claro, quanto vai dar?”
Enfermeira: “R$ 347,00”.
Lucila (quase tendo um surto, pensando em como iria cobrir a conta dela que já estava no vermelho): “Ok, posso dar um cheque?”.
Enfermeira: “Sim, pode se dirigir ali ao balcão para efetuar o pagamento”.

E lá foi Lucila “efetuar o pagamento”. Duas horas e meia depois, veio o bonitão, com uma cara melhor, para o alivio de Lucila. Mas não podia fazer esforço. Lucila então foi dirigindo até a casa dele (ele morava lá na PQP). Ele lhe agradeceu muito por tudo que Lucila tinha feito por ele e prometeu ligar assim que melhorasse pra eles terem um encontro de verdade e pra acertarem as contas. Lucila nem sabia mais se queria se encontrar com ele depois... só queria ser restituída pelo prejuízo, mas tinha certeza que seria em breve. De lá pegou um taxi pra sua casa (R$ 32,00). Até pensou em ligar pra Ju e ir pra onde as suas amigas estavam, mas estava cansada, com fome e com roupa de velha. Chegando em casa fez um cálculo da noite: “R$ 567 de preju, duas horas e meia assistindo TV na sala de espera de um hospital e nenhum beijinhooooo. Saldo negativo, em todos os sentidos... afffe... ninguém merece.....”. Mas Lucila logo afastou esses pensamentos, afinal, o bonitão não tinha tido culpa de tudo aquilo e iria ligar em breve pra consertar tudo aquilo.

Duas semanas se passaram e nada do bonitão ligar... Lucila já tinha certeza que não queria mais sair com ele, mas achava um absurdo o cara não ter ligado nem pra acertar as contas... contou tudo pras suas amigas e elas disseram que Lucila tinha que ligar pra cobrar o preju... afinal o cara era um empresário e não se importaria em pagar as despesas pelo menos do hospital, pois a conta de Lucila estava no vermelho...

Lucila premida pela necessidade e pela cara de pau, ligou pro bonitão... mas ele simplesmente não atendeu... Lucila tentou ligar nos dois dias subseqüentes, mas ele não atendeu e não retornou...

Lucila nunca mais ouviu falar do bonitão, nem viu a cor de seu dinheiro... e chegou à seguinte conclusão: “Não importa a idade do cara, quando dá pra ser FDP, sai da frente”.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A FESTA - Parte II - final

Quando foi ao banheiro com Ju, Lucila avistou na fila do banheiro feminino um ser esquisito e familiar... ela já tinha visto aquele rosto antes, aquele estilo estranhíssimo de cabelo azul, mas aonde?? Lucila começou a pensar e quando lembrou quem era aquele ser esquisito, quase teve um ataque... era a ex de Cristiano (que ela só tinha visto por foto fuçando no orkut), com a qual ele tinha terminado pra ficar com Lucila... affffe... Lucila só podia pensar que ela estava lá por causa dele... E se ele também estivesse lá por causa dela??? Aquilo tudo era demais pra cabeça de Lucila... ela não acreditava que tinha saído pra tentar se distrair e foi encontrar justamente com todos os motivos de sua depressão...

Depois de ir ao banheiro, resolveu disfarçar que ia pegar uma bebida pras suas amigas não perceberem e mandou uma mensagem pra Cristiano: “Ué, não estava de plantão?”, ao que ele respondeu: “Vai me dizer que você também está na festa também??”. Quando estava se preparando pra dar uma resposta bem dada praquele FDP, Juliana percebeu que Lucila estava trocando mensagens com Cristiano e confiscou o celular dela, pra ela não fazer mais besteiras.

Mais tarde, quando Lucila já tinha abstraído um pouco toda aquela situação, eis que ela enxerga o sacripanta no meio da pista de dança... se aproxima e tem a pior visão que poderia ter naquele momento: o cafajeste beijando outra menina!!!!!!!! E pior, não era nem a ex... era uma terceira, que ele devia ter conhecido naquela hora. Lucila sentia como se tivessem cravado uma faca em seu peito. Se encheu de raiva... não conseguiu segurar sua fúria e partiu em direção ao casal se beijando... Lucila perdeu totalmente a razão e estava pronta pra dar um tapa na cara daquele cafajeste... nunca ninguém tinha sido tão sujo e tão canalha com ela em toda a sua vida (e olha que a lista era grande e os pés-na-bunda eram muitos)!!!! Quando chegou bem pertinho, ele se virou de costas (sem vê-la) e ela acabou dando apenas um safanão, com toda a força que podia naquele idiota... Não olhou pra ver a reação dele, mas certamente ele a viu...

Quando estava saindo da pista sozinha (porque Ju não conseguiu acompanhá-la em sua aventura animalesca), sem enxergar nada na sua frente, porque seus olhos estavam marejados de lágrimas, sentiu alguém segurar seu braço... quando olhou, era Miguel, amigo gatinho do irmão mais novo de Clara, que sempre arrastou as duas asas pra cima de Lucila, mesmo sendo muito mais novo que ela. Lucila então pediu que ele lhe acompanhasse lá fora pra tomar um ar, e ele a acompanhou... Lucila então num gesto de muita carência acabou beijando Miguel, que foi sua companhia pelo resto da noite.

Juliana, no caminho pra casa, só fez apenas um comentário sobre toda essa história: “Amiga, você ter beijado o Miguel depois de tudo isso foi a atitude mais infantil que você já teve na vida, mas ao mesmo tempo a saída mais ‘Bridget Jones’ de todos os tempos”.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A FESTA - Parte I

Lucila estava triste. Seu rolo de 5 meses com o amigo da sua amiga, Cristiano, que começou no carnaval, na praia, tinha acabado. O romance subiu a serra, ao contrário do que dizem por aí... Mas o cara tinha um grande problema: uma namorada de 200 anos, que estava viajando pelo mundo afora e estavam dando “um tempo”. Enfim... resumindo o pé-na-bunda homérico: depois da namorada ter voltado pro Brasil e dele ter terminado o namoro por causa de Lucila, ter posado de namoradinho do lado de Lucila na sua festa de aniversário e até tê-la convidado pra ir embora com ele pros Estados Unidos (praticamente um pedido de casamento), o cara tinha terminado pelo msn com ela... ela estava muito mal... aquele era o romance mais intenso que Lucila tinha vivido em toda a sua vida... e tudo estava terminado...

As amigas, tentando animá-la e tentando ajudá-la a sair do fundo do poço, quase que obrigaram Lucila a ir numa festa super badalada na cidade, de aniversário de 2 anos de um lugar super em alta. A festa ia ser numa mansão, com vários DJs tocando nos diversos espaços da festa. Ia estar presente a nata curitibana. Enfim, uma balada imperdível...

Lucila, que ainda falava de leves com o seu ex-rolo, sem suas amigas saberem (ela achava que ainda restava uma esperancinha), após dar uma sondada, descobriu que ele não estaria na festa, pois estaria de plantão no dia. Como não queria encontrá-lo de jeito nenhum e tendo garantido que não daria de cara com ele na festa resolveu aceitar o convite das amigas e foi na tal festa. Produção total, roupa nova, maquiagem... estava linda e pronta pra inaugurar a nova temporada de solteira.

Chegando na festa com Juliana e Clara, Lucila encontrou Carol, outra amiga sua, que totalmente desatualizada em relação aos fatos, disse pra Lucila que tinha acabado de cruzar com Cristiano na festa.

Lucila sentiu um calafrio, sentiu seu estômago revirar e um calor subir, desde o dedinho do pé até a sua cabeça... aquilo não podia estar acontecendo... Lucila, incapaz de falar qualquer coisa naquele momento, saiu à procura de seu amado... ela não conseguia conter aquela vontade de vê-lo. Mas a sua busca foi em vão, porque ela não conseguiu encontrá-lo... mas estava muito angustiada... pensou em ir embora, mas não era justo estragar sua noite, seu ingresso caro e deixar as suas amigas por causa daquilo. Resolveu ficar, mas a angústia e a ansiedade de encontrá-lo a qualquer momento não deixaram Lucila relaxar...

domingo, 7 de dezembro de 2008

ENCONTRO ÀS ESCURAS - Final

Lucila, muito esperta, pensou que não tinha nada a perder: “Estou solteira mesmo. Perae! Solteira sim, mas nunca encalhada e muito menos doida. E se eu detestar ele? Já sei! Digo que esqueci de estender a roupa no varal e vou embora. Preciso de um lugar público e impessoal.Já sei!” .


De Lucila para Epaminondas: “Oi Epa, tudo bem? Então... que tal a gente se encontrar no shopping Estação e de la vemos o que fazer?”


Lucila chegou antes no ponto marcado, estava fingindo que lia uma revista qualquer quando Epaminondas chegou. Ela o viu primeiro e gostou. Pensou que não era tão ruim assim e que quem sabe o Eduardo poderia ter acertado. Epaminondas não esboçou nenhuma cara de quem gostou do que viu, mas enfim, ela não poderia exigir demais dele. Decidiram jantar no shopping mesmo para conversar um pouco.


Durante o jantar, Epaminondas começou a contar sobre todo seu histórico sentimental. Quando Lucila fazia menção de que falaria, Epaminondas a cortava e continuava falando.


EPAMINONDAS – Pois é, minha ultima namorada se mudou para o Acre. Eu era apaixonado por ela.

LUCILA – Aham... - Enquanto pensava: “imagino o que você fez para ela...”

EPAMINONDAS – Um dia peguei um ônibus e fui atrás dela... Cheguei lá e ela estava namorando outro.

LUCILA – Noooosssaaa.... – E na sua cabeça: “Cara! Você é burro ou o que?”

EPAMINONDAS após 1 hora – Mas já falei muito de mim, quero saber de você...


Lucila já sem vontade de falar muito resolveu pagar na mesma moeda e contar alguns casos mirabolantes de seu passado amoroso.


LUCILA – Então... Meu ultimo namoro durou 4 anos e o término foi bem traumático, mas agora estou bem, estou pronta para outra. Ele era maravilhoso para mim, mas resolveu me trocar por outra...

EPAMINONDAS – Quanto tempo faz que você terminou? Sim, porque eu, até hoje penso na minha ex. Não consigo ficar com alguém sem comparar com ela antes....

LUCILA de saco cheio – Fazem 8 meses que terminamos...

EPAMINONDAS indignado – O que???? Sóóó isso???? E você diz que já está pronta para outra? Nooooossssaaa!!! Fazem 2 anos que eu terminei com minha ex e ainda não superei.


Lucila ficou realmente espantada com a sinceridade da criatura que estava a sua frente. A sinceridade era tão grande que Lucila poderia até mesmo perdoá-lo por estar sendo extremamente chato naquele momento. Por ter esse sentimento no peito, então abrandou seus ânimos e respondeu:


LUCILA – Pois é, Epa, eu não vivo do passado. Sou assim! Olho para frente.


Epaminondas resolveu não querer mais saber da vida da moça e calou-se.


Na cabeça de Lucila passava “Meu Deus que cara sem noção! Ele ta falando isso na maior naturalidade ainda! Coitado...”

Terminaram de jantar e então Epaminondas convidou Lucila para ir ao encontro de alguns amigos. Lucila aceitou, já que seu destino era mesmo sua casa...


As nove e meia da noite chegaram no boteco e para uma mesa forrada de homens Epaminondas apresenta sua nova amiga Lucila. Sentaram-se em uma das pontas da mesa, onde estrategicamente Lucila ficaria isolada. E assim aconteceu. O maior dos papos futebolísticos rolando na mesa, e Lucila só pensava: “que diabos estou fazendo aqui”.


Mais um drink, e mais outro drink, e de repente a mesa começou a passar pela fase da “espreita”, onde parece que a qualquer momento a próxima fêmea que passar a menos de 5 metros da mesa será atacada. E Lucila ali, isolada, pensativa e com uma vontade louca de esganar Epaminondas.


No momento em que decidiu finalmente levantar e ir embora, Epaminondas fecha aquela noite com chave de ouro!


Epaminondas cutuca Lucila com o cotovelo e diz: “Olha aquela loira gostooooosaaaa ali.”



Em um impulso incontrolável Lucila levanta-se e vai embora sem se despedir. Ao chegar no seu carro solta uma gargalhada zombeteira de si mesma e promete em voz alta que nunca mais vai cair no conto do encontro às escuras.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

ENCONTRO ÀS ESCURAS - Parte I

Finalmente uma conclusão! Lucila descobriu que estava enjoada dos mesmos papos, dos mesmos problemas, das mesmas histórias, dos mesmos defeitos e das mesmas qualidades. Qualidades? Eu disse qualidade? Desde quando os rolos de Lucila tinham qualidades? Ok, ok! Vamos pular essa parte.


A verdade é que estava na hora de renovar a agenda. Lucila sabia que nada daquela mesmice mudaria se ela mesma não mudasse de ares. Resolveu então tentar.


Trabalhava em um escritório agitado, onde não tinha tempo de respirar, mas sempre arranjava tempo para mandar e-mail para Eduardo, seu colega de trabalho (diga-se de passagem “que colega”), reclamando da sua vida amorosa na esperança que ele se comovesse e enfim desse um “jeito” no problema.


O jeito esperado é aquele que toda mulher almeja, ou seja, recheado de frases melosas e apaixonadas, beijos e abraços, e claro, a ligação do dia seguinte.


Naquela ocasião Lucila suava frio. Achava que tinha forçado a barra com o amigo Eduardo. Nunca na vida tinha dado tanto mole para alguém via e-mail. E-mail este que continha a seguintes frases: “Cansei dessa vida Edu. Sério mesmo! To me sentindo muito sozinha, ainda mais nesse frio! E nem um cobertor de orelha pra me esquentar! Bla bla bla...”


Olhava impaciente sua caixa de entrada esperando uma resposta que contivesse “eu me habilito”. Finalmente um e-mail chegou!


De Eduardo para Lucila:

“Pois é Lu. A vida ta difícil para todo mundo. Ainda bem que eu estou namorando agora, e estou super feliz. Estou pensando até mesmo em noivar! Da pra acreditar? Só pra você ter uma idéia, não são só as mulheres que eu tenho visto reclamar dessa vida, os homens também. Tenho um amigo, gente finíssima, que ta solteiro a um tempão, e ele mesmo me diz que a mulherada não quer nada com nada...bla bla bla... Pô! Ta ai! Vou te apresentar ele !”


Lucila suspirou e começou a tentar entender o e-mail. Fechou os olhos e imaginou a resposta perfeita: “Edu! Realmente não da pra acreditar que você vai noivar e nem deu bola para meu mole total! #@$!xMNh!Que mané amigo o que!Esse negócio de amigo encalhado é a maior furada!O cara deve ser um horroroso com mal hálito!Eu quero é que você de um jeito nessa minha carência, seu besta!”


E então escreveu: “Edu, esse negócio de apresentar amigo nunca da muito certo, mas se ele pedir meu e-mail... pode passar.”


Eduardo animado com a resposta da amiga, respondeu prontamente a solicitação do ultimo e-mail. Mais que depressa escreveu para o tal do amigo contando que tinha uma amiga que estava desesperada, na seca, e que precisava conhecer alguém. Obviamente que isso ele não contou para Lucila.


De Eduardo para Lucila: “É pra já!”


Lucila nem deu bola, pois já estava acostumada com os foras que levava e que costumavam ser tão freqüentes quanto aos que ela dava.

Dia seguinte, um e-mail desconhecido em sua caixa de entrada. De Epaminondas para Lucila. Lucila pensou: “Tomara que não seja esse o tal do amigo, senão já começou com uns pontos negativos”. Abriu o e-mail, e lá estava a resposta para o ponto de interrogação que se formara.

“Olá Lucila, sou amigo do Eduardo. Ele falou tanto de você que eu resolvi pedir seu e-mail. Espero que não se importe. Bla bla bla bla...”


Sem grandes pretensões, Lucila alimentou aquele papo furado sem se preocupar em saber como aquela história acabaria. Essa troca de e-mails durou uma semana, até que o “Epa” resolveu convidá-la para sair.


De Epaminondas para Lucila: “Oi Lu, então, que tal a gente fazer alguma coisa hoje?”


Continua...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Errata

"PORQUEP" do conto que acabei de escrever na verdade é PQP (fiz substituição de todos os pq por porque e não li depois)... Sorry ;-)

A VINGANÇA DA PIPOQUEIRA - PARTE II (final)

No quinto dia que Mike ignorava completamente Lucila, ela escreveu a seguinte mensagem: “Mike, pelo menos diga se está vivo. Estou preocupada que tenha acontecido algo.”. Foi então que Mike deu sinal de vida e pediu que Lucila ligasse no dia seguinte.

Lucila ligou no dia seguinte, Mike atendeu. Antes de mais nada Lucila disse que o email foi impensado e que ela se arrependia de botar tanta pressão, mas que era o que estava sentindo no momento. Mike, como sempre, a tratou muito bem, disse que ela estava certa em muitas coisas que escreveu e que a viagem do feriado sequer estava confirmada (mentira, mas Lucila acreditou!!!). E com toda a sua lábia conseguiu descolar uma despedida com Lucila antes de viajar.

Lucila então se conformou em esperar por Mike, percebeu que as coisas não eram mais a mesma coisa depois do email e também acabou combinando uma viagem para o mesmo feriado (aquele que originou toda a confusão) com suas amigas, já que estaria sem Mike.

O tempo passou, Mike voltou da viagem de trabalho e logo em seguida veio o feriado. Mike foi pra um lado, Lucila pra outro.

Mike ficou sem dar notícias todos os quatro dias. Lucila foi pra casa de uma amiga sua no interior, com mais 4 amigas. E acabou conhecendo um amigo de uma de suas amigas, Cristiano. Uma baladinha pra cá, outra pra lá, e Lucila acabou ficando com Cristiano no último dia do feriado. E como estava meio borocoxô por causa de Mike, fez um bem enorme a Lucila ter beijado o amigo de sua amiga.

Depois do retorno da viagem, Cristiano não perdeu o contato com Lucila, trocaram telefone, se telefonaram, saíram outras vezes, ficaram... até que um belo dia Mike resolveu ligar pra Lucila. Bem num dia que Lucila estava com Cristiano. Lucila ignorou a chamada. Uma, duas, três vezes. Até que desligou o celular.

Lucila sentiu um prazer indescritível em ignorar Mike... como era bom estar do outro lado... E passou a ignorar Mike por vários outros dias. Nossa, como era bom!!!! Pagar na mesma moeda!!! Mike, que era tudo de bom e não estava acostumando a ser ignorado (apenas a ignorar), não desistiu, até que desbloqueou Lucila no msn e não teve como ela fugir da conversa com Mike.

Mike: Vai me ignorar pra sempre?
Lucila: Oi, Mike, só um minuto.

Dez minutos depois:

Lucila: Oi, Mike, td bem?
Mike: Tudo e você, Lulu?
Lucila: Tudo bem também.
Mike: E aí, vai me contar o que aconteceu? Posso saber porque você está me ignorando?
Lucila: Na verdade, Mike, estou muito confusa e não sei o que te falar.
Mike: Porque?? Confusa porque?
Lucila: Porque aconteceu algo muito assustador comigo e eu não sabia se te contava ou não.
Mike: O que aconteceu, Lulu??
Lucila: Lembra da nossa despedida, que você insistiu em transar sem camisinha?
Mike: Ta...
Lucila: Então... minha menstruação atrasou, eu senti tonturas... e eu achei que estivesse grávida...

Mike parou de falar. Lucila achou q ele tinha tido em enfarte. Mas quinze minutos depois ele apresentou sinal de vida:

Mike: PORQUEP, LUCILA!!!!!
Lucila: Porquep, o q? Porquep eu que passei o feriado todo preocupada, desesperada achando que estava com o mini Mike na barriga...
Mike: Você tinha que ter me contado!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Lucila: Contar sem ter certeza??? Nananinanão... Mas não era nada, querido... pra nossa sorte. Entendeu agora o motivo do meu sumiço??
Mike: Entendi. Mas você tinha que ter me contado.
Lucila: Não queria preocupar você.
Mike: Ta, então vamos nos encontrar pessoalmente pra conversar.
Lucila: Ah, não sei...
Mike: Não sabe??? Como assim???
Lucila: Não sei se é uma boa... depois deste susto, ando mais pensativa, não acho certo levarmos uma relação que não vai dar em nada... Por enquanto prefiro ficar no meu canto...
Muita insistência de um lado e muita resistência de outro depois, Mike aceitou (mas não entendeu) o fora que estava levando... E Lucila sentiu-se ótima em dar um susto em Mike.
E esse foi o final do romance de Mike e Lucila.
(fim)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A VINGANÇA DA PIPOQUEIRA - PARTE I

Até que enfim parecia que Lucila estava tendo um relacionamento relativamente estável. Após o término definitivo do seu namoro com Rafael e depois do término do namoro de seu rolo antigo Michel, eles se reencontraram e estavam ficandinho. Lucila e Michel se davam bem, se conheciam há milhares de anos e o clima entre eles era de namoro antigo... Nada muito emocionante, mas estavam se vendo com uma freqüência de média a alta, o que já era suficiente pra Lucila pensar em namorar sério. O que obviamente não acontecia com Michel, que aparentemente queria curtir a vida e ter um “comes” garantido para os momentos de solidão. Mas Lucila não enxergava desta maneira, achava que era a mulher da vida de Mike (como ela o chamava) e ele o homem da vida dela. Sim!! Estava apaixonada, na medida do possível, já que Mike não lhe dava muitos indícios de corresponder a essa paixão.

Eis que numa bela noite, Mike levou Lucila para um jantar super romântico no mcdonalds, depois um motelzinho básico, onde Mike deu a notícia que iria viajar a trabalho ao exterior durante dois meses. Lucila ficou triste. Mike, mais romântico do que o normal, pediu que Lucila prometesse que esperaria por ele enquanto ele estivesse fora. Lucila, achando o máximo e que aquilo significava início de compromisso de pronto aceitou e disse que esperaria com muito gosto seu amado voltar de viagem.

Aquilo era muito romântico. Mas Lucila achou bom demais pra ser verdade (Mike era um cafa daqueles!) e tentou por muitos dias achar uma sarna pra se coçar. Fez isso fuçando a vida de Mike pelos meios que pudesse. Vasculhando seu telefone celular quando ele ia ao banheiro, tentando entender as conversas que ele tinha no telefone e através do mais vasto compêndio de informações pessoais disponível no momento: o orkut.

E foi através o orkut que Lucila descobriu que Mike planejava uma viagem para um feriado logo quando chegasse da viagem de trabalho. Uma viagem com um grupo de amigos e amigas (isso mesmo!!! AMIGAS!!!!) que não incluía Lucila. A casa já estava alugada e tudo!!!! Lucila ficou muito, mas muito enraivecida.... “Quem ele pensa que é pra achar que eu vou ficar esperando por ele nessas condições??? Não vou ficar sentadinha e comportada esperando ele voltar. Vou ter que tomar uma atitude”.

E num ato reflexo e impensado, Lucila coloca os dedinhos pra funcionar e escreve um email enoooooorme para Mike, dizendo tudo que ela pensava. Dizendo que achava que eles eram mais que meros ficantes, que fuçou no orkut e descobriu sobre a viagem, perguntando como ele fez isso se pediu pra ela espera-lo, e blá, blá, blá!!! Sem titubear e sem pedir aprovação de nenhuma amiga, clicou no “enviar”. Ao mesmo tempo, ligou pra Mike e disse pra ele ler um email que ela mandou assim que pudesse. Mike disse que sabia que aí tinha, que quando Lucila preferia escrever a falar, era bomba na certa. Mas Lucila pediu que Mike lesse para depois conversar.

Lucila calculou os minutos (uns 45) que Mike levaria para ler o email dela e a partir daí começou a surtar... Passaram-se 5, 10, 40 minutos... e nada de Mike chamar Lucila. Uma hora, duas horas... a tarde toda!!!! E nada!!!!! Mike estranhamente aparecia com status ausente no msn. Até que no fim da tarde Lucila não se agüentou e chamou Mike. Mas ele não respondeu.

E foi assim por vários dias. Mike ficou offline a partir do segundo dia. Lucila estava absolutamente arrependida de ter estragado tudo e mandado o email, mas não cansava em tentar contato com Mike. Mandou e-mail, msg no celular, frase no msn... e nada de Mike.

(continua)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A MEIA DA SORTE

Esses dias minha mãe veio me perguntar se podia jogar fora uma meia minha, pois estava velha e furada... Olhei praquela meia e me vieram tantas lembranças...
Eu tinha esta meia desde que eu estava na faculdade (olha que meia boa, durou tanto tempo), era listrada, super colorida (verde, rosa e amarela) e tinha um poder mágico. Toda vez que eu colocava a bendita meia eu beijava alguém!!
Era incrível... às vezes eu desafiava aquele poder, colocava a meia em plena segunda-feira ou num dia que eu tinha certeza que não ia rolar nada com ninguém... mas a meia insistia em querer provar que era mais forte que a minha vontade, acabava pintando um programa e pimba, lá estava eu me dando bem.
Com o tempo, à medida em que fui percebendo que cada vez que eu ficava com alguém eu estava com a meia e comecei a realmente acreditar que aquilo não era uma simples coincidência, passei a respeitar aquela meia e os poderes dela, por mais estranho que isso possa parecer. Ela me fazia uma mulher mais bonita e mais segura.
Contei às minhas amigas sobre os poderes da meia, e elas não acreditavam... mas cada vez q eu me dava bem, elas faziam um sinal pra eu mostrar a meia e entre um amasso e outro eu puxava a calça um pouquinho e lá estava ela nos meus pés... Os meus acompanhantes é que não entendiam nada... achavam que era um código, sei lá...
Até que um dia comecei a namorar... passei a não dar mais tanta atenção àquela peça de vestuário, pois eu estava sempre garantida, não precisava mais da meia pra me dar bem. A meia ficou lá esquecida, sendo usada esporadicamente, como se fosse uma meia comum. Acho que ela entrou em depressão e acabou perdendo os poderes, pois depois que terminei meu namoro, 4 anos depois, tentei resgatar seus poderes mágicos, mas a meia nunca mais deu resultado... coitadinha...
Por isso hesitei um pouco com a indagação da minha mãe... mas deixei jogá-la fora... Passei a acreditar mais no meu taco!!
(Obs.: este pequeno texto não foi escrito na forma de conto, mas acho que está dentro da temática e do perfil, bem como do espírito deste blog)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O MANÉ

Mau humor. Qualquer um que olhasse pra cara dela naquela manhã saberia que Lucila não estava nos seus melhores dias. Os motivos eram vários. Era segunda feira. O chuveiro não esquentou. Estava de TPM. A internet não estava funcionando. Plutão não era mais planeta. O que mais podia acontecer???

Enfim, Lucila não tinha outra opção senão trabalhar em silêncio, rezando pra que nenhuma alma viva cruzasse o seu caminho. Até que teve que ir fazer umas fotocópias (PQP!!!!) e teve que sair do escritório. A porta do seu escritório dava de frente para um outro escritório.

Quando Lucila saiu do seu escritório escutou um comentário:

- Quando é que você vai almoçar comigo???

“Ai, não!!!”, pensou Lucila. “Tudo que eu precisava hoje era que o mané do escritório da frente me convidasse pra almoçar... PQP..., vou mandar ele praquele lugar”. Mas Lucila se conteve e conseguiu dar uma resposta educada, automática, sem olhar pra trás, nem parar de andar:

- Quando você me convidar!

E passou.
O cara do escritório da frente era o protótipo do mané. Quando inventaram essa expressão, com certeza inspiraram-se em alguém como o mané do escritório da frente. Ele encarnava a manezice como ninguém. Óculos fundo de garrafa, espinhento, inteligente e chato. Muuuuuuuuuuito chato. Ninguém gostava do coitado.

Lucila foi até a papelaria, fez as fotocópias e voltou ao escritório, rezando pra não encontrar o mané pela frente. Não encontrou. “Ufa”. Voltou a curtir seu mau humor sozinha, ligou o piloto automático e trabalhou em silêncio durante o resto da manhã.

Até que bem perto do meio dia o colega de trabalho de Lucila, Alexandre (um gostoso, moreno, alto e olhos claros... mas casado) avisou que tinha ligação pra Lucila.

Lucila – Alôô.

A voz do outro lado da linha respondeu: “Oi, Lucila, aqui é o José Carlos, do escritório da frente”

Lucila pensa: “Caraca, quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece!!!”. Já sabia o que vinha pela frente... Tentou manter a cordialidade:

Lucila – Oi, José Carlos.
Mané – Então, estou te ligando para convidá-la formalmente a almoçar comigo hoje.
Lucila (ela não tinha condições de ir almoçar com aquela criatura naquele dia... até poderia fazer uma boa ação num outro dia, mas aquele dia em especial ela não queria nem trocar duas palavras com ninguém. Muito menos com o mané do escritório da frente. Resolveu ser um pouco sincera) – Ai, José Carlos, muito obrigada pelo convite, mas infelizmente não vou poder ir almoçar com você hoje, estou morrendo de dor de cabeça.
Mané – Puxa, estimo melhoras.
Lucila (“Estimo melhoras???? Quem na face da terra fala ‘estimo melhoras’... Ninguém, só poderia ser esse mané aí mesmo... afff”) – Obrigada.
Mane – Um beijo.
Lucila (Como assim um beijo??? Que intimidade é essa???) – Tchau.

Após o telefonema, o mau humor de Lucila só aumentou... Trabalhou em silêncio a tarde toda.

No dia seguinte, Lucila estava um pouco menos mal humorada... nada do mané... ainda bem!!! Lucila definitivamente tinha implicado com o coitado do rapaz.

Contudo, no final do dia, Lucila teve uma surpresa, não muito agradável. Era o cúmulo da manezice, a confirmação de que realmente o cara era um nerd nato. Recebeu uma correspondência, quando abriu o envelope, uma surpresa: era a imitação fiel de uma intimação judicial, inclusive com os carimbos e demais formalidades e carimbo oficial (sabe-se-lá como foi arranjado), “intimando” Lucila pra ir almoçar com o Mané do escritório da frente no dia seguinte!!

Aquilo foi demais. Lucila não era uma pessoa ruim. Mas aquilo era demais!!! No ato, pegou o telefone e contou a mentira mais cabeluda que veio à sua cabeça, disse que era casada e tralalá...

Logo José Carlos passou num concurso público e Lucila nunca mais teve que olhar pra cara dele.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

MENSAGENS - Parte II (final)

Tomaram algumas cervejas e Lucila começou a estranhar que Juliana não ligava... O normal era Ju ter ligado logo que recebeu a mensagem. Lucila então não agüentou e ligou pra Juliana.

Juliana – Oi, Luci.
Lucila – Oi Ju. Recebeu minha mensagem?
Juliana – Que mensagem?
Lucila – Essas operadoras de celular são uma b... mesmo... Guria, estouaquinotacoencontreiotinhomaselenemolhounaminhacaraedepoiseuligueinoceludeleeelenaoatendeudepropósitoe....
Juliana – Calma, Luci... me conte com calma....

Depois de tudo explicado com calma, Juliana falou:
- Lúci, o Tinho é esquisito mesmo... nem sei o que te falar. Mas acho que ele não deve ter visto você mesmo... Aproveita aí com a Clara, preciso desligar. Viu, mas a mensagem não chegou mesmo...

Lúci vai ao banheiro, e, quando está lavando a mão, tem uma idéia maluca... mas muito desconfortável... “E se eu mandei a mensagem pra pessoa errada???”. Lucila precisava verificar isso... Apenas e tão somente Juliana e Clara poderiam ficar sabendo do teor daquela mensagem. Lucila não agüentaria se mais uma pessoa soubesse que ela foi ignorada por Tinho!!! Voltou correndo à mesa. Olhou no celular e jogou-o em cima da mesa....

Clara – O que foi Lúci??? O que aconteceu??
Lucila – Guriaaaaaaaaaaaa, mandei a mensagem pra pessoa errada.
Clara – Pra quem?
Lucila – Pro Tinho!!!!

Clara não conseguiu se segurar e começou a rir... enquanto isso, Lucila começou a ligar pra Tinho, desesperadamente, como se adiantasse alguma coisa, como se ela pedisse pra ele apagar a mensagem sem ler, ele fizesse mesmo isso.

Lucila ligou 17 vezes no celular de Tinho... afinal, já estava tudo perdido mesmo... Na 18ª vez, ele atendeu.

Lucila – Oi, Tinho.
Tinho – Oi, Luci.
Lucila – Tinho, pelamordedeus, você recebeu uma mensagem minha?
Tinho – Não. Nenhuma.
Lucila – Ta, mas se você receber, não leia, ta?
Tinho – Ahahahahahah...
Lucila – É sério, Tinho!!! Não leia.
Tinho – Ahahahahahah...
Lucila – Tinho, prestenção, é sério...
Tinho – Lúci, não tenho como te prometer isso... Se você mandou uma mensagem no meu celu, eu vou ter que ler. Ainda mais agora, estou curiosíssimo!!!
Lucila - Tinho, a mensagem não era pra você. Era pra Ju. E o pior: era SOBRE você. Ta, vou ter que te contar então... aiaiai, que situação... Você estava no Taco hoje?
Tinho – Estava sim, como você sabe?
Lucila – É que eu estou aqui... e vi você.
Tinho – E não foi falar comigo porque?
Lucila – Ai, é que eu achei que você tinha me visto e não veio falar comigo pq não quis.
Tinho – Imagina... porque eu não falaria com você? Eu estava aí com um cara da minha empresa... teria ficado mais se tivesse visto você.
Lucila (pensando que a essa hora o cara já estava pensando que ela era uma louca desvairada e que nunca mais o beijaria, mas não restava outra solução senão explicar o ocorrido) – Então, daí você saiu sem falar comigo e eu liguei no seu celular, mas aí você não me atendeu.
Tinho – Lúci, meu celular só tocou agora... Aliás, tinha outras chamadas suas quando eu atendi essa sua ligação, pois eu estava tomando banho, mas antes disso meu celular não tocou.
Lucila (muito constrangida e em processo de autoflagelação) – Então Tinho... eu achei que você tivesse me visto, não quis falar comigo e depois ainda não quis me atender.
Tinho – Imagina, Luci... porque eu faria isso?? E o que isso tem a ver com a mensagem?
Lucila – Então, eu estava possessa e escrevi uma mensagem pra Ju, mas acabei enviando errado pra você!
Tinho – Ahahahahahahah. E o que você escreveu na mensagem que está tão preocupada?
Lucila – Hmm... meio que falei mal de você...
Tinho – Hahahahahahah. Lúci, olha só... não se preocupe... a mensagem não chegou ainda... mas certamente está demorando porque as nossas operadoras são diferentes. Logo ela deve chegar, mas não se preocupe. Nada muda entre nós, Ta?
Lucila – Hmmm... tá... Desculpa, Tinho...
Tinho – Sem problemas, nos falamos amanhã.

Lucila desliga o telefone... muuuito envergonhada... Toma mais uma cerveja com Clara. Dali a pouco chega uma mensagem de Tinho no seu celular:

“Recebi a sua mensagem. Só pra esclarecer, eu não vi você no bar e meu celular não tocou quando eu saí daí. Cuidado com as mensagens, elas ainda podem colocar você numa fria”.
Lucila deu uma risada de leve. Mas ainda achava que Tinho não quis atender a ligação dela... E foi assim que Lucila perdeu mais um gatinho.
(Fim)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

MENSAGENS - Parte I

Lucila estava numa boa fase. Depois de quase se afundar num poço sem fundo depois de seu último romance, conseguiu se reerguer e estava tendo um saudável affair com o misterioso Tinho.

Embora fosse primo de Juliana, esta nada ou quase nada sabia sobre o cara, que sempre foi muito misterioso e levava uma vida dupla: workaholic ao extremo e boêmio inveterado... Ao mesmo tempo!!! O cara simplesmente não dormia! Quando não ficava até altas horas no trabalho, estava na balada. Ou em algum outro local que não a sua casa nem o trabalho.

Tinho, além de misterioso, era cercado de coisas esquisitas. Era magro, mas já tinha sido gordinho e por isso ainda achava que era gordo, assim sempre usava roupas esquisitas, meio largas... Ao mesmo tempo era extremamente preocupado com a sua aparência e ainda por cima tinha um cachorrinho bichon frisé.... hmmm... Além disso, Lucila tinha conhecido Tinho num evento nada convencional para conhecer gatinhos: num velório! Afinal, Juliana não podia perder a oportunidade de apresentar o seu ÚNICO primo bonito à sua melhor amiga, e tentar salvá-la daquela fase deprê.

Tudo isso levantava altas suspeitas sobre a verdadeira personalidade do primo misterioso... Seria ele vampiro?? Mulherengo?? Tinha uma amante velha e rica?? Seria gay??

Bom, de qualquer modo, as coisas estavam indo muito bem. Estavam bem na fase quando tudo é lindo, mensaginhas bonitinhas pra cá, emailzinhos pra lá... telefonemas no meio da tarde... Tudo super água com açúcar, mas era o que Lucila precisava pra levantar seu ego.

E esse chove não molha estava sendo ótimo, pois ao mesmo tempo em que estava neste clima de romance, podia sair com as suas amigas e não precisava dar satisfações a ninguém.

Eis que numa noite dessas de baladinhas lights com as amigas e que Juliana não podia sair, Lucila saiu despretensioamente com Clara, afinal precisam comentar sobre a história que denominavam “episódio primo da Ju”. Foram num bar super tradicional, e quando entram Lucila dá de cara com Tinho, sentado numa mesa com mais um cara (seria ele o amante gay?).

Lucila – Clara!
Clara – o que foi?
Lucila – Guriaaaa, o Tinho tá aí!!!!
Clara – Que Tinho sua doida?
Lucila – O primo da Ju q eu to pegando... que ta me pegando... ou vice-versa.. tanto faz... ai e agora?
Clara – Guria aondeeeee? Me mostra que eu quero vê-lo, afinal não o conheço ainda.
Lucila – Cala boca sua louca... ele vai ver que estamos falando dele! Ele tá ali... exatamente ali (apontando com o nariz para a mesa de Tinho já que não podia fazer um escândalo no meio do bar, senão ele a veria com certeza absoluta).
Clara – vai lá falar com ele!
Lucila – Ta louca? Deixa ele me ver...

Lucila então resolveu que não ia falar com ele... Afinal, ele que TINHA que ir falar com ela. Não que tivesse algum problema... Era puro orgulho mesmo.

Enquanto elas esperavam por uma mesa, Lucila posiciona-se de costas (seu melhor ângulo) para a mesa de Tinho, com o intuito que este a visse e fosse falar com ela. Clara concordou que mais cedo ou mais tarde ele a veria e iria falar com ela.

Clara ia narrando todos os movimentos da mesa de Tinho, já que Lucila estava de costas. “Agora, eles estão comendo... acho que estão comendo nachos... e estão tomando cerveja...”. “Agora o amante gay do Tinho levantou-se e foi ao banheiro... pelo menos não foram ao banheiro juntos, né??”. Agora Tinho pediu a conta ao garçom...”. “Agora o amante gay voltou à mesa... Tinho está conversando com ele e gesticulando a mão direita...” O garçom trouxe a conta”. Ele ainda não olhou pra cá”. “Hmmm... eles estão dividindo a conta... pelo menos quando ele sai com você ele paga a conta inteirinha, né??? Um pra você e zero pro amante gay”. “Lucila , eles estão levantando... deixa eu disfarçar... vão passar exatamente aqui e ele vai te ver... SE PREPARA!!!”.

E então as duas disfarçaram, ambas olharam pro outro lado. E quando olharam de novo, Tinho já tinha saído... sem falar com Lucila!!!!! As duas concordaram que era muito difícil (na verdade quase impossível) que Tinho não tivesse visto Lucila, pois passou exatamente ao seu lado... Mas ficaram na dúvida, pois nenhuma das duas estava olhando pro lado dele quando ele passou.

Por coincidência, elas foram colocadas na mesa que estavam Tinho e o desconhecido. Lucila acaba se arrependendo de não ter ido falar com ele, mas agora já era tarde... Resolve ligar pra ele e perguntar se ele não tinha visto ela e Clara no bar.

Ligou, mas deu uns dois toques e caiu na caixa postal. “Droga”. Ligou outra vez. Mesma coisa, dois toques e caixa postal. Isso significava que Tinho via que Lucila estava ligando, mas ignorava chamada. “DROGA, DROGA, DROGA!!!”.

Lucila detestava ser ignorada. Era a pior coisa que alguém podia fazer com ela. Ela ficava simplesmente fora de si quando era ignorada!!!

“MIL VEZES PQP. Quem esse Tinho pensa que é pra me ignorar deste jeito??? Passar por mim, não falar comigo e ainda não atender minha chamada???? Estou com muito ódio dele, ele vai ver só...”.

Enquanto Lucila tinha esses pensamentos negativos sobre Tinho, escrevia uma mensagem de texto pra Juliana. “A Juliana tem que saber o que o priminho misterioso dela aprontou!!! Esse Tinho vai ver só uma coisa, quem vai ignorar quem...”.

E mandou a mensagem que escrevia enquanto resmungava sua ira contra Tinho.

Escreveu em letras garrafais para a Ju: “Guria, você não vai acreditar. Encontrei o Tinho-Babaca, ele passou por mim e não me cumprimentou. E depois eu liguei pra ele, o cel dele estava ligado, mas ele não me atendeu, acredita???? Estou p... da cara! Esse seu primo é muito babaca...”.

“Mensagem enviada”. Lucila sentiu-se bem mais aliviada depois que mandou a mensagem. Aí sim pôde saborear de verdade a cerveja junto com Clara.
(continua)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

MERDA - Parte II (final)

Até que Lucila sentiu alguém puxar seu braço, tirando-a pra dançar. Lucila nem olhou pra cara do ser que estava convidando-a pra dançar e foi curta e grossa: “Estou ruim e não sei dançar”. Mas o cearense não desistiu, falou qualquer coisa pra Lucila e quando ela virou pra falar umas verdades praquele cearensezinho de meia tigela, reparou que ele era bonitinho. Muito bonitinho por sinal!!! Cara, ele era o seu número!!! Lucila não acreditava que tinha encontrado um cara tão interessante num forró em Fortaleza. E claro, não podia perder a oportunidade de conhecer aquele lindo!!!

E logicamente foi dançar com o carinha. Lucila inclusive conseguiu conversar enquanto dançava, o que era inimaginável, pois sempre dizia que não conseguia fazer duas coisas ao mesmo tempo. Descobriu que ele se chamava Rubens, que tinha 32 anos, era empresário, solteiro... enfim, tudo de bom!!!

Ju e Clara logo viram que o papo ali ia longe e que tinha rolado um clima forte entre Lucila e o carinha... fingiram que estavam passando mal (aliás, nem precisaram fingir muito) e foram pro hotel.

Lucila dançou e conversou muito, entre uma ida no banheiro e outra. Trocaram telefone, email, etc. Até que resolveu ir embora e logo aceitou carona de seu novo “amigo” até o hotel.

E então, quando os dois entraram no carro, veio aquele cheiro insuportável de merda... Silêncio constrangedor... Lucila não sabia de onde vinha aquele mal cheiro... não sabia o que pensar... “Será que o Rubens se cagou?”... “Será que eu não to me sentindo mais e me caguei...?”. Aquilo era muito constrangedor e anti-romântico. Lucila sabia que o cara também estava sentindo aquele cheiro... e o cara também sabia que Lucila estava mal, pois a primeira frase que Lucila tinha falado era que “estava ruim” e ele deveria ter presumido o que Lucila tinha pelas idas freqüentes dela ao banheiro. “Meu Deus, nunca passei por uma situação mais constrangedora na minha vida... o carinha mais bonito da balada vai me levar embora, mas pensa que eu estou cagada, literalmente!!!”. Lucila nem se mexe. Mas Rubens tenta puxar papo com ela e ela mal responde.

Rubens pára o carro na frente do hotel, sabe-se-lá se com segundas intenções de beijar Lucila ou querendo que ela descesse logo do carro pra ele poder respirar um ar puro... Lucila então agradece, dá um beijo no rosto de Rubens e “voa” pro hotel.

No caminho, percebe que o cheiro ia com ela... até que descobre algo revelador: um cocô de cachorro amassado na sola de sua sandália. Lucila não acreditava!!!! Era aquilo que estava fedendo dentro do carro!!! Maldito cachorro!!!!

Lucila não se conformava que tinha perdido a chance de ficar com aquele gatinho por causa de um maldito cocô de cachorro!!! Lucila então passou a odiar todos os cachorros do mundo naquele momento. Chegou ao quarto quase chorando e logo contou às amigas o que tinha acontecido, maldizendo toda a merda do mundo, de gente e de cachorro, que só tinha dado azar a ela naquela viagem...
Só que pra surpresa de Lucila, logo chegou uma mensagem do gatinho novo no seu celular: “Adorei te conhecer. Espero que a gente possa se reencontrar em Curitiba em breve”. E então toda a revolta de Lucila passou... até lembrou de que tinha ouvido uma vez de que merda traz sorte. Será que traria sorte pra Lucila??
(fim)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

MERDA - Parte I

Até que enfim Lucila teve as merecidas férias!!! Depois de trabalhar dois anos sem tirar férias, finalmente ia viajar. Tinha planejado tudo nos mínimos detalhes com Juliana e Clara. Iam pra Fortaleza. Pena que as amigas de Lucila só conseguiram emendar um feriado, não conseguiram mais tempo... Mas o que importava é que as três finalmente iam viajar juntas e aproveitar muuuito. Quatro dias em Fortaleza era o suficiente pra Lucila descansar o corpo e a mente...

Ao desembarcar em Fortaleza, Lucila sentiu-se mal, um leve enjôo... Não sabia dizer bem se era o calor, se era algo que ela tinha comido... enfim... resolveu não se preocupar, pois era impossível estar grávida, já que não namorava há muito tempo. Contudo, enquanto esperava sua bagagem, Lucila começou a sentir uma cólica... não cólica menstrual. Dor de barriga mesmo. De repente, Lucila começa a suar... suas mãos ficam geladas... uma moleza incontrolável... E Lucila tem a sensação que tem um alien dentro de sua barriga. Lucila sai correndo à procura de um banheiro, desesperadamente...

Lucila então vê o símbolo universal do banheiro feminino, só que fica do outro lado do saguão, longe pra caramba... Lucila tenta então correr o mais rápido possível naquela direção, mas não sabe se vai dar tempo... Sua impressão é que está correndo em câmera lenta e tem medo que não dê tempo de chegar ao banheiro. Lucila corre, e o alien se mexe cada vez mais na sua barriga, neste momento nossa heroína já está pingando de suor... até que alcança o banheiro, no último segundo do limite “segurável”, já com a calça desabotoada e senta no primeiro vaso que enxerga... ufa!!!! Deu tempo!!!!

Depois de descansar por uns dois minutos daquilo tudo, sente uma sensação indescritivelmente boa de “descarregar”... Lucila percebe o que está acontecendo... “Estou com caganeira na minha única viagem em dois anos... e só vou ficar 4 dias!!! Ninguém merece!!!!”.

Lucila lava o rosto e, quando está saindo do banheiro pra finalmente pegar sua bagagem, vê Ju e Clara correrem na direção do banheiro, ambas pálidas e com cara de desespero. Conclusão: as três estavam com caganeira!!!!

O clima não era dos melhores quando as três amigas chegaram ao hotel. As três com uma baita diarréia, e o que era pior: estavam com febre!! O primeiro dia foi só dentro do quarto... e se comunicavam com o mundo exterior através do telefone... pediram comida (leve) pelo telefone... pediram remédio pelo telefone... pediram água pelo telefone (pois precisavam se hidratar)... pediram até alguns rolos adicionais de papel higiênico... As três não acreditavam que aquilo estava acontecendo...

Os outros dias que passaram as amigas arriscaram sair do quarto pra conhecer a cidade... Embora a diarréia continuasse, a febre passou. Tomaram o cuidado, no entanto, de escolher apenas locais com banheiros, pois não se sabia a hora que os “aliens” iam se manifestar. Conheceram as praias, arriscaram até ir no beach park... mas em todos os locais que iam, o banheiro era o local mais freqüentado... e à noite elas ficavam indispostas, sem ânimo de sair na balada cearense. Acabavam dormindo.

Até que na última noite em Fortaleza, Lucila se revoltou!!! Não se conformava em não ter saído uma noite sequer!!! Arranjou ânimo não sei da onde e persuadiu as duas amigas a se produzir e sair. E lá foram as três amigas rumo à boate mais bacana de Fortaleza. Um banheiro era tudo o que precisavam e certamente havia banheiro na boate. Mas a sorte definitivamente não estava do lado delas, pois a boate estava fechada... e foi então que o taxista sugeriu um típico programa cearense: um bom forró!!

As três não se animaram muito... mas como era a última noite e já que elas estavam arrumadas, resolveram ver qual era a deste forró. E lá devia ter um banheiro, logicamente. Sentaram-se numa mesa, cada uma com uma cara pior do que a da outra. E dá-lhe água...
(continua)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O DEUS GREGO - parte II (final)

No meio de uma história louca da tia bizarra, Lucila pediu licença, levantou-se e foi até o bar buscar um cinzeiro, quando de repente o cara do megafone começa a interagir com Lucila:

Cara do megafone – Atenção, loira!!!

Lucila olha em direção ao cara do megafone, imóvel. Perguntava-se mentalmente se ela era a “loira” que o mala estava chamando, mas não avistou nenhuma outra num raio de cem metros

Cara do megafone – Você mesma com o cinzeiro na mão!!

Lucila, além de imóvel, fica ROXA.

Cara do megafone – Atenção, loira, os caras de Blumenau querem te conhecer.

Lucila, imóvel, roxa e com o coração quase saindo pela boca não sabia o que fazer. Ela era muito tímida, quase morreu ali naquela situação. Não sabia se soltava o cinzeiro para dizer que o comentário não era para ela, se saía correndo ou se se escondia no meio dos 130 quilos da tia bizarra...

O cara do megafone, percebendo que Lucila estava quase desmaiando de vergonha, largou o megafone e veio falar com Lucila.

Cara do megafone (agora sem megafone) – Desculpe, vi que você ficou com vergonha.
Lucila – Você realmente está me matando de vergonha.
Cara do megafone (agora sem megafone) – Relaxe. É que os caras de Blumenau querem te conhecer de verdade, posso chamá-los?
Lucila – Como assim, chamá-los?

Sem esperar a resposta de Lucila, o cara do megafone chamou todos os caras de Blumenau que estavam na festa.

Os caras fizeram uma fila pra conhecer Lucila, que estava cada vez mais constrangida com a situação, mas não podia dar uma de mal educada na festa do primo de sua melhor amiga.

Era a situação mais ridícula pela qual já tinha passado. Uma fila de homens na sua frente, o primeiro da fila vinha, se apresentava, dava dois beijinhos no rosto e passava para o próximo... Lucila quase morria, enquanto Juliana, Tonhonhóim e a tia dele se divertiam às custas dela. Aliás, a festa toda estava se divertindo às custas de Lucila.

Lucila sentia-se no programa “quer namorar comigo”, só faltava o Silvio Santos.

Até que chegou o último da fila. Lucila não acreditou. Era o deus grego que ela tinha visto no início da festa... Veio e se apresentou. O nome dele era Carlos e ele era uns 4 anos mais novo que Lucila... perguntou se podia sentar ao lado dela, é claaaaaaaaaro que Lucila deixou!!! Era tudo o que ela queria... sentar-se e se esconder depois daquele vexame todo, mas agora começava a ter outras idéias e já pensava que o escoderijo de um metro e oitenta era bem mais agradável do que 130 quilos... Ria sozinha por dentro e no fundo agradecia ao cara do megafone.

O tal do Carlos era realmente bonito. Além de todas as qualidades que Lucila tinha visto de longe, ele tinha um sotaquezinho catarina muito bonitinho, o que a encantou ainda mais. Ele falava “jacarezinho de parede” ao invés de lagartixa e “boi ralado” ao invés de carne moída!! Muuuuuuuuito bonitinho!!!

Os dois conversaram por horas, até que rolou um beijo, seguido de muitos outros. Lucila não acreditava que tinha ficado com um cara tão bonito, tão querido e tão tudo de bom!!! Carlos pegou o telefone dela, que obviamente nem cogitava a possibilidade dele ligar, mas estava feliz de qualquer jeito. Ela ficou com o cara mais bonito que já tinha ficado até então e provavelmente o mais bonito que ia ficar na sua vida toda. E isso já bastava.

Mas, para a surpresa de Lucila, o cara ligou!!! E ainda marcou um encontro no fim de semana seguinte, quando estariam na mesma praia. Era bom demais para ser verdade! E inacreditavelmente ele foi mesmo encontrar Lucila, o que rendeu mais uns beijos. É claro que neste dia Juliana estava munida com uma câmera fotográfica e tirou várias fotos do casal, afinal, ninguém ia acreditar que Lucila ficou com aquele deus grego!!!
(FIM)

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O DEUS GREGO - parte I

Lucila estava de pijama em casa, num sábado a noite muito frio, quando Juliana ligou:

Lucila – Oi, Ju!!
Ju – Oi, Luci!! Eu sei que você deve estar de pijama pensando em ir dormir. Mas pode ir tomar um banho, ficar linda de morrer, porque você vai no aniversário do Tinho comigo.
Lucila – Tinho, seu primo?
Ju – Sim, meu primo que é apaixonado por você!!!
Lucila – Sim, seu primo que é apaixonado por mim, mas tem uma namorada há anos!! Já chega todas as furadas que eu tenho entrado né Ju? Cara com namorada não rola!
Ju – Este mesmo. Luci, você não precisa ficar com ele... você só tem que ir comigo... ele reclama que nunca vou nos aniversários dele... Vamos fazer assim: a gente vai lá, dá os parabéns pra ele e se estiver ruim a gente vai pra outro lugar, tá?

Lucila não estava com a menor vontade de sair de casa naquele dia. Ainda mais no aniversário do Tinho. Não que ele fosse feio ou mala... pelo contrário, era super charmoso... mas sabia que não ia dar em nada porque ele tinha namorada... Mas por outro lado não poderia deixar a amiga ir sozinha. Amiga que é amiga tem que ir nesses troços de família com a outra... mesmo que fosse sábado à noite, estivesse fazendo 5ºC e estivesse morrendo de sono. Além do que Luci tinha uma antiga filosofia de vida: “se não quiser que eu vá nem me convide, pois se convidar eu vou!”

Lucila – Ok, Ju. Passe pra me pegar daqui uma hora que eu vou com você. Mas lembrando desde já que é só uma passadinha hein?
Ju – Ok, Luci, obrigadinha, amiga!!! Vamos embora a hora que você quiser!!!

Reuniu forças do além e se arrumou. E lá foram as duas no aniversário do Tinho. Chegando no lugar, que Lucila tinha achado super estranho no início, na verdade era uma mega festa, 5 aniversários, num lugar que foi alugado só pra festa, com malabares, pirofagia, dj e drinks exóticos liberados a noite toda.

Entraram, encontraram Tinho, que recebeu os parabéns das duas e as deixou super à vontade na festa. Como bom mulherengo, fez alguns comentários no ouvido de Lucila. Mas a namorada dele apareceu e ele logo se comportou.

Lucila tinha que reconhecer que a festa estava boa. 80% dos convidados eram homens, só gente bonita, boa música e caipirinha liberada...

Juliana tratou de se arranjar logo. Conheceu um amigo de Tinho, um professor de academia com cabelo tónhónhóim... Enquanto os dois conversavam, Lucila reparava nos outros homens. E de longe, viu um deus grego da beleza... maravilhoso!!! Devia ter um metro e oitenta, cabelo castanho claro meio compridinho, sarado (mesmo por cima da blusa, Lucila reparou que ele era sarado), olhos verdes, super style, com um casaco azul pimbíssimo!!!

Lucila admirava aquele deus grego no meio dos humanos comuns, era de longe o cara mais bonito da festa... nem se atreveu a imaginar uma aproximação. Lucila sabia que o cara era muita areia pro caminhãozinho dela.

Então reparou que Ju já tinha ficado com o Tonhonhóim, que convidou as duas pra sentarem-se numa mesa.

Lucila foi, pois não conhecia ninguém e ia pegar mal ficar sozinha no bar no meio de tanto homem. A essa altura já sabia que Ju não iria embora quando ela quisesse como foi inicialmente combinado, mas amiga que é amiga agüenta a balada até o fim quando a outra se dá bem, então Luci começou a pensar numa forma de se divertir.

Na mesa que Tonhonhóim quis sentar estava a tia dele, uma senhora de uns 60 anos, que pesava uns 130 quilos, com um cabelo vermelho armado... enfim, uma figura. Inacreditável o cara levar a tia numa festa daquelas, mas enfim, era uma companhia pra Lucila, que não imaginava ser esse o divertimento da noite, mas se sentou para pensar em algo melhor.

A velha até que era divertida, Lucila deu altas risadas com ela enquanto Tonhonhóim quase engolia Juliana do outro lado da mesa. Lucila e a tia do cara tinham que gritar pra conversar, pois tinha um mala com um megafone que não parava de falar bem perto delas...
(continua)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A TÁTICA INFALÍVEL

Reunião familiar na casa da vó Betina, a matriarca da família Zara. Lucila até gostava daquilo. Mas na verdade estava um pouco deprimida porque tinha levado “o” cano no final de semana anterior. Sua amiga Clara tinha armado “o esquema” pra Lucila se encontrar com Juliano, mas não deu certo. Depois de estar linda, prontinha pra sair e encontrar Juliano, Clara avisou que o cara não ia mais. Foi como um balde de água fria. Lucila estava absolutamente convencida de que barcas não davam certo. Nunca tinha visto um encontro armado dar certo com uma pessoa próxima. Só o amigo da prima da amiga ou o cunhado da vizinha da tia... igual ganhador de sorteio e de loteria, nunca tinha acontecido com alguém real.

Mas tudo bem, lá estava Lucila, em pleno sábado com a sua família, comendo coxinha e tomando refrigerante sem gás... “porque as pessoas tinham mania de deixar o refri destampado ao se servirem???” Aquilo a irritava profundamente, que pensava num pretexto pra explicar seu mau humor, até que chegou sua prima Adriane, a mais louca e sem noção de todas, e por conta disso divertidíssima, claro!. Pelo menos iam rolar umas risadas, garantidas quando Adriane estava presente.

Lucila e Adriane estavam conversando no sofá, sobre gatinhos, parecendo duas adolescentes, quando chegou a tia Maria.

A tia Maria logo percebeu qual era o assunto... sentou-se com elas e começou a lembrar dos velhos tempos de solteira. E disse que tinha uma tática infalível: Quando ia sair, não tomava banho. Foi assim que conheceu o marido.

Lucila – O que tia??? A senhora não tomava banho??? Tá louca? Não consigo sair sem tomar banho!!! Imagina, levo cano até quando fico duas horas no banho, imagina se eu não tomasse banho.
Tia Maria – Mas é esse o x da questão. Toda fêmea atrai o macho pelo cheiro. É a lei da natureza. Os orientais afirmam isso! Até já vi uma reportagem na tv comprovando cientificamente essa tese. Se você toma banho antes de sair, passa creme disso, perfume daquilo, você acaba acabando com uma arma infalível da natureza.
Adriane – Sério tia?? Nunca tinha pensado nisso!!! Além de não tomar banho, vou dar duas voltas na quadra correndo antes de sair, porque não tenho pego nem gripe ultimamente!!!
Tia Maria – Claro que não... nem oito, nem oitenta né?!?! Você também não vai ficar dias sem tomar banho, senão o que você vai atrair é mosca. Você pode até tomar banho no mesmo dia. Mas nada de creminho de abacate com jiló, shampoozinho de uva com carambola e perfume de rosas com maçã verde!!! Você só deixa de tomar banho antes de sair e deixa de passar todo o aparato normal de costume. Façam isso, você vão ver que vai dar certo!!! É tiro e queda!!

Lucila e Adriane davam gargalhadas enquanto a tia Maria contava a tática. E depois resolveram que iam testar elas mesmas a tal teoria oriental... Combinaram de sair no dia seguinte, pleno domingão. Iam tomar banho só pela manhã, não iam lavar o cabelo e sairiam à noite. Não contaram nada para suas amigas, afinal não queriam admitir a sua versão cascão.

Lucila achou super estranho se arrumar pra sair sem tomar banho antes... mas ela PRECISAVA fazer aquela experiência. Tudo em nome da ciência!! Escolheu uma calça jeans justézima e uma blusinha infinita highway... como sempre!! Resolveu burlar o conselho da tia e lavou o rosto. Afinal, a base de uma boa maquiagem tinha que ser num rosto recém lavado... e limpo!!! Fez a maquiagem... Estava se sentindo super mal por não ter tomado banho... mas já tinha combinado com a prima... e era só dessa vezinha.

Adriane passou na sua casa e foram prum barzinho cujo melhor dia era domingo. A fila estava enorme, mas Luci e Adri não desistiram, ficaram 40 minutos na fila. E Adriane foi logo se arranjando na fila. Conheceu um gatinho e beijou-o ali mesmo. Lucila quis ir embora, não queria ficar segurando vela, mas o gatinho de Adriane convenceu Luci a ficar, prometendo apresentar vários amigos que estavam lá dentro.

E não é que bem o cara que Lucila mais gostou do lugar inteiro era amigo do gatinho da Adri? Ela já estava olhando pra ele quando ela ainda estava na fila e ele dentro do bar, mas jamais imaginaria que era bem naquela mesa que o tal cara ia se sentar. Começou a pensar que a tática começava a dar certo...

O nome dele era Rogério e ele logo se interessou por Lúci. Os dois conversaram a noite toda... Lucila não quis ficar com o cara assim do nada, no meio de um bareco que é só de conversar e que não rola azaração descarada. Mas como Lucila jamais conseguia dizer não a uma boa cantada, não resisitu! Beijou o cara gatíssimo na hora de ir embora, sem esquecer de lhe dar o seu telefone, claro! Afinal se a teoria da tia estava mesmo certa, e ela a cumpriu, ele com certeza telefonaria no dia seguinte.

As duas primas saíram do bar já meio cozidas às 2 da manhã, dando gargalhadas sobre a sua porquice e querendo ligar para a tia Maria pra contar que tudo tinha dado certo e que elas haviam comprovado a tese. Mas acharam que era muito tarde pra ligar para uma tia casada, e por isso no caminho de casa ligaram para todas as suas amigas! Juliana, Clara, Ana... afinal todas PRECISAVAM saber da tática para utilizá-la num momento de solteirice.

O gatinho que Lúci conheceu aquele dia não ligou... Mas ela tinha certeza de que foi porque ela lavou o rosto.
FIM

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

MENTIRA TEM PERNA CURTA

Sexta à noite... semana agitada... trabalho intenso, stress total, reclamações das amigas pela sua ausência em tudo... desde msn até o orkut... Lucila mal tinha tido tempo para pensar em suas unhas e cabelos nas últimas semanas... quem dirá para desperdiçar seu tempo com qualquer tipo de besteira... ela aproveitava o tempo livre para dormir... e se mantinha a par das fofocas por simples emails trocados com Juliana e Clara... mas isso não duraria além dessa noite... afinal era sexta!
Além do dia ser propício para uma baladinha, era aniversário de Clara, onde iam estar todas as suas amigas e, claro, os amigos do gatinho novo de Clara, ou seja, festa im-per-dí-vel.
Lucila sai de sua aula noturna, troca de roupa no seu carro, que estrategicamente tem os vidros super escuros, solta os cabelos, carrega a maquiagem e está pronta para a night...
Antes de entrar na festa confere os detalhes e pensa: “Estou infinitamente bem essa noite! Nada vai dar errado! Vou conhecer um gatinho, me dar bem e dormir feliz!”
Entra no bar e após dar 10 passos em direção ao local da festa dá de cara com Leonardo... quem era? O melhor amigo do seu último ex... ex-namorado, ex-pretê, ex-caso ou ex-ficante... chamem como quiserem, mas Frederico tinha sido o último cara que Lucila tinha beijado, mas que a dispensou sob a desculpa de estar se mudando para uma fazenda no interior do mundo para cuidar dos negócios do pai. Ô desculpinha barata!
Luci respira fundo, cumprimenta o amigo, e instintivamente olha para os lados a procura de Frederico, qual é a sua surpresa quando dá de cara com ele, sentado na mesa do bar... Lucila olha praquele ser, pensando como tinha sido louca por aquilo... Pensa: “o amor é cego mesmo... e pensar que eu comia um caminhão de merda por este cara!!! E ainda está com a mesma camisa de sempre...” Não que o encontro não desse um leve friozinho na barriga... Era um pouco constrangedor encontrar com o cara que tinha dado um pé na bunda dela e a tinha feito chorar muito, mas Lucila percebeu que tinha desencanado completamente de Fred. Fica confusa, não sabe direito como agir, se trata bem, ou se parte pra violência... mas com uma cara de superioridade, o cumprimenta, faz questão de dar beijinhos e trava um pequeno diálogo:
Lucila – E daí, como estão as coisas?
Fred – Tudo ótimo e você?
Lucila – Tudo ótimo também... trabalhando bastante, cheguei tarde pois estava dando aulas – pensando ao mesmo tempo: “não sou uma inútil como você que mente pros outros que cuida dos negócios do pai! Sou independente, estou bonita, e nada estraga meu dia hoje!”
Fred – Nossa, que legal. E o que está fazendo aqui?
Lucila pensa em dizer “Ora, essa pergunta devia ser dirigida A VOCÊ! Afinal quem mentiu que ia pro fim do mundo e continua aqui foi você, e não eu!” mas dá um sorrisinho e diz – Vim no aniversário da Clara.
Fred – Hummmm
Lucila, não resiste e pergunta – Ué, você não ia embora pro fim do mundo (com cara de cínica e inteligente, afinal ele teria que saber que ela não tinha acreditado naquela desculpinha barata...)
Fred – Pois é. Fui e já voltei... blá, blá bláááá.
Lucila sem mais paciência para escutar as baboseiras de Fred dá um tremendo corte nele – Mas então beleza, vou subir lá no aniversário pois já estou muito atrasada.
Fred – Ok
Lucila – Tchau

E sobe as escadas visivelmente perturbada e confusa, sem que Fred percebesse, pois a escada lhe dava as costas e sua única visão naquele momento era a bunda de Luci, a mesma que tinha sido alvo do pontapé de Fred, mas que naquela noite estava alucinante por conta do jeans novo (achado em uma promoção, mas ninguém precisava saber disso).
Após o surto psicótico inicial que acometeu Lucila quando chegou ao local do aniversário, contou pra todas as suas amigas que tinha encontrado o loser do ex lá embaixo, ela pede uma cerveja e se sente melhor! Era incrível o que fazia a companhia de suas amigas e uma boa cerveja gelada! Curava tudo!
A noite foi boa, Luci conheceu um gatinho novo, encontrou uns antigos, e colocou as fofocas em dia com as amigas depois daquelas semanas conturbadas.... foi pra casa para uma noite feliz, conforme tinha planejado.
No caminho, seu celular faz um barulho avisando que havia uma mensagem de texto. Luci pensa “deve ser a Ju perguntando se eu beijei mesmo aquele gatinho novo”. E, pela segunda vez no dia se surpreende com Fred! Era uma mensagem dele dizendo “oi”. Simplesmente oi. Mais nada!!!
Lucila indignada tem vontade de responder: “o que você está pensando seu loser mentiroso... que fala o que quer, me dá um pé na bunda com uma desculpinha ridícula e ainda quer que eu responda a mensagem de texto as 3 da manhã?” Mas prefere aderir à técnica da tortura chinesa e não responder nada... “o silêncio é a pior tortura...” o celular interrompe seus pensamentos... Fred dizia na mensagem seguinte: “não vai me responder?” Quanta cara de pau... Juliana já diria que todas aquelas mensagens eram reflexo do encontro daquela noite... Diria que Fred não resistiu à beleza de Luci, que viu sua bunda perfeita subindo às escadas e que se arrependeu de tudo de mal que tinha feito.... Mas não havia tempo de ligar pra Ju àquela hora da noite e Lucila resolve agir sozinha.
Responde secamente: “To respondendo, ok?”
Maldita decisão... O desgramado, que já devia estar cozido, não entendeu o “ok” e achou que fosse “o q” e começou a explicar que queria resposta pra o seu “oi”... O que fazia Lucila o repudiar cada vez mais, já que não enxergava esses traços de burrice e ignorância quando estava ao seu lado... “Ai, ai! Homem burro ninguém merece! Burro e loser!” Lucila divagava cada vez mais e começava a filosofar sozinha no meio da noite: “Tinha que ser hoje? Logo hoje que saí feliz da vida, encontrei um gatinho novo... Como é que pode? Faz mais de um mês que esse doido desapareceu e ele resolve aparecer na minha frente e mandar mensagens doidas beeem no dia que eu achei um gatinho novo? É muito azar! Deve existir alguma lei física ou matemática que diz que a probabilidade do seu ex reaparecer das trevas é diretamente proporcional ao fato de você encontrar um gatinho novo e beeem melhor do que o ex... Só pode ser isso! Deve haver uma explicação matemática!” E ri sozinha dos seus devaneios...
E Fred não desistia e escreveu: “Quero te ver agora, aonde você está?”
Dessa vez Luci ficou irada: “O que ele está pensando? Acha que eu estou à sua disposição??? Acha que eu sou mulher de marcar encontro as 3 da manhã? Comigo ou é às 8 da noite, ou esquece! (até parece!!) E agora? Preciso de uma resposta perfeita pra esse idiota sem mostrar qualquer envolvimento emocional... Seja fria, LZS! Pensa no exemplo da Clara... ela sempre tem boas respostas!”
Pensa em responder: “O que você está pensando seu fdp??? Que estou à sua disposição??? Quem disse que eu quero me encontrar com um loser como você a essa hora da manhã?”. Mas acha muito agressivo. Pensa em não responder, mas aquela era a chance de vingar todo o sofrimento que Fred tinha feito passar”. Pensa em escrever: “Você diz que vai embora, não vai, me conta uma história da carochinha, acha que eu acredito e ainda quer me ver? Não sou mulher de encontro às três da manhã..”, mas acha muito comprido e muito explicativo... Tinha que ser algo de mais efeito... Pensa, pensa, pensa... até que escreve sem titubear: “Sorry, não vai rolar” E pensa: “ótima resposta! Vai sumir agora! Pelo menos vê e se toca!” E a raiva contra Fred ia cada vez crescendo mais dentro de Luci, que a essa hora já estava em sua casa e não corria mais risco qualquer em dirigir embriagada e respondendo a mensagens de texto no meio da madrugada...
Para a surpresa dela chega uma nova mensagem: “Porque não rola me ver?”Lucila não acreditava que o cara tinha respondido a respostinha capciosa dela... “é muita vontade de me ver!!! A minha bunda realmente deve estar maravilhosa nesta calça”. Mas já cansada daquele joguinho de mensagens, e com a evidente falta de coragem de Fred de pegar o telefone e ligar pra ela, com vontade de ir dormir sem estragar o seu plano inicial de dormir feliz naquela sexta a noite que encontrou um gatinho novo, responde diretamente: “Porque não quero.” Desliga o celular, deita e dorme feliz... aliviada pela sua resposta, orgulhosa com a sua coragem e pensando: “quem mandou mentir... mentira tem perna curta...”

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O PRÍNCIPE QUE VIROU SAPO - Parte II (final)

Lucina combinou então de se encontrar em um barzinho barato (nada de restaurantes caros dessa vez), e ele pedindo algo para comer, umas cervejinhas, a conta já em torno dos 40 reais, e algum tempo depois, toda a lenga-lenga do “vamo pedir a conta” e ele responder com um “claro” aconteceu novamente. Lucila mais uma vez pagou a conta. Sem querer provocar situações constrangedoras, pois ela também se sentia assim, foi embora indignada com a certeza de que jamais daria chances a ele novamente.


Era como se Lucila tivesse virado mãe de um marmanjo da noite para o dia. E por isso se escondeu de todas as maneiras de Sandro. Não atendia telefonemas, não respondia e-mails, mas ele era brasileiro, e como todo brasileiro, o cara não desistia nunca!


Lucila, de saco cheio dessa situação, enviou um e-mail para o Sandro dizendo para ele parar de ligar e enviar mensagens, pois aquilo não podia continuar. Inventou que havia recebido uma proposta de trabalho na Finlândia, e que não queria se envolver com ninguém. Lucila não entendia porque não tinha coragem de contar a verdade a ele, que era por causa das contas pagas e de ele ser um total sem noção.


Sandro pediu um último encontro para entender melhor a situação e para
ver nos olhos de Lucila que ela não queria se envolver. Ele se mostrava tão desesperado que ela decidiu marcar novamente em um barzinho. Lucila chegou sentou e afirmou friamente toda a história do e-mail. Ele disse: “Vamos beber alguma coisa...”, e Lucila: “não obrigada”. Ela não queria beber, nem comer, pois não queria pagar mais nenhuma conta.


Entre choro e soluços, Sandro bebeu 2 copos de chopp. Lucila se levantou e disse: “Vamos embora! Eu não volto atrás da minha decisão. Quero ficar sozinha por um bom tempo.” E ele então, pediu a conta. Lucila pensou: “Até que enfim!”.


Porém, a hora que a conta chegou, ele novamente sequer tocou. Um súbito acesso de choro e soluço começou. Sandro dizia que não acreditava que aquilo estava acontecendo com ele, que todo aquele amor que ele tinha para oferecer estava sendo jogado no lixo. Se levantou da mesa e foi chorar fora do bar. E Lucila? Bem... Lucila ficou sozinha com sua velha conhecida: a conta.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

PERTURBAÇÕES MENTAIS PRÉ DIA DOS NAMORADOS - PARTE II (final)

A situação de Ana era bem diferente. O namorado dela tinha terminado com ela naquele dia. E o pior: ela já tinha comprado o presente do dia dos namorados dele. E o problema de Ana consistia em: dar ou não dar o presente??

Lucila: Ana, dá o presente que ele volta com você!!!
Juliana: Eu deixaria na portaria do prédio dele com um bilhete... só pra ele ficar com remorso... Eu já fiz isso com o Marco... e adivinha? Ele voltou correndo pra mim!!!
Lucila: Não, tem que dar pessoalmente!!!
Clara: Não dá presente nenhum!!! O que ele tá pensando?? Termina com você e ainda ganha presente? Nada disso, Ana, amanhã vamos no shopping trocar por alguma coisa pra você sair na balada, naquelas baladas de solteiros bem no dia dos namorados.

Ana continuava com o dilema mental e sem saber o que fazer... sequer tinha forças pra pensar na balada do dia seguinte... por isso chamou o garçom e pediu mais uma cerveja... numa dessas um porrete lhe ajudava a ter uma luz!

O problema pré-DDN de Lucila era bem maior: ELA NÃO TINHA NAMORADO, NEM ROLO, NEM EXPECTATIVA DE ARRUMAR UM NAMORADO ATÉ O DIA DOS NAMORADOS!!! Ela ajudou a solucionar o problema de todas as amigas, mas não tinha meios para resolver o seu. Isso a deixou extremamente deprimida, principalmente depois de 10 cervejas e 18 cigarros!!!

Lucila estava indignada, pois a cidade estava cor-de-rosa há duas semanas. Eram outdoors, folders no sinaleiro, propaganda na tv, decoração de coração nos shoppings... tudo lembrava aquilo que ela queria esquecer: que existia dia dos namorados...

Lucila: será que os publicitários nunca pensaram que o índice da população solteira nesse século aumentou significativamente? Poxa Ju, fala pro teu irmão (que é publicitário) que seria uma idéia genial inventar uma forma de atrair os “sem-namorados” no dia dos namorados.
Clara: Ah Luci, você quer um outdoor que diga “Não gaste 120 pila num presente pra alguém! Invista em você!”
Ana: Ou então “Abaixo os corações e as rosas, o dia dos namorados deve ser amarelo!”
Juliana: pensando bem podiam inventar uma forma de evitar as filas nos restaurantes e nos motéis no dia dos namorados!
Lucila: VSF Ju... meu problema é muuuuito maior!

E todas caíram na gargalhada, cada uma com um problema maior que o outro, resolveram ir embora, então.

E chegou o dia dos namorados... Juliana acabou saindo com o namorado, num encontro mega-romântico. Clara acabou comemorando o dia dos namorados, conseguiu descobrir que realmente estava namorando, recebeu e ganhou presente. Ana até o dia dos namorados já tinha voltado com o seu namorado e também estava acompanhada neste dia.

E Lucila??? Até Lucila se deu bem!!! Resolveu aproveitar o conselho dado pela amiga Ana e foi numa dessas baladas de solteiros bem no dia dos namorados. Acabou conhecendo um cara MARAVILHOSO, que acabou ficando com ela.

Um final feliz para cada uma delas... e a conclusão que todas as suas piores previsões não se concretizaram... ainda bem! Agora o dilema virava outro... começava a história de Lucila com outro gatinho... será que dessa vez ia dar certo? É esperar pra ver...
(final)

sábado, 18 de outubro de 2008

O PRÍNCIPE QUE VIROU SAPO - Parte I

E lá estava ele, no canto do bar da moda, olhando para ela. Paquerando na maior cara-de-pau! Nossa! Fazia tempo que Lucila não se sentia tão viva! Depois de um relacionamento conturbado, ela estava mais que ansiosa por experimentar a vida de solteira novamente.


Lucila cutucou uma amiga após a outra para que ela mesma se convencesse que o sózia do Marcelo Antony estava de fato olhando para ela. E minha gente: ele estava!


Foi então que entraram no bar 5 amigos babacas do ex-namorado (sim, porque pior que ex-namorado, são os amigos babacas do ex-namorado. Aliás, ex bom é ex morto, já dizia o poeta). Lucila tentou se enfiar no primeiro buraco que encontrou, sem sucesso (é claro), e foi obrigada a cumprimentar os tais sujeitinhos. Todos os ressentimentos relacionados ao ultimo relacionamento começaram a brotar e quando ela estava quase esquecendo os olhares incisivos do tal bonitão, uma luz divina iluminou suas idéias.


Pensou: “Como posso desperdiçar tal oportunidade de ficar com um cara lindo e fazê-los contar para o ex que eu estou SUPER bem, com um gato maravilhoso, e que parece que não aconteceu nada demais comigo”?


Esse pensamento a fez ela voltar ao bar e se concentrar nos olhares do Marcelo Antony. Que corpão! Que sorriso! E ele se aproximou. Pronto! Primeiro contato fonético feito! Que voz! Conversa vai, conversa vem, e em menos de 5 minutos: que lindo! Que cheiroso! Que bem humorado! E para terminar, dançava bem! No fim da música, Lucila facilitou um beijo, e pronto, todos os amigos do ex assistiram de camarote o tal do beijo, mas naquela altura, os planos de Lucila já eram outros, pois o beijo era maravilhoso! Meia hora mais tarde, e Lucila já fazia planos de casamento em sua cabeça, como ela daria a notícia à família, e como ele seria um bom cozinheiro. Ai ai... Sandro era o nome do sózia do Marcelo Antony. Sandro e Lucila... nada mais perfeito.


No dia seguinte ele ligou! Um fofo! Disse coisas que todas as mulheres amam escutar, e a convidou para um jantarzinho a dois. Sandro então explicou que estava sem carro por um tempo. Logicamente, Lucila aceitou o convite e se ofereceu para buscá-lo.


Chegado o grande dia, foram a um restaurante bem legal. Lucila escolheu o prato e o vinho. Tudo perfeito! Compania melhor! As horas passando, o vinho acabou. Sandro então pediu outro vinho maravilhoso para acompanhar aquele momento. Após terminar o jantar:


Sandro: Lucila, você é maravilhosa, e pra você saber: a noite está apenas começando.

Lucila com um sorriso no rosto: Que tal pedirmos a conta então?

Sandro: Claro!


Mais 15 minutos de conversa e risadas:


Lucila: Mas então, vamos pedir a conta?

Sandro: Vamos sim!


E conversa, e risada, e Lucila já não entendendo o porquê que ele não tomava a iniciativa de pedir a conta, pediu ela mesma. A conta chegou minutos depois e ele não abriu a conta para ver quanto tinha saído o tal jantar romântico. Agoniada com a situação, Lucila não se conteve e aproximou a conta ao Sandro. Após 40 minutos de conversa, nada havia mudado. Era ela de um lado da mesa, ele do outro e a conta no meio. Aliás, não tão no meio. Mais para o lado do Sandro do que da Lucila.


Lucila aflita com a ausência de atitude do Sandro em pagar a conta ou pelo menos falar um “vamos dividir”, pegou a conta e abriu. O valor R$175,00. Realmente ele tinha bom gosto para escolher vinhos, pois escolheu o mais caro do cardápio.


Tirou a carteira da bolsa, para ver se ele se coçava, e dizia “não faça isso... eu faço questão de pagar", mas doce ilusão. Pagou a conta, e ele o apenas elogiando as mãos lindas dela enquanto preenchia o cheque.


Ao sair do restaurante, Lucila já sabia o caminho que tomaria depois de tamanha decepção: o levaria direto para casa. Foi então que Sandro pediu para dirigir o carro. Naquela altura do campeonato nada mais a surpreenderia, então não se opôs.


Sandro então, se dirigiu a um dos melhores motéis da cidade. Mais que depressa, Lucila entendeu que foi por causa disso que ele não pagou o jantar, pois planejava passar a noite com ela em uma daquelas suítes maravilhosas! Logo passou a má impressão, e o fato do restaurante já era coisa do passado.


Passaram algumas horas no motel, e na saída, mais uma decepção. Sandro ao “procurar a carteira” se deu conta que havia esquecido em casa. Diante àquela situação extremamente embaraçosa, Lucila se viu obrigada a pagar mais uma singela conta.


Lucila chegou em casa com um pensamento único: Sandro era mais que carta fora do baralho.


Na semana seguinte, as ligações dele não paravam, e Lucila apenas driblando o batedor de carteira. Porém, uma coisa não saía da cabeça dela: “Como pode existir alguém na face da Terra tão cara-de-pau? Será que ele realmente esqueceu a carteira e ficou com vergonha de contar no dia?”. Então, na boa fé, resolveu dar mais uma chance, afinal ele era um homem agradável e bonito demais para ser aproveitador.


Continua...