domingo, 12 de outubro de 2008

CARA DE PAISAGEM - Parte II (final)

E assim a pergunta de Lucila foi estranhamento respondida. Ela era finalmente alguma coisa de alguém, mesmo não sendo exatamente a palavra que gostaria de escutar...


Na semana seguinte Lucila estava novamente na TNTS. Desta vez foi recepcionada por Gustavo. Pedro não estava à vista, e resolveu não dar bandeira naquele momento e perguntar sobre ele. Resolveu aguardar.


Como já estava prestando serviços à empresa há algum tempo, já tinha adquirido uma certa intimidade com as pessoas. Foi por isso que Gustavo mais que depressa convidou Lucila para a festa de aniversário de Junior que seria exatamente naquele dia em um barzinho conhecido da cidade. Como Lucila estava sem carro, Gustavo se ofereceu para buscá-la, e sem conseguir antes falar com Pedro, ficou sem saída para aceitar.


Mas meu Deus! Já eram 11 horas da manhã, e nada do Pedro aparecer na empresa. Lucila não se agüentava de saudade e curiosidade para saber se Pedro viria pro trabalho e se mais: ele estaria no aniversário?


Logo depois do almoço, Pedro chega à empresa, cumprimenta Lucila de maneira mais fria que o normal, mas ela resolveu não dar importância, afinal estavam no trabalho, e ali teria que ser daquela forma.


O dia acabou, e Pedro sem nem se quer dar um sorriso de canto de boca para ela. Algo não estava certo. Novamente afastou os pensamentos de mulher insegura da cabeça e resolveu aguardar.


Durante o dia todo, o assunto na empresa era o tal aniversário de Junior. Lucila escutou Gustavo falando com Pedro que disse que iria sim se Gustavo desse carona a ele, pois estava sem carro. E Gustavo disse que não havia problema, pois depois de pegá-lo passaria na casa de Lucila.


Assim que pôde, Lucila despediu-se de todos, confirmou o horário com Gustavo, e correu para casa para colocar a melhor roupa que tinha, o melhor perfume e a melhor maquiagem!

Ligou no celular de Pedro assim que saiu da empresa, e caia direto na caixa postal. “Tudo bem! Deve ter acabado a bateria!”, pensou a otimista Lucila.


Oito em ponto. Toca a buzina. Era Gustavo. Lucila sente seu coração bater, imaginando que lá estaria Pedro também! Desceu toda contente, mas ... deu de cara apenas com Gustavo no carro.


Entrou sorridente, sem entender, e pensou: “Ele deve estar indo buscar agora o Pedro.”


E papo vem, papo vai. Pararam na frente de outra casa. Gustavo disse: “Luci marquei de dar carona para o Walter e o Luizão também. Então não liga que vou parando no caminho.”


Lucila assentiu com a cabeça e na sua garganta estava lá a pergunta que não queria calar: “Cadê o Pedro?!?!!?”.


Entra o Walter no carro, conversa vai, conversa vem, pararam na casa do Luizão, conversa vai, conversa vem. Lucila estava sendo simpática e sorrindo de tudo e de todos há mais de 28 km. E mesmo com apenas aquele enorme ponto de interrogação pairando sobre sua cabeça estava ela ali, firme e forte.


Não agüentando mais, Lucila soltou em tom de brincadeira:


LUCILA – Então Gustavo, esse nosso frete vai passar por onde agora? Já pegamos o Walter, o Luizão, agora só ta faltando o Pedro né!?


Nessa hora todos gargalharam no carro, e Lucila seguiu para não parecer estranho. Sem entender, aguardou que um deles explicasse o motivo da graça, pois a piada dela tinha sido totalmente sem graça. Não demorou muito para que isso acontecesse:


GUSTAVO falando em tom de deboche para Walter – Cara! Ainda bem que sou solteiro, pois você acredita que a namorada do Pedro resolveu dar uma incerta e aparecer essa semana na casa dele!?!

WALTER – É verdade cara? Ela veio de Itararé pra ca??

GUSTAVO – É! Agora o Pedro não escapa! Vai ter que casar!


O estômago de Lucila embrulhou, sentiu tonturas, ficou branca, xingou todas as gerações do Pedro! Mas, naquele momento, era necessário manter a cara de paisagem. Chegou na festa, ficou meia hora, pegou um taxi e voltou para casa! Arrasada.

Fim...

Um comentário:

Lia Sanches Roth disse...

E mais uma vez Lucila se deu mal.. hahahhaa.
Bjs