sábado, 4 de outubro de 2008

CARA DE PAISAGEM - Parte I

Lucila dedicava-se à profissão de corpo e alma. Não tinha o emprego dos seus sonhos, mas sentia que ainda tinha muito que aprender onde estava. Seu esforço era reconhecido e sentia-se cada vez mais segura no que estava fazendo.


Certo dia, seu chefe lhe propôs um desafio maior. Lucila que sempre foi coadjuvante no trabalho, deveria agora que dar consultoria a um novo cliente sozinha. Logicamente que tudo aquilo foi visto com muito bons olhos, e prontamente ela aceitou o trabalho. Pegou o cartão de um dos sócios da empresa e mais que depressa entrou em contato para marcar a primeira reunião:


PEDRO – TNTS, Pedro.

LUCILA – (Nossa que voz bonita) Olá Pedro, aqui é a Lucila da ZTX.

PEDRO – Ah! Pois não?

LUCILA – (Pareça profissional! Pareça profissional!) Preciso marcar uma reunião para acertarmos alguns detalhes da consultoria. Serei eu a responsável por esse trabalho.

PEDRO – Ok. Pode ser amanhã às 11 horas?

LUCILA – (Nossa! Já?? Ai meu Deus!!) Claro Pedro. Está marcado então.


Lucila estava um pouco nervosa, era a primeira vez que estava assumindo tanta responsabilidade sozinha. Imaginava tudo, como agiria, como falaria, como seria Pedro, jovem, mais velho, pragmático, gente boa, tranqüilo, exigente. Queria parecer de toda maneira profissional.


No dia seguinte apareceu na empresa no horário marcado. Uma secretária a colocou em uma sala de reunião para aguardar Pedro. Conferiu mentalmente todos os assuntos que deveriam ser discutidos e de que maneira. Até que Pedro entrou na sala junto com mais 2 colegas.


Lucila levou um susto, pois esperava alguém bem mais “maduro”. Pedro era jovem, loiro, estatura mediana, simpático e dono de um charme só dele.


PEDRO – Olá. Você deve ser a Lucila da ZTX. Certo?

LUCILA estendendo a mão – Certo. Prazer.

PEDRO apresentando os demais participantes da reunião – Vamos lá. Esse é o Gustavo, e esse é o Junior. Ambos trabalharão neste projeto também.

LUCILA estendeu a mão aos demais – Muito prazer.

PEDRO iniciando a discussão – Qual a estratégia então?


Enquanto Lucila discursava e discutia a estratégia com os rapazes, ela percebia que Pedro a olhava diferente. Lucila, sem jeito, fez que não percebeu e prosseguiu a reunião, porém pensava “MEU! Que cara sem vergonha!”


Ao final da reunião haviam acertado a primeira visita de Lucila para início da próxima semana, quando ficaria o dia todo trabalhando dentro da empresa do cliente por uma semana inteira.


Lucila estava satisfeita com seu desempenho na reunião e se preparava para a semana que passaria no cliente. Planejava até mesmo quais roupas usaria. Seus terninhos proporcionavam o ar profissional, mas algo a fazia querer estar bonita também, e esse algo era o olhar de Pedro.


Chegada a semana, Lucila chegou pontualmente conforme combinado com Pedro. E assim foi a semana inteira. Lucila executou seu trabalho impecável. Toda vez que ia falar com Pedro sobre algum item do projeto, ele parava o que estava fazendo e prontamente atendia suas solicitações. E toda vez Lucila sentia os olhos de Pedro percorrerem seu corpo ficava contente com o “resultado”.


Lucila prometia para si mesma que não misturaria trabalho com sua vida amorosa e por isso não demonstrava a Pedro que ela estava percebendo.


Na quinta-feira daquela mesma semana, Pedro não se conteve.


LUCILA – Pedro, você pode me explicar como vocês querem esse item aqui...

PEDRO – Claro, mas apenas se você jantar comigo essa noite.

LUCILA não acreditando no que escutou – Hahahha! Deixa disso Pedro. Me diz aí...

PEDRO – Não tô brincando. Saindo daqui, ali por 7 horas, poderíamos jantar juntos. O que me diz?

LUCILA – É ... é... que... Ta bem.


Lucila não acreditava que ela tinha aceitado. Não conseguia se concentrar mais depois daquelas palavras.


Às 7 horas, como combinado, Pedro chamou Lucila, e os dois saíram juntos para jantar. Pedro contou muitas coisas pessoais a Lucila. Lucila descobriu que Pedro era solteiro, que tinha 32 anos, que era tudo de bom. E isso fez Lucila se abrir com Pedro também. Contou algumas coisas. O jantar inteiro sentia-se uma certa eletricidade no ar...


E assim começou um relacionamento gostoso e divertido. Toda semana se viam. Toda semana jantavam juntos. No trabalho as coisas eram totalmente separadas. Eles estavam se saindo muito bem! Quem foi que disse que não se pode comer a carne onde se ganha o pão??


Passado um, dois, três meses, Lucila se perguntava até quando ia durar aquela lua de mel, e mais, quando é que Pedro daria um passo a mais. Na empresa ninguém nem desconfiava do relacionamento dos dois, e assim deveria ser por um bom tempo. Até que um belo dia resolveu deixar escapar, sem querer (claro!), aquela afirmação que toda mulher faz para saber o que ta rolando de verdade. Então na brincadeira, Lucila disse:


LUCILA jogando um super verde – Pois é Pedro, esse final de semana vou sair com minhas amigas. Vou dar uma paquerada, já que não sou nada sua mesmo né!?!?! Hahahahha

PEDRO – Hahaha! Aham! Só vai se eu permitir! Afinal você é meu rolo! Rolo fixo. Mas MEU rolo!


Quando Pedro falou isso, Lucila levou na brincadeira, achou engraçado e disse em tom de brincadeira:


LUCILA – Hahaha! Então estamos mesmo super enrolados! Hahahha


Continua...

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