sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O DEUS GREGO - parte I

Lucila estava de pijama em casa, num sábado a noite muito frio, quando Juliana ligou:

Lucila – Oi, Ju!!
Ju – Oi, Luci!! Eu sei que você deve estar de pijama pensando em ir dormir. Mas pode ir tomar um banho, ficar linda de morrer, porque você vai no aniversário do Tinho comigo.
Lucila – Tinho, seu primo?
Ju – Sim, meu primo que é apaixonado por você!!!
Lucila – Sim, seu primo que é apaixonado por mim, mas tem uma namorada há anos!! Já chega todas as furadas que eu tenho entrado né Ju? Cara com namorada não rola!
Ju – Este mesmo. Luci, você não precisa ficar com ele... você só tem que ir comigo... ele reclama que nunca vou nos aniversários dele... Vamos fazer assim: a gente vai lá, dá os parabéns pra ele e se estiver ruim a gente vai pra outro lugar, tá?

Lucila não estava com a menor vontade de sair de casa naquele dia. Ainda mais no aniversário do Tinho. Não que ele fosse feio ou mala... pelo contrário, era super charmoso... mas sabia que não ia dar em nada porque ele tinha namorada... Mas por outro lado não poderia deixar a amiga ir sozinha. Amiga que é amiga tem que ir nesses troços de família com a outra... mesmo que fosse sábado à noite, estivesse fazendo 5ºC e estivesse morrendo de sono. Além do que Luci tinha uma antiga filosofia de vida: “se não quiser que eu vá nem me convide, pois se convidar eu vou!”

Lucila – Ok, Ju. Passe pra me pegar daqui uma hora que eu vou com você. Mas lembrando desde já que é só uma passadinha hein?
Ju – Ok, Luci, obrigadinha, amiga!!! Vamos embora a hora que você quiser!!!

Reuniu forças do além e se arrumou. E lá foram as duas no aniversário do Tinho. Chegando no lugar, que Lucila tinha achado super estranho no início, na verdade era uma mega festa, 5 aniversários, num lugar que foi alugado só pra festa, com malabares, pirofagia, dj e drinks exóticos liberados a noite toda.

Entraram, encontraram Tinho, que recebeu os parabéns das duas e as deixou super à vontade na festa. Como bom mulherengo, fez alguns comentários no ouvido de Lucila. Mas a namorada dele apareceu e ele logo se comportou.

Lucila tinha que reconhecer que a festa estava boa. 80% dos convidados eram homens, só gente bonita, boa música e caipirinha liberada...

Juliana tratou de se arranjar logo. Conheceu um amigo de Tinho, um professor de academia com cabelo tónhónhóim... Enquanto os dois conversavam, Lucila reparava nos outros homens. E de longe, viu um deus grego da beleza... maravilhoso!!! Devia ter um metro e oitenta, cabelo castanho claro meio compridinho, sarado (mesmo por cima da blusa, Lucila reparou que ele era sarado), olhos verdes, super style, com um casaco azul pimbíssimo!!!

Lucila admirava aquele deus grego no meio dos humanos comuns, era de longe o cara mais bonito da festa... nem se atreveu a imaginar uma aproximação. Lucila sabia que o cara era muita areia pro caminhãozinho dela.

Então reparou que Ju já tinha ficado com o Tonhonhóim, que convidou as duas pra sentarem-se numa mesa.

Lucila foi, pois não conhecia ninguém e ia pegar mal ficar sozinha no bar no meio de tanto homem. A essa altura já sabia que Ju não iria embora quando ela quisesse como foi inicialmente combinado, mas amiga que é amiga agüenta a balada até o fim quando a outra se dá bem, então Luci começou a pensar numa forma de se divertir.

Na mesa que Tonhonhóim quis sentar estava a tia dele, uma senhora de uns 60 anos, que pesava uns 130 quilos, com um cabelo vermelho armado... enfim, uma figura. Inacreditável o cara levar a tia numa festa daquelas, mas enfim, era uma companhia pra Lucila, que não imaginava ser esse o divertimento da noite, mas se sentou para pensar em algo melhor.

A velha até que era divertida, Lucila deu altas risadas com ela enquanto Tonhonhóim quase engolia Juliana do outro lado da mesa. Lucila e a tia do cara tinham que gritar pra conversar, pois tinha um mala com um megafone que não parava de falar bem perto delas...
(continua)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A TÁTICA INFALÍVEL

Reunião familiar na casa da vó Betina, a matriarca da família Zara. Lucila até gostava daquilo. Mas na verdade estava um pouco deprimida porque tinha levado “o” cano no final de semana anterior. Sua amiga Clara tinha armado “o esquema” pra Lucila se encontrar com Juliano, mas não deu certo. Depois de estar linda, prontinha pra sair e encontrar Juliano, Clara avisou que o cara não ia mais. Foi como um balde de água fria. Lucila estava absolutamente convencida de que barcas não davam certo. Nunca tinha visto um encontro armado dar certo com uma pessoa próxima. Só o amigo da prima da amiga ou o cunhado da vizinha da tia... igual ganhador de sorteio e de loteria, nunca tinha acontecido com alguém real.

Mas tudo bem, lá estava Lucila, em pleno sábado com a sua família, comendo coxinha e tomando refrigerante sem gás... “porque as pessoas tinham mania de deixar o refri destampado ao se servirem???” Aquilo a irritava profundamente, que pensava num pretexto pra explicar seu mau humor, até que chegou sua prima Adriane, a mais louca e sem noção de todas, e por conta disso divertidíssima, claro!. Pelo menos iam rolar umas risadas, garantidas quando Adriane estava presente.

Lucila e Adriane estavam conversando no sofá, sobre gatinhos, parecendo duas adolescentes, quando chegou a tia Maria.

A tia Maria logo percebeu qual era o assunto... sentou-se com elas e começou a lembrar dos velhos tempos de solteira. E disse que tinha uma tática infalível: Quando ia sair, não tomava banho. Foi assim que conheceu o marido.

Lucila – O que tia??? A senhora não tomava banho??? Tá louca? Não consigo sair sem tomar banho!!! Imagina, levo cano até quando fico duas horas no banho, imagina se eu não tomasse banho.
Tia Maria – Mas é esse o x da questão. Toda fêmea atrai o macho pelo cheiro. É a lei da natureza. Os orientais afirmam isso! Até já vi uma reportagem na tv comprovando cientificamente essa tese. Se você toma banho antes de sair, passa creme disso, perfume daquilo, você acaba acabando com uma arma infalível da natureza.
Adriane – Sério tia?? Nunca tinha pensado nisso!!! Além de não tomar banho, vou dar duas voltas na quadra correndo antes de sair, porque não tenho pego nem gripe ultimamente!!!
Tia Maria – Claro que não... nem oito, nem oitenta né?!?! Você também não vai ficar dias sem tomar banho, senão o que você vai atrair é mosca. Você pode até tomar banho no mesmo dia. Mas nada de creminho de abacate com jiló, shampoozinho de uva com carambola e perfume de rosas com maçã verde!!! Você só deixa de tomar banho antes de sair e deixa de passar todo o aparato normal de costume. Façam isso, você vão ver que vai dar certo!!! É tiro e queda!!

Lucila e Adriane davam gargalhadas enquanto a tia Maria contava a tática. E depois resolveram que iam testar elas mesmas a tal teoria oriental... Combinaram de sair no dia seguinte, pleno domingão. Iam tomar banho só pela manhã, não iam lavar o cabelo e sairiam à noite. Não contaram nada para suas amigas, afinal não queriam admitir a sua versão cascão.

Lucila achou super estranho se arrumar pra sair sem tomar banho antes... mas ela PRECISAVA fazer aquela experiência. Tudo em nome da ciência!! Escolheu uma calça jeans justézima e uma blusinha infinita highway... como sempre!! Resolveu burlar o conselho da tia e lavou o rosto. Afinal, a base de uma boa maquiagem tinha que ser num rosto recém lavado... e limpo!!! Fez a maquiagem... Estava se sentindo super mal por não ter tomado banho... mas já tinha combinado com a prima... e era só dessa vezinha.

Adriane passou na sua casa e foram prum barzinho cujo melhor dia era domingo. A fila estava enorme, mas Luci e Adri não desistiram, ficaram 40 minutos na fila. E Adriane foi logo se arranjando na fila. Conheceu um gatinho e beijou-o ali mesmo. Lucila quis ir embora, não queria ficar segurando vela, mas o gatinho de Adriane convenceu Luci a ficar, prometendo apresentar vários amigos que estavam lá dentro.

E não é que bem o cara que Lucila mais gostou do lugar inteiro era amigo do gatinho da Adri? Ela já estava olhando pra ele quando ela ainda estava na fila e ele dentro do bar, mas jamais imaginaria que era bem naquela mesa que o tal cara ia se sentar. Começou a pensar que a tática começava a dar certo...

O nome dele era Rogério e ele logo se interessou por Lúci. Os dois conversaram a noite toda... Lucila não quis ficar com o cara assim do nada, no meio de um bareco que é só de conversar e que não rola azaração descarada. Mas como Lucila jamais conseguia dizer não a uma boa cantada, não resisitu! Beijou o cara gatíssimo na hora de ir embora, sem esquecer de lhe dar o seu telefone, claro! Afinal se a teoria da tia estava mesmo certa, e ela a cumpriu, ele com certeza telefonaria no dia seguinte.

As duas primas saíram do bar já meio cozidas às 2 da manhã, dando gargalhadas sobre a sua porquice e querendo ligar para a tia Maria pra contar que tudo tinha dado certo e que elas haviam comprovado a tese. Mas acharam que era muito tarde pra ligar para uma tia casada, e por isso no caminho de casa ligaram para todas as suas amigas! Juliana, Clara, Ana... afinal todas PRECISAVAM saber da tática para utilizá-la num momento de solteirice.

O gatinho que Lúci conheceu aquele dia não ligou... Mas ela tinha certeza de que foi porque ela lavou o rosto.
FIM

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

MENTIRA TEM PERNA CURTA

Sexta à noite... semana agitada... trabalho intenso, stress total, reclamações das amigas pela sua ausência em tudo... desde msn até o orkut... Lucila mal tinha tido tempo para pensar em suas unhas e cabelos nas últimas semanas... quem dirá para desperdiçar seu tempo com qualquer tipo de besteira... ela aproveitava o tempo livre para dormir... e se mantinha a par das fofocas por simples emails trocados com Juliana e Clara... mas isso não duraria além dessa noite... afinal era sexta!
Além do dia ser propício para uma baladinha, era aniversário de Clara, onde iam estar todas as suas amigas e, claro, os amigos do gatinho novo de Clara, ou seja, festa im-per-dí-vel.
Lucila sai de sua aula noturna, troca de roupa no seu carro, que estrategicamente tem os vidros super escuros, solta os cabelos, carrega a maquiagem e está pronta para a night...
Antes de entrar na festa confere os detalhes e pensa: “Estou infinitamente bem essa noite! Nada vai dar errado! Vou conhecer um gatinho, me dar bem e dormir feliz!”
Entra no bar e após dar 10 passos em direção ao local da festa dá de cara com Leonardo... quem era? O melhor amigo do seu último ex... ex-namorado, ex-pretê, ex-caso ou ex-ficante... chamem como quiserem, mas Frederico tinha sido o último cara que Lucila tinha beijado, mas que a dispensou sob a desculpa de estar se mudando para uma fazenda no interior do mundo para cuidar dos negócios do pai. Ô desculpinha barata!
Luci respira fundo, cumprimenta o amigo, e instintivamente olha para os lados a procura de Frederico, qual é a sua surpresa quando dá de cara com ele, sentado na mesa do bar... Lucila olha praquele ser, pensando como tinha sido louca por aquilo... Pensa: “o amor é cego mesmo... e pensar que eu comia um caminhão de merda por este cara!!! E ainda está com a mesma camisa de sempre...” Não que o encontro não desse um leve friozinho na barriga... Era um pouco constrangedor encontrar com o cara que tinha dado um pé na bunda dela e a tinha feito chorar muito, mas Lucila percebeu que tinha desencanado completamente de Fred. Fica confusa, não sabe direito como agir, se trata bem, ou se parte pra violência... mas com uma cara de superioridade, o cumprimenta, faz questão de dar beijinhos e trava um pequeno diálogo:
Lucila – E daí, como estão as coisas?
Fred – Tudo ótimo e você?
Lucila – Tudo ótimo também... trabalhando bastante, cheguei tarde pois estava dando aulas – pensando ao mesmo tempo: “não sou uma inútil como você que mente pros outros que cuida dos negócios do pai! Sou independente, estou bonita, e nada estraga meu dia hoje!”
Fred – Nossa, que legal. E o que está fazendo aqui?
Lucila pensa em dizer “Ora, essa pergunta devia ser dirigida A VOCÊ! Afinal quem mentiu que ia pro fim do mundo e continua aqui foi você, e não eu!” mas dá um sorrisinho e diz – Vim no aniversário da Clara.
Fred – Hummmm
Lucila, não resiste e pergunta – Ué, você não ia embora pro fim do mundo (com cara de cínica e inteligente, afinal ele teria que saber que ela não tinha acreditado naquela desculpinha barata...)
Fred – Pois é. Fui e já voltei... blá, blá bláááá.
Lucila sem mais paciência para escutar as baboseiras de Fred dá um tremendo corte nele – Mas então beleza, vou subir lá no aniversário pois já estou muito atrasada.
Fred – Ok
Lucila – Tchau

E sobe as escadas visivelmente perturbada e confusa, sem que Fred percebesse, pois a escada lhe dava as costas e sua única visão naquele momento era a bunda de Luci, a mesma que tinha sido alvo do pontapé de Fred, mas que naquela noite estava alucinante por conta do jeans novo (achado em uma promoção, mas ninguém precisava saber disso).
Após o surto psicótico inicial que acometeu Lucila quando chegou ao local do aniversário, contou pra todas as suas amigas que tinha encontrado o loser do ex lá embaixo, ela pede uma cerveja e se sente melhor! Era incrível o que fazia a companhia de suas amigas e uma boa cerveja gelada! Curava tudo!
A noite foi boa, Luci conheceu um gatinho novo, encontrou uns antigos, e colocou as fofocas em dia com as amigas depois daquelas semanas conturbadas.... foi pra casa para uma noite feliz, conforme tinha planejado.
No caminho, seu celular faz um barulho avisando que havia uma mensagem de texto. Luci pensa “deve ser a Ju perguntando se eu beijei mesmo aquele gatinho novo”. E, pela segunda vez no dia se surpreende com Fred! Era uma mensagem dele dizendo “oi”. Simplesmente oi. Mais nada!!!
Lucila indignada tem vontade de responder: “o que você está pensando seu loser mentiroso... que fala o que quer, me dá um pé na bunda com uma desculpinha ridícula e ainda quer que eu responda a mensagem de texto as 3 da manhã?” Mas prefere aderir à técnica da tortura chinesa e não responder nada... “o silêncio é a pior tortura...” o celular interrompe seus pensamentos... Fred dizia na mensagem seguinte: “não vai me responder?” Quanta cara de pau... Juliana já diria que todas aquelas mensagens eram reflexo do encontro daquela noite... Diria que Fred não resistiu à beleza de Luci, que viu sua bunda perfeita subindo às escadas e que se arrependeu de tudo de mal que tinha feito.... Mas não havia tempo de ligar pra Ju àquela hora da noite e Lucila resolve agir sozinha.
Responde secamente: “To respondendo, ok?”
Maldita decisão... O desgramado, que já devia estar cozido, não entendeu o “ok” e achou que fosse “o q” e começou a explicar que queria resposta pra o seu “oi”... O que fazia Lucila o repudiar cada vez mais, já que não enxergava esses traços de burrice e ignorância quando estava ao seu lado... “Ai, ai! Homem burro ninguém merece! Burro e loser!” Lucila divagava cada vez mais e começava a filosofar sozinha no meio da noite: “Tinha que ser hoje? Logo hoje que saí feliz da vida, encontrei um gatinho novo... Como é que pode? Faz mais de um mês que esse doido desapareceu e ele resolve aparecer na minha frente e mandar mensagens doidas beeem no dia que eu achei um gatinho novo? É muito azar! Deve existir alguma lei física ou matemática que diz que a probabilidade do seu ex reaparecer das trevas é diretamente proporcional ao fato de você encontrar um gatinho novo e beeem melhor do que o ex... Só pode ser isso! Deve haver uma explicação matemática!” E ri sozinha dos seus devaneios...
E Fred não desistia e escreveu: “Quero te ver agora, aonde você está?”
Dessa vez Luci ficou irada: “O que ele está pensando? Acha que eu estou à sua disposição??? Acha que eu sou mulher de marcar encontro as 3 da manhã? Comigo ou é às 8 da noite, ou esquece! (até parece!!) E agora? Preciso de uma resposta perfeita pra esse idiota sem mostrar qualquer envolvimento emocional... Seja fria, LZS! Pensa no exemplo da Clara... ela sempre tem boas respostas!”
Pensa em responder: “O que você está pensando seu fdp??? Que estou à sua disposição??? Quem disse que eu quero me encontrar com um loser como você a essa hora da manhã?”. Mas acha muito agressivo. Pensa em não responder, mas aquela era a chance de vingar todo o sofrimento que Fred tinha feito passar”. Pensa em escrever: “Você diz que vai embora, não vai, me conta uma história da carochinha, acha que eu acredito e ainda quer me ver? Não sou mulher de encontro às três da manhã..”, mas acha muito comprido e muito explicativo... Tinha que ser algo de mais efeito... Pensa, pensa, pensa... até que escreve sem titubear: “Sorry, não vai rolar” E pensa: “ótima resposta! Vai sumir agora! Pelo menos vê e se toca!” E a raiva contra Fred ia cada vez crescendo mais dentro de Luci, que a essa hora já estava em sua casa e não corria mais risco qualquer em dirigir embriagada e respondendo a mensagens de texto no meio da madrugada...
Para a surpresa dela chega uma nova mensagem: “Porque não rola me ver?”Lucila não acreditava que o cara tinha respondido a respostinha capciosa dela... “é muita vontade de me ver!!! A minha bunda realmente deve estar maravilhosa nesta calça”. Mas já cansada daquele joguinho de mensagens, e com a evidente falta de coragem de Fred de pegar o telefone e ligar pra ela, com vontade de ir dormir sem estragar o seu plano inicial de dormir feliz naquela sexta a noite que encontrou um gatinho novo, responde diretamente: “Porque não quero.” Desliga o celular, deita e dorme feliz... aliviada pela sua resposta, orgulhosa com a sua coragem e pensando: “quem mandou mentir... mentira tem perna curta...”

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O PRÍNCIPE QUE VIROU SAPO - Parte II (final)

Lucina combinou então de se encontrar em um barzinho barato (nada de restaurantes caros dessa vez), e ele pedindo algo para comer, umas cervejinhas, a conta já em torno dos 40 reais, e algum tempo depois, toda a lenga-lenga do “vamo pedir a conta” e ele responder com um “claro” aconteceu novamente. Lucila mais uma vez pagou a conta. Sem querer provocar situações constrangedoras, pois ela também se sentia assim, foi embora indignada com a certeza de que jamais daria chances a ele novamente.


Era como se Lucila tivesse virado mãe de um marmanjo da noite para o dia. E por isso se escondeu de todas as maneiras de Sandro. Não atendia telefonemas, não respondia e-mails, mas ele era brasileiro, e como todo brasileiro, o cara não desistia nunca!


Lucila, de saco cheio dessa situação, enviou um e-mail para o Sandro dizendo para ele parar de ligar e enviar mensagens, pois aquilo não podia continuar. Inventou que havia recebido uma proposta de trabalho na Finlândia, e que não queria se envolver com ninguém. Lucila não entendia porque não tinha coragem de contar a verdade a ele, que era por causa das contas pagas e de ele ser um total sem noção.


Sandro pediu um último encontro para entender melhor a situação e para
ver nos olhos de Lucila que ela não queria se envolver. Ele se mostrava tão desesperado que ela decidiu marcar novamente em um barzinho. Lucila chegou sentou e afirmou friamente toda a história do e-mail. Ele disse: “Vamos beber alguma coisa...”, e Lucila: “não obrigada”. Ela não queria beber, nem comer, pois não queria pagar mais nenhuma conta.


Entre choro e soluços, Sandro bebeu 2 copos de chopp. Lucila se levantou e disse: “Vamos embora! Eu não volto atrás da minha decisão. Quero ficar sozinha por um bom tempo.” E ele então, pediu a conta. Lucila pensou: “Até que enfim!”.


Porém, a hora que a conta chegou, ele novamente sequer tocou. Um súbito acesso de choro e soluço começou. Sandro dizia que não acreditava que aquilo estava acontecendo com ele, que todo aquele amor que ele tinha para oferecer estava sendo jogado no lixo. Se levantou da mesa e foi chorar fora do bar. E Lucila? Bem... Lucila ficou sozinha com sua velha conhecida: a conta.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

PERTURBAÇÕES MENTAIS PRÉ DIA DOS NAMORADOS - PARTE II (final)

A situação de Ana era bem diferente. O namorado dela tinha terminado com ela naquele dia. E o pior: ela já tinha comprado o presente do dia dos namorados dele. E o problema de Ana consistia em: dar ou não dar o presente??

Lucila: Ana, dá o presente que ele volta com você!!!
Juliana: Eu deixaria na portaria do prédio dele com um bilhete... só pra ele ficar com remorso... Eu já fiz isso com o Marco... e adivinha? Ele voltou correndo pra mim!!!
Lucila: Não, tem que dar pessoalmente!!!
Clara: Não dá presente nenhum!!! O que ele tá pensando?? Termina com você e ainda ganha presente? Nada disso, Ana, amanhã vamos no shopping trocar por alguma coisa pra você sair na balada, naquelas baladas de solteiros bem no dia dos namorados.

Ana continuava com o dilema mental e sem saber o que fazer... sequer tinha forças pra pensar na balada do dia seguinte... por isso chamou o garçom e pediu mais uma cerveja... numa dessas um porrete lhe ajudava a ter uma luz!

O problema pré-DDN de Lucila era bem maior: ELA NÃO TINHA NAMORADO, NEM ROLO, NEM EXPECTATIVA DE ARRUMAR UM NAMORADO ATÉ O DIA DOS NAMORADOS!!! Ela ajudou a solucionar o problema de todas as amigas, mas não tinha meios para resolver o seu. Isso a deixou extremamente deprimida, principalmente depois de 10 cervejas e 18 cigarros!!!

Lucila estava indignada, pois a cidade estava cor-de-rosa há duas semanas. Eram outdoors, folders no sinaleiro, propaganda na tv, decoração de coração nos shoppings... tudo lembrava aquilo que ela queria esquecer: que existia dia dos namorados...

Lucila: será que os publicitários nunca pensaram que o índice da população solteira nesse século aumentou significativamente? Poxa Ju, fala pro teu irmão (que é publicitário) que seria uma idéia genial inventar uma forma de atrair os “sem-namorados” no dia dos namorados.
Clara: Ah Luci, você quer um outdoor que diga “Não gaste 120 pila num presente pra alguém! Invista em você!”
Ana: Ou então “Abaixo os corações e as rosas, o dia dos namorados deve ser amarelo!”
Juliana: pensando bem podiam inventar uma forma de evitar as filas nos restaurantes e nos motéis no dia dos namorados!
Lucila: VSF Ju... meu problema é muuuuito maior!

E todas caíram na gargalhada, cada uma com um problema maior que o outro, resolveram ir embora, então.

E chegou o dia dos namorados... Juliana acabou saindo com o namorado, num encontro mega-romântico. Clara acabou comemorando o dia dos namorados, conseguiu descobrir que realmente estava namorando, recebeu e ganhou presente. Ana até o dia dos namorados já tinha voltado com o seu namorado e também estava acompanhada neste dia.

E Lucila??? Até Lucila se deu bem!!! Resolveu aproveitar o conselho dado pela amiga Ana e foi numa dessas baladas de solteiros bem no dia dos namorados. Acabou conhecendo um cara MARAVILHOSO, que acabou ficando com ela.

Um final feliz para cada uma delas... e a conclusão que todas as suas piores previsões não se concretizaram... ainda bem! Agora o dilema virava outro... começava a história de Lucila com outro gatinho... será que dessa vez ia dar certo? É esperar pra ver...
(final)

sábado, 18 de outubro de 2008

O PRÍNCIPE QUE VIROU SAPO - Parte I

E lá estava ele, no canto do bar da moda, olhando para ela. Paquerando na maior cara-de-pau! Nossa! Fazia tempo que Lucila não se sentia tão viva! Depois de um relacionamento conturbado, ela estava mais que ansiosa por experimentar a vida de solteira novamente.


Lucila cutucou uma amiga após a outra para que ela mesma se convencesse que o sózia do Marcelo Antony estava de fato olhando para ela. E minha gente: ele estava!


Foi então que entraram no bar 5 amigos babacas do ex-namorado (sim, porque pior que ex-namorado, são os amigos babacas do ex-namorado. Aliás, ex bom é ex morto, já dizia o poeta). Lucila tentou se enfiar no primeiro buraco que encontrou, sem sucesso (é claro), e foi obrigada a cumprimentar os tais sujeitinhos. Todos os ressentimentos relacionados ao ultimo relacionamento começaram a brotar e quando ela estava quase esquecendo os olhares incisivos do tal bonitão, uma luz divina iluminou suas idéias.


Pensou: “Como posso desperdiçar tal oportunidade de ficar com um cara lindo e fazê-los contar para o ex que eu estou SUPER bem, com um gato maravilhoso, e que parece que não aconteceu nada demais comigo”?


Esse pensamento a fez ela voltar ao bar e se concentrar nos olhares do Marcelo Antony. Que corpão! Que sorriso! E ele se aproximou. Pronto! Primeiro contato fonético feito! Que voz! Conversa vai, conversa vem, e em menos de 5 minutos: que lindo! Que cheiroso! Que bem humorado! E para terminar, dançava bem! No fim da música, Lucila facilitou um beijo, e pronto, todos os amigos do ex assistiram de camarote o tal do beijo, mas naquela altura, os planos de Lucila já eram outros, pois o beijo era maravilhoso! Meia hora mais tarde, e Lucila já fazia planos de casamento em sua cabeça, como ela daria a notícia à família, e como ele seria um bom cozinheiro. Ai ai... Sandro era o nome do sózia do Marcelo Antony. Sandro e Lucila... nada mais perfeito.


No dia seguinte ele ligou! Um fofo! Disse coisas que todas as mulheres amam escutar, e a convidou para um jantarzinho a dois. Sandro então explicou que estava sem carro por um tempo. Logicamente, Lucila aceitou o convite e se ofereceu para buscá-lo.


Chegado o grande dia, foram a um restaurante bem legal. Lucila escolheu o prato e o vinho. Tudo perfeito! Compania melhor! As horas passando, o vinho acabou. Sandro então pediu outro vinho maravilhoso para acompanhar aquele momento. Após terminar o jantar:


Sandro: Lucila, você é maravilhosa, e pra você saber: a noite está apenas começando.

Lucila com um sorriso no rosto: Que tal pedirmos a conta então?

Sandro: Claro!


Mais 15 minutos de conversa e risadas:


Lucila: Mas então, vamos pedir a conta?

Sandro: Vamos sim!


E conversa, e risada, e Lucila já não entendendo o porquê que ele não tomava a iniciativa de pedir a conta, pediu ela mesma. A conta chegou minutos depois e ele não abriu a conta para ver quanto tinha saído o tal jantar romântico. Agoniada com a situação, Lucila não se conteve e aproximou a conta ao Sandro. Após 40 minutos de conversa, nada havia mudado. Era ela de um lado da mesa, ele do outro e a conta no meio. Aliás, não tão no meio. Mais para o lado do Sandro do que da Lucila.


Lucila aflita com a ausência de atitude do Sandro em pagar a conta ou pelo menos falar um “vamos dividir”, pegou a conta e abriu. O valor R$175,00. Realmente ele tinha bom gosto para escolher vinhos, pois escolheu o mais caro do cardápio.


Tirou a carteira da bolsa, para ver se ele se coçava, e dizia “não faça isso... eu faço questão de pagar", mas doce ilusão. Pagou a conta, e ele o apenas elogiando as mãos lindas dela enquanto preenchia o cheque.


Ao sair do restaurante, Lucila já sabia o caminho que tomaria depois de tamanha decepção: o levaria direto para casa. Foi então que Sandro pediu para dirigir o carro. Naquela altura do campeonato nada mais a surpreenderia, então não se opôs.


Sandro então, se dirigiu a um dos melhores motéis da cidade. Mais que depressa, Lucila entendeu que foi por causa disso que ele não pagou o jantar, pois planejava passar a noite com ela em uma daquelas suítes maravilhosas! Logo passou a má impressão, e o fato do restaurante já era coisa do passado.


Passaram algumas horas no motel, e na saída, mais uma decepção. Sandro ao “procurar a carteira” se deu conta que havia esquecido em casa. Diante àquela situação extremamente embaraçosa, Lucila se viu obrigada a pagar mais uma singela conta.


Lucila chegou em casa com um pensamento único: Sandro era mais que carta fora do baralho.


Na semana seguinte, as ligações dele não paravam, e Lucila apenas driblando o batedor de carteira. Porém, uma coisa não saía da cabeça dela: “Como pode existir alguém na face da Terra tão cara-de-pau? Será que ele realmente esqueceu a carteira e ficou com vergonha de contar no dia?”. Então, na boa fé, resolveu dar mais uma chance, afinal ele era um homem agradável e bonito demais para ser aproveitador.


Continua...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

PERTURBAÇÕES MENTAIS PRÉ DIA DOS NAMORADOS - PARTE I

Era quinta-feira à noite, encontro anual das meninas da ex turma da faculdade. Depois de terem trocado e-mails entre trinta meninas, não se sabia ao certo o endereço, nem o que serviam... Umas queriam barzinho (como Lucila), outras queriam tomar sopa (programa de vovós), algumas preferiam café colonial (palpite de Juliana) e outras queriam um meio termo. Acabaram num restaurantezinho na PQP com buffet de sopas (ninguém merece!!) e massas. E depois de muita discussão com o dono do restaurante, não conseguiram juntar as mesas. Resultado: 20 mulheres, cuja maioria não se via há um ano, divididas em mesas de quatro pessoas, sentadas cada uma num canto, se falando por entre as mesas. Imagine o barulho!!!

Após o jantar, lá pelas nove da noite, Lucila que já não agüentava mais ficar naquele ambiente cheirando a naftalina e 100% feminino conseguiu persuadir três amigas pra sair dali e ir pro boteco. E lá foram Lucila, Juliana, Clara e Ana, pro barzinho preferido dos encontros femininos, da ala mais jovem, é claro.

Sentaram na mesa, pediram uma cerveja, cada uma acendeu o seu cigarro e lembraram que faltava quatro dias para o dia dos namorados. E nenhuma delas estava confortável com a proximidade daquela data.

Juliana, que tinha um namorado de séculos, chorava as pitangas às amigas porque tinha gasto R$ 120,00 num presente pro namorado. E na mesma loja tinha um casaquinho de veludo L-I-N-D-O, com o mesmo preço, inclusive... Mas como estava no vermelho, teve que escolher entre o casaquinho e o presente do namorado. Sabia que tinha feito a escolha certa, afinal ela tinha que dar um presente pra ele, mas ainda estava doendo a facada dos 120 pila.

Mas a revolta de Juliana não parava por aí. Marco andava muito ocupado nos últimos tempos, e Juliana estava com medo dele não poder sair exatamente no dia dos namorados.

Juliana: “Se ele não sair comigo, azar o dele!!! Eu vou sair acompanhada no dia dos namorados, COM OU SEM O MARCO!!”

O problema de Clara era um pouquinho diferente... estava apaixonada!! Estava ficando com Guga há três semanas e o problema era o seguinte: estava ou não estava namorando? Comprava ou não comprava um presente? E se ela comprasse presente e ele não desse nada? E se ela não comprasse nada e ele desse um puta presente? E se ele sequer ligasse no dia dos namorados? O que fazer???

As opiniões se dividiram no debate feminino quanto a este ponto. Todas elas já tinham passado por aquela situação de não saber se estavam namorando no dia dos namorados. Lucila contou que já tinha passado por esta situação: certa de que não estava namorando, foi surpreendida com um presente do até então “rolo”. E ela não tinha comprado NADICA DE NADA pra ele... Foi uma situação super chata.

Então todas concordaram: Clara deveria comprar um presente. Mas um presente pequeno e trocável. Pequeno pra caber na bolsa e só ser utilizado caso Guga desse um presente pra ela. E trocável caso Guga não desse nenhum presente pra ela, isso seria péssimo pois significaria que eles não estariam namorando, mas ao menos ela poderia trocar o presente por algo pra ela.

E a discussão não parou por aí. O presente não poderia ser muito caro, pois o “namoro” era muito recente, nem muito pessoal, pois ainda não se sabia direito qual era o estilo, nem o gosto de Guga. Todas estas restrições fizeram com que o presente só pudesse ser duas coisas: ou livro ou dvd. E mesmo assim a bolsa tinha que ser de média pra grande pra caber.

Clara: Tá. Mas se eu comprar o livro ou o dvd e ele nem me ligar?
Lucila: Ah, minha filha, você tem que estar preparada pra qualquer coisa.
Juliana: Eu acho que ele vai te ligar... Mas há a possibilidade remota dele não ligar.
Ana: Você tem duas opções, caso ele não ligue: ou você liga pra ele, ou fica chorando em casa com os seus cachorros.
Clara: Se eu comprar esta m... deste presente e ele nem ligar, sabe o que eu vou fazer??? Vou enfiar o presente no...
Lucila: Calma, Clarinha... Não precisa entrar em detalhes do que você vai fazer com o presente, mas responda uma coisa. Entre dar o braço a torcer e ligar pra ele ou ficar chorando em casa, qual das duas coisas vc faz?
Clara: Fico chorando em casa!!!
Lucila: Ah, mas você é muito diferente de mim, viu??? Eu ligaria... Se desse 6 da tarde e ele não me ligasse, eu ligaria, assim como quem não quer nada, só pra dar uma sondada e ver se ele falava alguma coisa...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

A CONFUSÃO - PARTE II (final)

Pediu mais uma dose no bar. “Dupla”. Bebeu num piscar de olhos, porque estava morrendo de ódio daquela baranga idiota que tinha roubado o seu Adriano...

Quando viu o casal na fila pra pagar, Lucila foi até eles, pois o semancol já não estava mais fazendo efeito e não podia deixar de pedir pra Adriano mandar as fotos da Espanha pra ela ver. Isso era uma coisa imprescindível!!!

Adriano então percebeu o estado alcoólico de Lucila. Adriano realmente ficou preocupado. Chamou Fernando e pediu que ele cuidasse de Lucila e se fosse o caso a levasse pra casa.

E então Fernando foi cuidar de Lucila. Cuidou bem até demais!!! Fernando e Lucila acabaram ficando. Fernando pensou: “O Adriano já foi embora mesmo...”. Mas, quando os dois estavam no bem bom e nem pensavam mais em Adriano e na baranga do 42, Fernando sentiu alguém cutucando... (Putz, tinha esquecido do Luciano – irmão do Adriano). E a situação ficou complicada.

Afinal... quem ali não estava numa saia justa? O garanhão que ficou com as duas vizinhas e encontrou as duas numa mesma festa, estando acompanhado de uma delas? O amigo do garanhão que ficou com a amiga de sua ex-namorada e também ex do seu melhor amigo? O irmão do garanhão que viu tudo e não sabia o que contar? A baranga que ficou com o ex da vizinha?? Ou Lucila, que ficou com o ex de sua amiga e amigo do seu ex? E ainda por cima viu seu ex ficando com a sua vizinha??

Era muita confusão pra uma noite só... Lucila e Fernando ficaram um pouco envergonhados quando viram Luciano... mas a m... estava feita. O jeito era aproveitar. Ficaram o resto da noite, mesmo com a presença de Luciano. Fernando foi levar Lucila pra casa (já quase recuperada da bebedeira) e no caminho Adriano não parava de ligar pra Fernando... queria se encontrar num carrinho de cachorro quente depois pra conversar. Fernando disse que iria assumir que tinha ficado com a ex do amigo, afinal, Adriano não tinha muita moral pra reivindicar Lucila pra ele.

Adriano e Fernando conversaram naquela noite e resolveram que um não devia nada pro outro, continuavam amigos. Luciano saiu como o dedo-duro da história, porque tinha contado tudo o que viu pra Adriano.

Passados alguns meses, Lucila acabou encontrando Adriano casualmente, mais uma vez. Os dois conversaram e decidiram que não tinha nada a ver um ficar de cara com o outro... O que aconteceu, aconteceu e nenhum deles tinha sido 100% correto com o outro.

E como Adriano era irresistível, Lucila acabou ficando com ele nesta ocasião... E quando Adriano foi levá-la pra casa e ficaram aos beijos na frente do prédio de Lucila, a baranga do 42 chegou!! Desceu do carro da amiga, logicamente reconheceu o carro de Adriano, entrou no prédio e nunca mais olhou na cara de Lucila.

domingo, 12 de outubro de 2008

CARA DE PAISAGEM - Parte II (final)

E assim a pergunta de Lucila foi estranhamento respondida. Ela era finalmente alguma coisa de alguém, mesmo não sendo exatamente a palavra que gostaria de escutar...


Na semana seguinte Lucila estava novamente na TNTS. Desta vez foi recepcionada por Gustavo. Pedro não estava à vista, e resolveu não dar bandeira naquele momento e perguntar sobre ele. Resolveu aguardar.


Como já estava prestando serviços à empresa há algum tempo, já tinha adquirido uma certa intimidade com as pessoas. Foi por isso que Gustavo mais que depressa convidou Lucila para a festa de aniversário de Junior que seria exatamente naquele dia em um barzinho conhecido da cidade. Como Lucila estava sem carro, Gustavo se ofereceu para buscá-la, e sem conseguir antes falar com Pedro, ficou sem saída para aceitar.


Mas meu Deus! Já eram 11 horas da manhã, e nada do Pedro aparecer na empresa. Lucila não se agüentava de saudade e curiosidade para saber se Pedro viria pro trabalho e se mais: ele estaria no aniversário?


Logo depois do almoço, Pedro chega à empresa, cumprimenta Lucila de maneira mais fria que o normal, mas ela resolveu não dar importância, afinal estavam no trabalho, e ali teria que ser daquela forma.


O dia acabou, e Pedro sem nem se quer dar um sorriso de canto de boca para ela. Algo não estava certo. Novamente afastou os pensamentos de mulher insegura da cabeça e resolveu aguardar.


Durante o dia todo, o assunto na empresa era o tal aniversário de Junior. Lucila escutou Gustavo falando com Pedro que disse que iria sim se Gustavo desse carona a ele, pois estava sem carro. E Gustavo disse que não havia problema, pois depois de pegá-lo passaria na casa de Lucila.


Assim que pôde, Lucila despediu-se de todos, confirmou o horário com Gustavo, e correu para casa para colocar a melhor roupa que tinha, o melhor perfume e a melhor maquiagem!

Ligou no celular de Pedro assim que saiu da empresa, e caia direto na caixa postal. “Tudo bem! Deve ter acabado a bateria!”, pensou a otimista Lucila.


Oito em ponto. Toca a buzina. Era Gustavo. Lucila sente seu coração bater, imaginando que lá estaria Pedro também! Desceu toda contente, mas ... deu de cara apenas com Gustavo no carro.


Entrou sorridente, sem entender, e pensou: “Ele deve estar indo buscar agora o Pedro.”


E papo vem, papo vai. Pararam na frente de outra casa. Gustavo disse: “Luci marquei de dar carona para o Walter e o Luizão também. Então não liga que vou parando no caminho.”


Lucila assentiu com a cabeça e na sua garganta estava lá a pergunta que não queria calar: “Cadê o Pedro?!?!!?”.


Entra o Walter no carro, conversa vai, conversa vem, pararam na casa do Luizão, conversa vai, conversa vem. Lucila estava sendo simpática e sorrindo de tudo e de todos há mais de 28 km. E mesmo com apenas aquele enorme ponto de interrogação pairando sobre sua cabeça estava ela ali, firme e forte.


Não agüentando mais, Lucila soltou em tom de brincadeira:


LUCILA – Então Gustavo, esse nosso frete vai passar por onde agora? Já pegamos o Walter, o Luizão, agora só ta faltando o Pedro né!?


Nessa hora todos gargalharam no carro, e Lucila seguiu para não parecer estranho. Sem entender, aguardou que um deles explicasse o motivo da graça, pois a piada dela tinha sido totalmente sem graça. Não demorou muito para que isso acontecesse:


GUSTAVO falando em tom de deboche para Walter – Cara! Ainda bem que sou solteiro, pois você acredita que a namorada do Pedro resolveu dar uma incerta e aparecer essa semana na casa dele!?!

WALTER – É verdade cara? Ela veio de Itararé pra ca??

GUSTAVO – É! Agora o Pedro não escapa! Vai ter que casar!


O estômago de Lucila embrulhou, sentiu tonturas, ficou branca, xingou todas as gerações do Pedro! Mas, naquele momento, era necessário manter a cara de paisagem. Chegou na festa, ficou meia hora, pegou um taxi e voltou para casa! Arrasada.

Fim...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A CONFUSÃO - PARTE I

Sexta à noite. Dia internacional da balada. Festa fechada, só gente bonita. Alguém conseguiu uns convites vips. Não tinha como recusar uma balada assim. Lucila chega na festa. Uma dose de vodka com qualquer coisa atrás da outra. A festa tava muito boa!!!

Até que olha e vê Adriano. Nossa!!! O Adriano era um ex-rolo de Lucila de 500 anos atrás. Os dois tinham feito cursinho juntos. Depois do cursinho ele foi embora pra São Paulo, mas sempre rolava um cineminha nos domingos que ele estava em Curitiba. Lucila teve um rolo longo com Adriano. Mas nada sério e com várias interrupções. Até que um dia Adriano foi fazer um curso na Europa, ia ficar três meses, mas devia ter voltado há algum tempo e não tinha mais dado o ar da graça.

Lucila começou a observá-lo de longe. Nossa, como Adriano era lindo. Boca grande, sarado (daqueles que parecem um triângulo), meio pit boy, nariz grande (Lucila tinha um gosto estranho e realmente gostava de caras de nariz grande), tinha uma voz linda e um leve sotaque cafajeste, o que o deixava irresistível... Ai, o Adriano era tudo de bom... Lucila tremia nas bases quando o encontrava.

Até que percebeu que Adriano estava acompanhado. Lucila então resolveu reparar na baranga que estava com ele. Não acreditou no que viu!!!! “Tenho que achar a Juliana!!!!”. Juliana, claro, estava no bar, na sua 6ª dose. Lucila chegou eufórica:

LUCILA – Juuuu, guria, vc não vai acreditar quem está aí.
JULIANA – O George Clooney??
LUCILA (pensando como Juliana às vezes era irritante... ainda mais quando bebia) – Não, o Adriano.
JULIANA – Aquele seu rolo de SP?
LUCILA – Ele mesmo!!! Sinta meu coração.

Juliana então percebeu que era mesmo o Adriano que estava ali. Lucila sempre ficava deste jeito quando encontrava este cara: com o coração disparado e as pernas bambas. E olhe que ele nem era tudo isso, na opinião de Juliana.

JULIANA – Guria, mas ele não tinha ido pra Espanha?
LUCILA – Tinha, mas já voltou pelo jeito. E o pior você não sabe. Sabe quem é a baranga que está com ele?
JULIANA – A Julia Roberts??
LUCILA (quase chorando) – Pára Juuuu... é sério!!!!
JULIANA – Quem?
LUCILA – Minha vizinha!!
JULIANA – Mora no mesmo prédio que você??
LUCILA – Ju, ela mora no mesmo ANDAR que eu!!!! Somos vizinhas de parede!!! Eu moro no 41 e ela mora no 42!!!
JULIANA – Olha Luci, acho q você bebeu demais e está tendo alucinações. Vamos lá perto e você vai ver que não é a sua vizinha.

Aproximaram-se do casal. Lucila então confirmou sua suspeita. ERA SUA VIZINHA!!! Era muita coincidência!! Lucila então pegou mais uma dose no bar e ficou na espreita. Adriano não a tinha visto ainda. Lucila aproveitou quando a baranga do 42 foi ao banheiro e foi falar com Adriano.

Adriano mostrou-se muito surpreso por encontrar Lucila e um tanto quanto incomodado, primeiro por estar acompanhado e depois porque certamente já estava sabendo que uma era vizinha da outra.

Junto com Adriano estava o seu irmão Luciano e seu melhor amigo Fernando. Os três estavam sempre juntos e também por coincidência Fernando, o amigo de Adriano, já tinha namorado uma amiga de Lucila. Mas esta era uma coincidência antiga...

Adriano estava conversando com Lucila, contando da sua viagem à Espanha e que não tinha tido tempo de ligar pra ela ainda (historinha, né??) quando apareceu a baranga. Adriano nem apresentou as duas... sabia que elas já se conheciam. E pela cara que a baranga do 42 fez quando viu Lucila, Adriano já tinha se encarregado de contar o rolo que tinha tido com Lucila. E qual cara ia deixar de contar pra todo mundo que já tinha pego duas meninas do mesmo prédio???

As duas cumprimentaram-se... mas saíam faíscas, tanto do olhar de Lucila quanto da baranga. Lucila então se afastou... embora tivesse bebido horrores ainda tinha um pouco de semancol.
(continua)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O MICO

Lucila acorda na manhã de sexta-feira... Assustada, pois a princípio seria um dia de trabalho normal, mas depois que o seu celular dispara ela lembra que é o seu primeiro dia de férias e pensa “Não havia dia melhor pra começar as férias!!! Ainda mais com essa ressaca desgramada! Meu Deus como eu bebi ontem!”

Seguindo o ritual habitual da ressaca, foi até a cozinha, em busca de seu comprimido básico anti-ressaca (que na verdade não adiantava nada, mas estava no rol de seus vícios, ao lado do cigarro, bebida, chocolate e gatinhos) e começou a fazer uma retrospectiva da noite anterior. “Essa história de ‘pede um drink, ganha outro’ definitivamente não dá certo”. Pela milésima vez prometeu que na próxima saída se conteria e pararia na segunda dose. Não achou o comprimido e então lembrou que poderia estar na sua bolsa.


Tenta achar a bolsa que tinha usado na noite anterior, mas no meio de roupas, sapatos e meias jogados pelo chão quarto, estava realmente ficando difícil... Pensava lentamente para que os seus pensamentos não agravassem a dor de cabeça: “Pq quando a gente fica cozida joga todas as roupas no chão e dorme do jeito que caiu na cama?” Como se ela não jogasse as roupas no chão em dias normais...

Acha a bolsa e a abre a procura da cartela de comprimidos, mas quando abre o zíper (de uma bolsa micro de night que mal cabia o celular, carteira e chave de casa...) pula lá de dentro um sutiã!!! Um sutiã dentro de uma bolsa pequenina fazia um filme começar a passar na mente de Lucila: um filme de terror!!!

Corre pro telefone:

Juliana – Alô (quase morrendo).
Lucila – Ju de Deus aconteceu uma coisa terrível e vc tem que me ajudar!
Juliana – Ã? (ainda tentando descobrir quem estava ao telefone).
Lucila – Ju, presta atenção: acorda pra me escutar.
Juliana – Ah Luci... é vc... o que aconteceu sua loka? Ainda é madrugada.
Lucila – Não, não é mais madrugada! Já são 8 da manhã e minhas férias começaram do pior jeito possível!
Juliana – Ai... lá vem... o que vc aprontou?
Lucila – Guria, fui abrir a minha bolsa hoje de manhã e sabe o que PULOU lá de dentro?
Juliana – ã? Um rato?
Lucila – Um sutiã!
Juliana – Noooossa, quer dizer que a noite com o Samuca (apelido de Samuel, o então gatinho de Luci) foi forte mesmo! ahahahaha
Lucila – Claro que não guria!
Juliana – Tá e vc tirou o sutiã onde então?
Lucila – Lembra que estávamos no Double Drink e a Clara me levou uma blusa dela de presente?
Juliana – Aham.
Lucila – Eu troquei de blusa no banheiro, e como não dava pra usar com sutiã eu o coloquei na bolsa...
Juliana – Tá e daí?
Lucila – Juliana, você não está prestando atenção!
Juliana – Claro que estou guria! Eu só estou tentando abrir os olhos nesse sol que está batendo na minha cara pois eu to numa puta ressaca. Assim como vc! Esqueci de fechar o blackout do meu quarto!
Lucila – Guria, enfim, mas o fato é que eu lembrei de tuuuudo! Depois que saímos do Double Drink fomos encontrar o Samuca, certo?
Juliana – Certo. Ele e TODOS os amigos gatenhos dele! Guria, eu devia ter beijado aquele amigo dele... não era maravilhoso...mas eu dava uns beijos nele...
Lucila – Presta atenção em mim!!! Primeiro: os amigos dele devem estar me achando uma doida e cozida que vai conhecer os amigos do futuro namorado num baita porrete!
Juliana – Até aí eles estão completamente certos... mas o que há de errado nisso?
Lucila – Segundo: eu estava mesmo de porre e entreguei a minha bolsa pro Samuca pagar a conta e saí do bar pra tomar um ar enquanto ele estava na fila.
Juliana – (que só acorda nesse momento) COMO QUE VC FEZ ISSO LUCILA?
Lucila – Amiga, eu tava absolutamente cozida! Jamais ia lembrar que tinha um sutiã na minha bolsa...
Juliana – ahahahahaha que engraçado Mas e o sutiã era sexy ao menos?
Lucila – NÃAAAAAAOOOOOO!!! É um feio ainda! Feio, surrado e ainda por cima daqueles beges! Estou com medo de olhar, mas acho que tem até um furo!!!
Juliana – ahahahah Mas será que o Samuca viu?
Lucila – Não tem como não ter visto um sutiã com bojo tamanho 42 numa bolsa tamanho mega PP e ainda por cima surrado! O que ele deve estar pensando de mim?
Juliana – Deve estar pensando que vc é uma doida e bêbada que esquece o sutiã na bolsa...
Lucila – Ai meu deus, o que eu faço?
Juliana – Tem algo pra fazer?
Lucila – Acho que não! É só rezar, pois acho que ele não vai me ligar nunca mais na vida...
Juliana – É uma possibilidade, mas não acho que isso vai acontecer... todo mundo tem um sutiã surrado! Aliás, não tem nada tão confortável como um bom e velho sutiã furado!! Ehehehe. Na verdade, se o Samuca realmente quer algo sério com você, já estava na hora dele saber como são os seus sutiãs velhos e surrados... hahahaha.
Lucila – Ajudou muito
Juliana – Valeu, agora me deixa voltar a dormir
Lucila – OK, bjo
Juliana – Bjo

E começa a perturbação mental de Luci. Milhões de hipóteses sobre o que pensou Samuca e quais as conseqüências daquilo passaram pela cabeça de Luci. Mas fumou um cigarro na sacada e foi dormir outra vez, ainda com medo de olhar se o sutiã estava realmente furado...

É claro que não conseguiu dormir... não bastasse aquela ressaca insuportável não conseguia parar de pensar no fato do Samuca (por quem ela estava absolutamente apaixonada a essa altura do campeonato) ter visto o sutiã dela... não só isso: do que ele iria pensar.
“Droga! Agora que eu achei um cara legal, gente boa, inteligente, por quem eu realmente me apaixonei, eu estraguei tudo! Ele vai desaparecer!!! Também quem manda beber até morrer? Quem manda deixar as suas amigas mais bêbadas ainda ligarem pro seu gatinho... e pior: quem manda mesmo depois de inuuumeras bebidas ir encontrar o cara em outra balada!!! E pior ainda (pode acreditar que fica pior): eu cheguei bêbada as 11 da noite!!! Como vou explicar que a promoção do Double Drink começava as 7??? ELE NUNCA VAI ACREDITAR!”
(fim)

domingo, 5 de outubro de 2008

Filosofia de Bar

"Homem é igual a orelhão: 80% não funciona, e o resto está ocupado!"

sábado, 4 de outubro de 2008

CARA DE PAISAGEM - Parte I

Lucila dedicava-se à profissão de corpo e alma. Não tinha o emprego dos seus sonhos, mas sentia que ainda tinha muito que aprender onde estava. Seu esforço era reconhecido e sentia-se cada vez mais segura no que estava fazendo.


Certo dia, seu chefe lhe propôs um desafio maior. Lucila que sempre foi coadjuvante no trabalho, deveria agora que dar consultoria a um novo cliente sozinha. Logicamente que tudo aquilo foi visto com muito bons olhos, e prontamente ela aceitou o trabalho. Pegou o cartão de um dos sócios da empresa e mais que depressa entrou em contato para marcar a primeira reunião:


PEDRO – TNTS, Pedro.

LUCILA – (Nossa que voz bonita) Olá Pedro, aqui é a Lucila da ZTX.

PEDRO – Ah! Pois não?

LUCILA – (Pareça profissional! Pareça profissional!) Preciso marcar uma reunião para acertarmos alguns detalhes da consultoria. Serei eu a responsável por esse trabalho.

PEDRO – Ok. Pode ser amanhã às 11 horas?

LUCILA – (Nossa! Já?? Ai meu Deus!!) Claro Pedro. Está marcado então.


Lucila estava um pouco nervosa, era a primeira vez que estava assumindo tanta responsabilidade sozinha. Imaginava tudo, como agiria, como falaria, como seria Pedro, jovem, mais velho, pragmático, gente boa, tranqüilo, exigente. Queria parecer de toda maneira profissional.


No dia seguinte apareceu na empresa no horário marcado. Uma secretária a colocou em uma sala de reunião para aguardar Pedro. Conferiu mentalmente todos os assuntos que deveriam ser discutidos e de que maneira. Até que Pedro entrou na sala junto com mais 2 colegas.


Lucila levou um susto, pois esperava alguém bem mais “maduro”. Pedro era jovem, loiro, estatura mediana, simpático e dono de um charme só dele.


PEDRO – Olá. Você deve ser a Lucila da ZTX. Certo?

LUCILA estendendo a mão – Certo. Prazer.

PEDRO apresentando os demais participantes da reunião – Vamos lá. Esse é o Gustavo, e esse é o Junior. Ambos trabalharão neste projeto também.

LUCILA estendeu a mão aos demais – Muito prazer.

PEDRO iniciando a discussão – Qual a estratégia então?


Enquanto Lucila discursava e discutia a estratégia com os rapazes, ela percebia que Pedro a olhava diferente. Lucila, sem jeito, fez que não percebeu e prosseguiu a reunião, porém pensava “MEU! Que cara sem vergonha!”


Ao final da reunião haviam acertado a primeira visita de Lucila para início da próxima semana, quando ficaria o dia todo trabalhando dentro da empresa do cliente por uma semana inteira.


Lucila estava satisfeita com seu desempenho na reunião e se preparava para a semana que passaria no cliente. Planejava até mesmo quais roupas usaria. Seus terninhos proporcionavam o ar profissional, mas algo a fazia querer estar bonita também, e esse algo era o olhar de Pedro.


Chegada a semana, Lucila chegou pontualmente conforme combinado com Pedro. E assim foi a semana inteira. Lucila executou seu trabalho impecável. Toda vez que ia falar com Pedro sobre algum item do projeto, ele parava o que estava fazendo e prontamente atendia suas solicitações. E toda vez Lucila sentia os olhos de Pedro percorrerem seu corpo ficava contente com o “resultado”.


Lucila prometia para si mesma que não misturaria trabalho com sua vida amorosa e por isso não demonstrava a Pedro que ela estava percebendo.


Na quinta-feira daquela mesma semana, Pedro não se conteve.


LUCILA – Pedro, você pode me explicar como vocês querem esse item aqui...

PEDRO – Claro, mas apenas se você jantar comigo essa noite.

LUCILA não acreditando no que escutou – Hahahha! Deixa disso Pedro. Me diz aí...

PEDRO – Não tô brincando. Saindo daqui, ali por 7 horas, poderíamos jantar juntos. O que me diz?

LUCILA – É ... é... que... Ta bem.


Lucila não acreditava que ela tinha aceitado. Não conseguia se concentrar mais depois daquelas palavras.


Às 7 horas, como combinado, Pedro chamou Lucila, e os dois saíram juntos para jantar. Pedro contou muitas coisas pessoais a Lucila. Lucila descobriu que Pedro era solteiro, que tinha 32 anos, que era tudo de bom. E isso fez Lucila se abrir com Pedro também. Contou algumas coisas. O jantar inteiro sentia-se uma certa eletricidade no ar...


E assim começou um relacionamento gostoso e divertido. Toda semana se viam. Toda semana jantavam juntos. No trabalho as coisas eram totalmente separadas. Eles estavam se saindo muito bem! Quem foi que disse que não se pode comer a carne onde se ganha o pão??


Passado um, dois, três meses, Lucila se perguntava até quando ia durar aquela lua de mel, e mais, quando é que Pedro daria um passo a mais. Na empresa ninguém nem desconfiava do relacionamento dos dois, e assim deveria ser por um bom tempo. Até que um belo dia resolveu deixar escapar, sem querer (claro!), aquela afirmação que toda mulher faz para saber o que ta rolando de verdade. Então na brincadeira, Lucila disse:


LUCILA jogando um super verde – Pois é Pedro, esse final de semana vou sair com minhas amigas. Vou dar uma paquerada, já que não sou nada sua mesmo né!?!?! Hahahahha

PEDRO – Hahaha! Aham! Só vai se eu permitir! Afinal você é meu rolo! Rolo fixo. Mas MEU rolo!


Quando Pedro falou isso, Lucila levou na brincadeira, achou engraçado e disse em tom de brincadeira:


LUCILA – Hahaha! Então estamos mesmo super enrolados! Hahahha


Continua...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

NINGUÉM MERECE - PARTE II (final)

Voltaram pra casa, Lucila tomou um banho, seguido de um longo ritual pós banho (passar hidratante de morango com champanhe da victoria’s secrets, secar o cabelo, fazer prancha, passar anti-rugas no rosto, massagem facial, um rimelzinho básico e um gloss, etc). Ficou linda e cheirosíssima enfim... Poderiam sair pra jantar agora! Repetindo: ela não era fresca, apenas exigente e gostava de coisas boas... Afinal toda mulher passa uma hora e meia no banho para agradar o seu namorado!

Marcelo, de outro lado, estava com a mesma bermuda do dia todo, só colocou uma camiseta. Lucila reparou pelo cabelo de Marcelo que ele sequer tinha tomado banho. Mas pensou “Pára de reparar nessas coisas, Lucila, agora que você arranjou um namorado bonito, inteligente e legal, você fica achando defeitos... Quando a gente voltar ele toma um banho... Ele apenas não quis me deixar esperando”. E dá-lhe repetir o mantra pra lembrar do medo de morrer solteira...

Foram numa pizzaria e Lucila, que já tinha afastado os pensamentos ruins sobre Marcelo, voltou a lembrar deles quando sentiu um gosto salgado ao beijá-lo. “Droga, não consigo afastar esses pensamentos... preciso pensar em algo diferente...” Pensaria em trabalho? Não, a cara dela ia demonstrar preocupação... Pensaria nas histórias engraçadas vividas por suas amigas com os namorados? Não! Era possível que começasse a dar gargalhadas no meio do jantar romântico... Como era possível alguém não conseguir pensar em NADA? O que ela queria era não pensar em absolutamente nada! Assim como os homens, quando respondem à maldita pergunta “no que você está pensando???” Argh! Não conseguia!!!

Veio a pizza. Marcelo novamente comia de boca aberta e fazia barulhinhos... só faltava ele pegar a comida com a mão para parecer um verdadeiro homem das cavernas. Pior: enquanto comia de boca aberta e fazendo ruídos, contava uma história sem pé nem cabeça sobre um amigo dele.

Lucila não conseguiu comer direito. Apesar de não ser fresca, era humanamente impossível agüentar tudo aquilo... estava ficando enjoada...

Marcelo estava se mostrando um porco em pele de cordeiro. Lucila estava começando a sentir asco de seu novo namorado e não conseguia fazer nada para evitar isso.

Foram pra casa. Repetindo o mantra e com medo de acabar a vida sozinha, e já um pouco desencanada de tudo aquilo, ligou a tv e disse pra ele:
- Por que você não vai tomar banho enquanto eu arrumo o quarto?

E foi então que Marcelo respondeu:
- Não... estou na praia... nem vou tomar banho... tô bem assim, vou te esperar na sala.

Lucila ficou imóvel, processando o que tinha acabado de ouvir. “Eu entendi direito ou ele não vai tomar banho hoje?? Porque está na praia?? É isso mesmo?? Pimba tudo bem, mas porco??? Não, eu só posso estar errada... Vou me certificar disso. Vou ter que perguntar”.

Lucila – Marcelo, vc não vai tomar banho hoje?
Marcelo – Não, eu tô na praia...
Lucila – Mas você foi pro mar e tudo... olha seu cabelo como está!!
Marcelo – Lucila, não achei que você fosse tão preocupada com a aparência e essas coisas...
Lucila – Marcelo, não é uma questão de aparência e sim de higiene!!!

E a discussão foi longa... Lucila não podia admitir que o seu namorado fosse um porquinho... (afinal como ela falaria isso pra Ju??? Porco era demais!) E cada argumento de Marcelo parecia deixar Lucila mais nervosa, até que ela não se agüentou e disse tudo:

- Marcelo, vc come de boca aberta e fazendo barulhinhos!!! Ninguém nunca te disse que isso é irritante??? Você parece o Shrek urbano (ela nem lembrava se o Shrek comia de boca aberta, mas afinal, ele era um ogro!) Você não toma banho quando está na praia!!! Ai, Marcelo, tenho asco de você!!”.

Aquilo foi demais para Marcelo. Pegou sua mochila rasgada e resolveu ir embora de ônibus. Sem tomar banho!!

Lucila ficou triste, mas ao mesmo tempo aliviada de ter se livrado daquele porquinho... Mas o fato é que estava novamente encalhada... E iria passar mais um domingo sozinha...