terça-feira, 19 de maio de 2009

Quando o senso da noção é perdido

Por vezes me pergunto o que aconteceu com o senso da noção das pessoas. E sem querer ser feminista, geralmente, essas pessoas são homens...


Por volta das 19 horas Lucila sentiu seus ombros queimarem, tinha trabalhado o dia todo em um cliente daquela cidade interiorana e ainda havia muito trabalho por fazer. Não agüentou muito tempo, era hora de descansar. A noite caia fria e escura, um hotel impessoal a esperava para companhia.


O quarto 204, de costume estava a sua espera. Chegou, tomou um banho e subiu ao restaurante. Tudo o que ela mais queria era tomar um prato de sopa e um sono tranquilo. Porém algo mais estava a sua espera naquela noite.


Ao entrar no restaurante, percebeu que apenas uma mesa estava arrumada para o jantar, todas as outras estavam ou ocupadas ou já usadas. Próximo à mesa arrumada, estava um homem de meia idade, jantando. Ao passar por ele, percebeu que o mesmo parou e se virou para ela. Ela continuou, pegou seu prato, se serviu. Seus desejos estavam começando a se realizar para aquela noite, e por isso não fez questão de tomar conhecimento sobre o mundo que acontecia a dois passos dela e de seu prato de sopa.


O homem que estava sentado próximo se virou e puxou papo.

-- Boa noite? - Disse.

-- Boa noite. - Respondeu Lucila sem querer parecer mal educada. Na verdade ela não estava com a menor vontade de conversar.

--Você é daqui? - Insistiu.

-- Não. Curitiba. - Respondeu olhando para o prato e pensando “idiota, se eu fosse daqui o que estaria fazendo em um hotel”?


Ao levantar o rosto percebeu que o simpático homem já havia se mudado para sua mesa.

-- Você está acompanhada? Eu sou de Umuarama, meu nome é Jonas, estou aqui a trabalho... – Contou animado.


E entre uns “Hummm”, “Aham”, “Sim” e “Não” dela, Jonas contou sua vida, seus negócios, tudo e mais um pouco.


E Lucila só pensava “por favor a conta, por favor a conta, quero ir pro meu quarto, pare de falar seu mala!!!!”. Parece que suas preces foram ouvidas, mas alguém quis sacanear ela.


-- Quando meu cliente não está aqui, não tenho com quem sair, porque eu e você não vamos dar uma volta na cidade? – Sugeriu Jonas olhando para ela com cara de lobo mal.


Ela surpresa com a proposta indecente, se engasgou com a sopa, mas mesmo assim sorriu e disse: “Não obrigada.”. Na verdade a mente dela gritava: “Seu velho safado, sem vergonha, ta pensando que eu sou o que? Prostituta?”


Quando a ultima colherada de sopa foi dada, ela já se levantando, a garçonete traz as pressas a nota para que fosse assinada.


Na nota, em letras garrafais, estava o numero de seu apartamento. Despediu-se secamente do indesejado acompanhante e foi para seu leito descansar.


Pensando que tudo voltara ao seu devido rumo, que seus desejos poderiam continuar se realizando... o telefone do quarto toca. Lucila olha para o telefone, desejando que se calasse, mas atende assim mesmo.


-- Pois não? – Educadamente atende.

-- Oi. Aqui é o Jonas. Queria saber se eu não poderia ficar com seu telefone, ou passar ai para a gente se divertir um pouco??? – Diz alegre e saltitante o chato.


Nesse momento Lucila teve certeza de que se tratava de um sem noção desesperado. Foi então que respondeu gentilmente:

-- -- $&#@$!!!~&*@#$(@amp;#@$!!!~&*@#$(@GMNU"


Ao desligar o telefone, pensou o quanto ela perdeu de sua paz, apenas por não ter falado o que ela pensava já no primeiro “Boa noite”.


Como se não bastasse, no dia seguinte pela manhã, acabaram se encontrando na recepção lotada do hotel. Jonas, nada esperto, resolveu tirar uma onda, e mostrar para o publico masculino presente que ele era realmente um cara sem igual, e disse: “olá!! Você não vai me dar seu telefone?” em alto e bom som.


Lucila, já sem paciência, decidida a esbofetear Jonas, pensou em ser gentil mais uma vez. E o fez da seguinte maneira:


-- Olha meu senhor, eu espero do fundo do meu coração que o senhor tenha uma filha, e que um dia ela tenha que estar no mesmo hotel que um velho safado, sem vergonha, como o senhor, esteja. E mais: -- Olha meu senhor, eu espero do fundo do meu coração que o senhor tenha uma filha, e que um dia ela tenha que estar no mesmo hotel que um velho safado, sem vergonha, como o senhor, esteja. E mais: $&#@$!!!~&*@#$(@amp;#@$!!!~&*@#$(@GMNU", enquanto eu me lembre!


Foi trabalhar leve e tranqüila, descarregou toda a sua carga negativa sobre aquele cara que não era apenas um sem noção, mas também havia perdido o senso dela a muito tempo.

Meus queridos leitores

Peço desculpas pelo blog estar tão parado... Prometo que vou postar logo logo histórias fresquinhas pra gente morrer de rir!!!

beijos

Brenda!

terça-feira, 17 de março de 2009

TIRANDO A PROVA DOS NOVE

Lucila arrumou-se apressada pra pegar aquela baladinha básica de sexta à noite. Clara já estava sozinha no lugar esperando por Lucila e Jú, que chegaram quase juntas.

Enquanto Clara, sozinha, aguardava as duas amigas, foi até o bar pegar uma bebida e conheceu um carinha bem interessante, Fabiano, o qual abordou-a de forma respeitosa e perguntou se poderia lhe fazer companhia até a chegada de suas amigas. Clara aceitou a companhia de Fabiano e então sentaram-se numa mesa. Logo chegaram Lucila e Jú, que juntaram-se aos dois.

Papo vai, papo vem, entre os mais variados assuntos (desde decoração até relacionamento) todas logo perceberam que Fabiano estava arrastando as duas asas pra cima de Lucila.

Lucila não achou Fabiano feio, nem mesmo chato, pelo contrário, achou-o inteligente e com um bom papo. Talvez se achasse um pouco demais, mas não era isso que a incomodava. Lucila achou que ele tinha alguns trejeitos discretos e assuntos que indicavam que ele poderia ser gay, mas estranhava o interesse que estava demonstrando por Lucila. Aquilo era realmente contraditório e intrigante.

Logo chegaram Flávio e Rafael, que se juntaram à mesa e ao papo. Quando Fabiano levantou-se para ir ao banheiro, Flávio e Rafael disseram que tinham a mesma suspeita de Lucila: Fabiano era gay.

Então, após bastante conversa, o grupo dispersou-se, foram à pista, pois a balada era forte e não podiam ficar só no bate-papo. A noite pedia mais bebidinhas e a música na pista estava rolando solta.

Clara e Juliana estavam lá, mais ou menos sóbrias e dançandinho na pista. Lucila, no entanto, estava em outro clima, e pelo número de mojitos que bebeu, devia estar em outra dimensão também. Dançou muito, como se não houvesse amanhã. Mas a pergunta que não queria calar ainda ressoava em sua mente alcoolizada: “Seria mesmo Fabiano gay?”.

Foi então que viu Fabiano se aproximar, dançando de maneira sensual na sua frente, e Lucila resolveu tirar a prova dos nove. Começou a dançar com Fabiano, provocando-o, tocando-o, e estava sendo correspondida por ele. E o clima estava quente, Lucila já estava convencida que logo os dois estariam se beijando e que a sua suspeita era falsa.

A dança foi longe... e nada de beijo... Muito tempo depois, Fabiano aproximou-se do rosto de Lucila, encostou levemente seus lábios nos lábios de Lucila... e mais nada... Lucila, que esperava um longo beijo molhado, à altura da dança sensual que estava rolando, achou aquilo muito estranho.

Fabiano então chamou Lucila pra fora da pista. Lucila, curiosa, seguiu Fabiano até um lugar claro e menos barulhento. Foi então que Fabiano olhou pra Lucila e disse:

_ Hoje não vai rolar sexo, tááá?

Lucila, sem saber o que dizer, ficou olhando espantada pra cara de Fabiano, que acrescentou:

_ Minha casa está uma bagunça porque estou trocando as cortinas... então não vai rolar.

Lucila então resolveu esquecer sua noite temática cor de rosa e seguiu para sua casa, onde pôde adormecer e sonhar com um homem com H maiúsculo!
Fim

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

QUANDO O SANTO NÃO BATE...

Lucila odiava o melhor amigo do seu melhor amigo... Não adiantava, eles tinham tido um affair durante a faculdade, Lucila deu uns beijos nele naquela época, ele foi mega-ultra babaca, pois nem deu oi no dia seguinte. Depois disso, Lucila nunca mais conseguiu trocar duas palavras com ele.

Passados 10 anos, Lucila ainda era uma mulher encalhada... ou desencanada... (dependendo do ponto de vista), combinou uma balada com Alexandre, que também estava numa fase gandaia total e frisou:

Lucila - Alezinho, não vá levar seu amigo Juliano, hein??
Alexandre – Ih, Lucila, pior que já combinei com ele... quer que eu vá pra outro lugar?
Lucila – Hmmm.... Não, já passou tanto tempo... não dá nada...

Lucila estava na fila da balada quando vê Alexandre e Juliano chegando... já deu um ruim e Lucila teve certeza que seu santo definitivamente não batia com o santo de Juliano.

A noite foi boa, estavam numa turma grande, tudo muito divertido, regado a muito red bull com vodka. Eis que Lucila, que estava numa secura daquelas, num momento de cozidice e de muita carência, resolveu dar umas olhadas pra Juliano, mesmo convicta que seu santo e o dele não batiam... E Juliano, que não tinha nada a perder, estava retribuindo os olhares...

Até que Juliano deu uma investida mais pesada pra cima de Lucila e ela acabou cedendo... Mal terminaram o primeiro beijo, Lucila já começou a tagarelar, dizendo que ele tinha sido muito babaca com ela na faculdade há dez anos, relembrando tudo o que ele tinha feito pra ela. Juliano até tentou se explicar, mas acabou só piorando as coisas... Disse que não tinha falado com ela no dia seguinte porque estava com o pescoço roxo de um chupão que tinha levado no dia anterior que ficou com ela e não queria que ela visse. Por isso não falou com ela no dia seguinte.

Lucila ficou mais puta da cara ainda, falou tudo o que queria ter falado à época, mas não tinha tido oportunidade, nem coragem. Juliano acabou se desculpando, admitindo que tinha sido babaca. Lucila disse que o que ele fez não tinha desculpas, que ela não desculpava, mas que como já tinha decorrido muito tempo, isso já não importava mais (embora ainda estivesse remoendo toda a história...).

Juliano levou Lucila pra casa. Lucila não sabia bem definir o que tinha ocorrido ali, nem se tinha sido bom ou ruim.

No outro dia Juliano ligou pra Lucila e a convidou pra sair novamente. Lucila disse que não ia poder sair, deu uma desculpinha muito esfarrapada. No dia seguinte, Juliano ligou novamente e foi bem criativo na sua insistência... disse que Lucila tinha que sair com ele, porque ele tinha que desfazer a má impressão, cogitando a hipótese deles se encontrarem novamente dali há 10 anos e Lucila acusá-lo novamente de ter sido babaca no passado. Lucila então aceitou.

Juliano passou na casa de Lucila pontualmente na hora combinada, mas Lucila ainda remoendo toda aquela história e querendo dar uma de gostosa, deixou-o esperando 40 minutos.

Incrivelmente o encontro foi bem agradável e Lucila surpreendeu-se muito com Juliano, pois ele foi humilde (coisa que ele nunca tinha sido), gente boa e só conversou a noite toda, não tentou forçar a barra em nenhum momento. Só deu um beijo em Lucila quando deixou-a em casa.

No dia seguinte, Lucila tinha dito que viajaria, mas estava chovendo muito e resolveu ficar na cidade, mas sem avisar Juliano. Pegou uma balada com uma amiga recém solteira e não deu satisfação pra gatinho nenhum que estava na cidade, muito menos pra Juliano.

Mas no meio da noite começou a bater um arrependimento... Lucila estava na balada cheia de gatinhos, mas estava curiosa pra saber como a história com Juliano iria terminar. Resolveu mandar uma mensagem: “Não fui viajar. Estou aqui em Curitiba no lugar da última vez, vem pra cá”.

40 minutos depois, chega a resposta: “Pq não avisou antes? To na fila de outro lugar, tentei entrar aí e a fila estava mto grande”.

E assim sucederam muitas mensagens:

Lucila – “Não, tô com uma amiga aqui e não vou sair daqui. Fica pra próxima ;-)”.
Juliano – “Então vamos pra outro lugar”.
Lucila – “Pra onde?”
Juliano- “Vou onde vc quiser”.
Lucila- “Então vem pra cá”.
Juliano – “Não, praí não vou”.
Lucila – “Ué, vc não ia onde eu quisesse?”
Juliano – “Meu anjo, a fila aí está muito grande, sem condições de entrar”.
Lucila – “Então vamos todos pro boteco mais próximo, levo minha amiga e vc seus amigos”
Jiliano – “Não dá, meus amigos querem ficar aqui”.
Lucila – “Mas eu não vou deixar minha amiga sozinha e sair com vc”.

Jú, amiga de Lucila disse que logo ia embora e que Lucila podia combinar de sair com Juliano. Então Lucila voltou atrás:

Lucila – “Ta, então vem me buscar aqui e então resolvemos aonde vamos”.
Juliano – “Ok, tô saindo daqui, me espera aí na frente”.

E foi então que Lucila, depois de 50 minutos, conseguiu sair do local e se encontrar com Juliano. Entrou no carro e travaram uma longa discussão de para onde iam. Depois de milhões de sugestões, Lucila sugeriu um café e Juliano aceitou.

Chegando na frente do lugar, quando Lucila foi descer do carro e Juliano a puxou e começou a beijá-la vorazmente. Lucila curtiu e retribuiu aquela agressividade toda. Ficaram nos amassos selvagens por um longo período, até que veio a proposta indecente por parte de Juliano, queria sair dali de qualquer jeito. Propôs um motel, Lucila não aceitou. Propôs a casa dele, Lucila não aceitou. Propôs então a garagem do seu prédio, jurando de pé junto que nada demais ia acontecer, só iam pra lá porque ficar na rua era perigoso. Lucila concordou.

Foram então pra garagem da casa de Juliano... Lucila se perguntava mentalmente como aquilo estava acontecendo... indo pra garagem do cara que ela mais odiou durante toda a faculdade... mas tudo bem, ela estava carente e uns bons beijos não iam fazer mal...

E mal Juliano parou o carro, pulou pra cima de Lucila, continuando o que começaram na rua... alguns amassos depois, Lucila pediu um tempo, estava mal ajeitada, com calor... queria que Juliano saísse de cima dela um pouco... Juliano saiu, Lucila fechou os olhos alguns segundos tentando dar uma descansada, quando abriu novamente, para sua surpresa, lá estava Juliano, sem roupa nenhuma, olhando pra ela com cara de sexy...

Lucila olhou praquilo... Meu Deus... era muito pior que Lucila pensava... Juliano era magro... sempre foi... mas que barriga era aquela??? De onde surgiu aquilo?? E o que tinha entre as pernas era pior ainda... Lucila nunca tinha visto um tão pequeno... tamanho PP...

Lucila não sabia onde estava com a cabeça de ter ido tão longe... mas sabia muito bem onde Juliano queria colocar a dele... Lucila não teve outra alternativa. Recusou-se a tirar qualquer peça de roupa. Não podia simplesmente ir embora, mas aquilo já tinha ido longe demais. Não podia dar pro cara mais babaca da faculdade sem mais nem menos, ainda mais depois da imagem desanimadora que tinha acabado de ver.

Não conseguiu ir muito adiante, falou pra Juliano que precisava ir embora, afinal já era 5h da manhã. Juliano vestiu-se, Lucila ajeitou-se, ele ligou o carro, mas desligou na mesma hora.

Lucila - Que foi?
Juliano – Sei lá, tô me sentindo um pouco usado...
Lucila (não acreditando) – Hããã?
Juliano – Depois de tudo o que aconteceu aqui, vc não me deu nenhum abraço.
Lucila (como assim??) – Hmmm... ta, vem cá...

Deu o abraço mais falso do mundo em Juliano e pediu encarecidamente que ele a levasse embora.

Juliano a levou embora, insistiu que Lucila saísse com ele no dia seguinte. Mas Lucila disse que no dia seguinte eles combinavam, porque ela não sabia se queria sair...

Lucila foi pra casa, desligou o celular e só tornou a ligá-lo dois dias depois. Nunca mais soube de Juliano.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O MUNDO DA VOLTAS - Parte II (Final)

Lucila, sem querer imaginar no que poderia acontecer, pegou o carro e foi de encontro a Rafael. Chegando lá, ele a aguardava na porta do bar, visivelmente ansioso.


Não tardou muito para o beijo acontecer e os dois perceberem que uma química incrível acontecia entre os dois. Os beijos começaram a ficar mais quentes, até que Lucila já não controlava mais situação alguma. Então foi a hora de Rafael dar o bote.


-- “To sozinho em casa. Bem que poderíamos terminar isso la.” – Rafael, o safado, propõe.

Lucila não estava mais nem ai para o que iam pensar ou não! Estava na hora de aproveitar a vida e o que ela tinha a oferecer. Aceitou.


Chegaram ao apartamento de Rafael, que conduziu Lucila para seu quarto. Lucila sentou-se na cama, e observava tudo. Rafael ainda era o filhinho da mamãe. Uma criança. Quarto de solteiro ainda adolescente. Resolveu não reparar mais para não perder o tesão.


Rafael diminuiu as luzes, colocou um som, e partiu para o ataque. O clima esquentando, esquentando, esquentando, até que uma famosa frase é dita:


-- Isso nunca aconteceu comigo antes. Acho que estou cansado. – Rafael totalmente sem jeito.


Na cabeça de Lucila passavam milhões de coisas, mas pela boca saiam outras.


-- Imagina Rafa, isso acontece, não fica assim. É normal... – Consola Lucila, mas na sua cabeça: “Pelo amor de Deus! Que brochada animal ein? Ta precisando de um viagra mocinho. Nossa! Tão novo e já com esses problemas.”

Lucila vestiu-se e foi embora. Daquele momento em diante esqueceu que Rafael um dia existiu.


Realmente... o mundo da voltas.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O MUNDO DA VOLTAS - Parte I

Lucila era complexada com muitas coisas, e isso de fato era reflexo da sua adolescência conturbada. Na escola, ela era a menina que todos tiravam sarro. Aparelho, gordinha, descabelada, sem grandes vaidades.


Sonhava em ser esbelta como as amigas, em fazer sucesso, em ser notada. Odiava e adorava as festas americanas, pois ao mesmo tempo em que ela encontraria Rafael, sua paixão platônica, também tomaria o costumeiro chá de cadeira.


Rafael era moreno, olhos claros, bonito, atleta, e obviamente não sabia que Lucila existia. Fazia sucesso com as meninas, dançava bem, era articulado e inteligente, enfim, perfeito.


Lucila sonhava com Rafael todos os dias, esperava ele passar por ela no intervalo apenas para acompanhar seu sorriso costumeiro. Seus 13 anos eram vividos cheios de duvidas, mas aquele momento do dia era o momento da certeza. Certeza de que era de Rafael que Lucila gostava.


Um belo dia, Lucila acordou totalmente deprê e prometeu que falaria com Rafael custasse o que custasse. No mesmo bat-horário, no mesmo bat-local, coração na boca, aponta Rafael no fim do corredor. Lucila sem saber onde enfiar a cara preparou-se e tropeçou no Rafael. Enfim as primeiras palavras: “Se liga guria! Olha pra onde anda sua mané!”.


Rafael era realmente um amor de pessoa. Lucila correu para o banheiro, se trancou e caiu em prantos.

Alguns meses depois, em um sábado de sol, Lucila foi convidada por uma amiga a freqüentar um grupo de escoteiros. Ao chegar no local, muitas crianças, muitos adolescente, muitos adultos. Parecia ser divertido, mas de repente, um frio cruzou sua espinha. Lá estava ele com os meninos, Rafael, que já tinha esquecido da existência de Lucila.


Os anos se passaram, Lucila já não era o patinho feio que era. Transformou-se em mulher. Mais segura. Mais dona de si. Saiu do escoteiro aos 19 anos e perdeu contato com a maioria dos colegas. Sua vida tomava um novo rumo.

Lucila se tornara uma ótima profissional e recebeu um convite para trabalhar em outra cidade. Resolveu então dizer tchau para todas as pessoas que marcaram a vida dela. Convidou família, amigos, e claro Rafael.


Muita gente que não a via há muito tempo espantava-se com a mudança. Já não existia mais aparelho dentário, corpo desengonçado, cabelo mal cuidado. Lucila se divertia muito com todos até que chegou Rafael na festa. Rafael já não estava mais com tudo em cima. Tinha engordado, perdido um pouco de cabelo. Realmente o tempo é cruel. Não perdoa mesmo.


Naquele momento Rafael lembrou-se que Lucila existia. E vejam só! Era uma belíssima mulher.


Meses depois da festa, Lucila resolve voltar para Curitiba. A vida dela estava aqui. Mandou um e-mail para seus amigos avisando que estava voltando, e que adoraria rever todo mundo. Surpreendentemente ela recebeu apenas uma resposta que a fez esfregar os olhos para ter certeza que não era miragem. Rafael estava dando mole para ela.

Com um sorriso no canto da boca, Lucila pensou: “se ele pensa que eu sou aquela bobinha, ele não sabe o perigo que está correndo...hehehehe”.


Ao voltar para Curitiba, não tardou receber uma ligação de Rafael com convites e mais convites. Até que um dia, Lucila resolveu aceitar.


-- “Ta bem Rafa, onde te encontro? Estou sozinha, minhas amigas estão viajando, então não me deixe sozinha no bar ein?” – adverte Lucila.

-- “Só um louco a deixaria sozinha Lucila...” – responde Rafael.


Continua...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

VARINHAZINHA DE CONDÃO...

Lucila estava de saco cheio de relacionamentos sem “sustância”, mas eram tempos difíceis de encontrar homens de conteúdo e então estava deixando a vida levar.


Naquela noite, Lucila não estava com vontade de sair, mas tinha prometido que iria no aniversário da prima em uma barzinho da moda. Vestiu-se de maneira simples, sem muita produção. Estava totalmente com preguiça. Resolveu passar um perfuminho, pois já estava meio mulambenta pro local, pelo menos deveria estar mais cheirosa.


Chegando ao dito bar, já avistou a mesa da prima. Ela estava sozinha com 8 caras na mesa. E diga-se de passagem, uns bem interessantes. Nesse momento, Lucila se arrependeu por não ter colocado aquele decote infinita highway, mas enfim, não tinha como dar meia volta e correr se trocar em casa, pois a prima já havia gritado para o bar inteiro ouvir: “Luuuuu!!!!”.


Lucila sorriu meio envergonhada e foi de encontro à prima.


LUCILA: “Gabi, o que é isso???”

GABRIELA: “Lu, guria, só veio os meninos que eu convidei até agora. Ainda bem que você chegou! E a propósito: que roupa é essa doida? Você foi a missa antes?”

LUCILA: “Fale isso novamente e eu viro as costas e vou embora!”


As duas cairam na risada e sentaram-se. Gabriela apresentou Lucila aos 8 da mesa. Logo as duas estavam sendo cortejadas pelos 8, e isso era mais que uma massagem para o ego, era um verdadeiro SPA!


Um chop aqui, outro acolá. Quando um dos 8 começou a chamar a atenção de Lucila mais do que os outros 7. E por acaso era o mais gatinho mesmo. Gabriela incentivando totalmente. Os outros 7 também! Não deu outra! Os dois ficaram. O beijo de André era realmente uma delícia. Então Lucila começou a procurar um pouco de “conteúdo” no rapaz, mas naquele ambiente era impossível conversar. Além disso, a coisa estava esquentando, e Lucila não estava conseguindo mais controlar a situação. Chamou a prima no canto e comentou:


LUCILA: “A Gabi, o André parece um polvo. Não consigo segurar o cara.”

GABRIELA: “Mas você esta curtindo?”

LUCILA: “Ai guria, estou, mas ele quer me levar pro motel já. Mal conheço o cara.”

GABRIELA: “Puta merda Lucila! Você já é grandinha pra não se arrepender de dar pro cara na primeira vez.”

LUCILA: “Mas e se o cara for legal, o que ele vai pensar de mim?? Não vai querer mais nada.”

GABRIELA: “Ai Lucila! Um gato desse te dando esse mole e você com medinho de ser chamada de fácil? Você nem conhece o cara! Vai fundo!”

LUCILA: “Ta loco! Você é um diabinho na minha consciência!”


André era moreno, deveria ter mais ou menos 1,85 m de altura, porte de atleta, um beijo bom, e tudo para ser um amante daqueles.


Foi em meio a esse turbilhão de medos e conselhos que Lucila fechou os olhos e chutou o pau da barraca. Aceitou o convite indecente do André e resolveu ir para o motel com ele.


Primeiro problema resolvido, agora vinha o segundo: Estavam em dois carros.


Lucila pensou um pouco, e imaginou que isso daria a ela mais liberdade e segurança caso o cara fosse um psicopata. Então, sugeriu que fossem mesmo em dois carro, e que ela o seguiria até o destino que ele escolhesse.


Chegaram no motel, ele parou o carro no estacionamento e ela na garagem do apartamento. Entraram e continuaram com aquele fogo todo. Mão na mão, mão naquilo, aquilo na mão, quando ele finalmente tirou a roupa.


Lucila esforçou-se para não fazer cara de decepção, pois imaginou o que sentiria com aquele cotonete do rapaz, e pensou gentilmente, afinal, Lucila era uma criatura boa de mais de coração: “tudo bem, dizem que não importa o tamanho da varinha, e sim a mágica que ela faz”.


Enquanto André esforçava-se para animar a coisa, Lucila imaginava o que ele achava que ela estava sentindo, pois ela mesmo não sentia muita coisa, a não ser ele pulando em cima dela. Perna pra um lado, corpo para o outro. Muda novamente a posição e nada. Lucila decidiu fingir, pois senão ele não sossegaria.


Péssima idéia! Lucila fingiu o orgasmo e o rapaz se empolgou mais ainda. Nessa empolgação toda, André fez-se entender que queria outra coisa. Queria um sexo anal. Lucila com toda sua delicadeza, fez-se entender, sem palavras, que ela não estava afim. André se comportou por mais um tempo, e logo insistiu no assunto novamente, Lucila resolveu parar e falar naquela hora:


LUCILA: - André, pare. Eu não quero isso. Você entendeu? Se você insistir, eu vou me vestir e vou embora.

ANDRÉ: - Ok. Me desculpe.


E continuaram. Ela sem saber que horas ele ia parar. Até que o moço insistiu novamente. Lucila não teve dúvidas. Parou o que estava fazendo, vestiu-se e foi embora, dando graças a Deus por estar com seu carro e de não ter que pagar por aquela noite infeliz...


Assim que virou a primeira esquina Lucila não se agüentou e caiu na gargalhada: sinceramente, quem foi que inventou essa imagem mental da Varinha de Condão??? Nessa ela não cairia mais...


Muitas gargalhadas histéricas mais tarde, enxugando as lágrimas que tinham brotado, o controle do acesso de riso foi por água abaixo quando passava pela sua cabeça uma imagem mental do imbecil e seu cotonete, sozinhos no motel, sem nem saber o que tinha acontecido... E pagando a conta!!! Mas no final, bem feito para ele... Uma coisa é não perceber quando uma mulher está fingindo, mas era impossível ele realmente achar que estava abafando!!!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O MALA SEM ALÇA E SEM RODINHAS

Era sexta-feira, Lucila tinha combinado com Ju e Clara de ir numa balada forte. Clara foi antes, porque Lucila nunca dizia não e teve que passar em um churrasco antes da balada. Jú iria na hora em que Lucila fosse. Ah, se não fossem os celulares... como as nossas avós combinavam com as amigas as baladas??

Enfim, Lucila estava lá fazendo um esquenta no churras pré-balada, quando seu celu tocou. Número desconhecido, DDD desconhecido... ihhh... Lucila não tava no clima de receber telemarketing naquele momento de pura diversão...

Lucila atendeu e era Lucas, pretenso gatinho de Juliana, que morava em outra cidade. Lucila tinha conhecido o infeliz quando saíram com a turma de Juliana e ele ficou a noite toda tentando ficar com Ju, mas não conseguiu... Embora Lucila estivesse torcendo pra isso acontecer, Juliana deu altos foras no coitado... Lucila, como boa samaritana e sabendo que o carinha estava sozinho e abandonado na cidade deu seu telefone para o caso dele precisar de alguma coisa. E ele ligou querendo conhecer a noite curitibana.

Lucila nem achou ruim nem nada, mas sabia que Ju não iria gostar... Mas ficou com pena do menino... sozinho na cidade, sem conhecer ninguém... e iria estar toda a turma na balada... Não conseguiu dizer não e ainda passou pra buscar o carinha no hotel.

Só que Ju não gostou nada daquilo... quando ficou sabendo que o carinha ia, que pra ela era um chato de galocha que grudou nela na saída anterior, desanimou totalmente. Deu um belo bolo nas amigas e disse que não ia mais.

E Lucila então teve que levar Lucas mesmo assim...

Chegando na balada super tarde por conta do churras, Lucila e Lucas logo encontraram Clara e as amigas, que estavam há horas no lugar. Depois de contar a história de “quem era o ser que estava com ela e porque ele estava lá junto com Lucila” pra Clara e amigas, sem ele escutar, todas entenderam a situação e acolheram Lucas na rodinha... Depois de uns minutos dançando, Lucila sentiu calor e tirou o casaco. Como estava com preguiça de ir até o guarda-volumes, amarrou seu casaco na bolsa. Lucas então tirou seu casaco e pediu que Lucila segurasse. Lucila, meio sem jeito, fez o que Lucas pediu e amarrou também o casaco de Lucas na sua bolsa. Lucila super estranhou a atitude da criatura... achou até mesmo que ele era um folgado... mas sua versão Madre Teresa fez com que ela simplesmente acatasse a solicitação do mais novo amigo, sem achar ruim... coitado, estava sozinho na cidade e blá blá blá.

Lucila e Clara resolveram então dar uma volta “caçadora”, como sempre faziam na balada... Lucas foi junto. Foram ao bar pedir uma bebida... Lucas foi junto. Foram até o lounge sentar um pouco e conversar... Lucas foi junto. Foram ao banheiro... Lucas ficou esperando na porta... E Lucila lá, carregando pra cima e pra baixo sua bolsa, dois casacos de inverno e mais Lucas a tiracolo... Lucila bem que estava de saco cheio daquela sombra que ia atrás dela por todos os lugares, poxa, podia ir dar uma volta sozinho, tentar conhecer alguém diferente... mas não, o maleta ficava grudado em Lucila onde quer que ela fosse, empatando a sua noite e de suas amigas, sem se enturmar com mais ninguém.

Clara, que tinha chegado horas antes de Lucila, não foi nada companheira e foi embora logo... deixou Lucila lá sozinha com o malinha. Lucila estava muito animada e nada ia estragar a sua noite... embora Lucas estivesse realmente atrapalhando um pouco.

Eis que Lucila encontra seu amigo Alexandre, que chegou às 2h30 da manhã no lugar com mais dois amigos... Lucila pensou então que aquela seria a solução de todos os seus problemas. Lucas iria se enturmar com Alexandre e seus amigos e todos iam se divertir muito juntos.

Contudo, não foi o que aconteceu... assim como aconteceu com Clara e suas amigas, Lucas só dirigia a palavra pra Lucila e não fez nenhum esforço pra se enturmar com os amigos de Alexandre. Lucila já não sabia mais o que fazer pra se livrar, nem que fosse por um momento, daquela mala sem alça e sem rodinhas...

Foi então que, impulsivamente e fazendo qualquer negócio pra se livrar daquele chato, acabou tascando um beijão no primeiro ser que passou na sua frente... que não por tanta coincidência era um dos amigos de Alexandre. Tá, o cara não era lá essas coisas... mas diante do beco sem saída em que se encontrava e naquelas alturas era melhor beijar o sapo pra ver se ele virava príncipe do que ficar aturando uma criatura esquisita e grudenta a noite inteira.

Até que enfim a figura interplanetária se tocou e resolveu ir embora... pegou um taxi e foi embora... ALELUIA! O gatinho de Lucila não virou príncipe, mesmo depois de muitos beijos... mas ainda assim era melhor que o chicletão de Lucas grudado em Lucila a noite inteira.

Lucila logo foi embora também... a noite tinha sido longa e muitas coisas tinham acontecido. Nada melhor que a sua velha cama quentinha pra descansar.

Lucila mal tinha dormido, toca o celular... 7h30 da manhã de sábado.... Lucila não acreditava, mas pelo número, era o zé ruela do Lucas... Lucila não atendeu... Colocou no ignorar e f...-se. Mas a chatice de Lucas era grande e ele insistiu, ligou várias vezes, até que Lucila, q já tinha acordado com tantas ligações, resolveu atender, sem conseguir ser muito simpática...

Lucila: “Alôôô”.
Lucas: “Oi, Lucila, tudo bem, é o Lucas. Tava domindo?”
Lucila (Não seu desgramado, voltei às 6 da manhã e to acordada já...): “Taaaava”.
Lucas: “Então desculpe te acordar... mas é que to indo embora e queria me despedir de você e também preciso pegar meu casaco que esqueci com você ontem”.
Lucila (ah nãããããããão): “Putz, mas eu to dormindo agora”.
Lucas: “Mas infelizmente, meu vôo sai daqui a pouco e eu precisava mesmo pegar meu casaco com você, tem como você trazer aqui no Hotel pra mim?”.
Lucila (indignada com a folga do rapaz, quase mandando ele ir tomar naquele lugar): Olha, Lucas, como já te falei, estou dormindo, o máximo que eu posso fazer por você neste momento é te dar meu endereço e colocar o casaco no elevador pra vc pegar lá embaixo.
Lucas (surpreso com o mau humor de Lucila, vendo aquele doce de pessoa virar um limão amargo e estragado): Ok, Lucila, me passe o endereço.

E foi então o que Lucila fez, sem dó nem piedade. Deu o endereço, colocou o casaco no elevador e interfonou pro porteiro entregar a Lucas.

Nunca mais Lucas entrou em contato, ainda bem!!! Só o que restou daquela noite foi um sapo que não virou príncipe e uma p... duma dor de cabeça.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PÉ NA BUNDA, PÉ NA ESTRADA - Parte II - Final

Tudo pronto. Tudo preparado. 1 dia antes da viagem, Rubens resolve dar o ar da graça novamente e liga para Lucila para saber como ela estava. Lucila achou que não ia se abalar, fez pose e força para não acontecer... mas não teve jeito. Caiu em prantos, mas decidiu assim mesmo fazer a tal da viagem com Jorge de passar uma borracha sobre o ocorrido.


O primeiro dia foi ótimo, praticamente uma lua de mel. No segundo dia toca o telefone de Jorge e Lucila percebe que ele ficou constrangido para atender, mas atendeu e saiu de perto dela. Quando Jorge retornou, visivelmente ela era outra pessoa. Lucila perguntou se ele estava bem, se tinha acontecido algo, mas obteve uma resposta no melhor estilo “me deixa”.


Não demorou muito para Lucila enteder o que aconteceu. Jorge sem saber como fazer de maneira delicada disse: “Lu, não posso mais ficar com você. Eu pago sua passagem e te deixo na rodoviária mais próxima. Preciso ver minha ex-namorada.”


Aquilo era demais para Lucila. Ficou enfurecida, com vontade de matar o imbecil do Jorge, mas como ela não tinha escolha, foi deixada na tal da rodoviária mais próxima com o dinheiro da passagem na mão.

Foi ver os horários dos ônibus. O próximo ônibus para Curitiba demoraria 6 horas, o próximo para Florianópolis era dali 4 horas. Sem pensar muito comprou a passagem para Florianópolis e pensou: “Vou encontrar o Rubens e acertar essa história de vez!”


Chegou o ônibus, 6 horas de viagem, e finalmente estava a 15 minutos da rodoviária de Florianópolis. Sacou o celular e ligou para Rubens. Caixa Postal. Tentou novamente. Caixa Postal. Decidiu deixar recado na quarta tentativa: “Rubens, sou eu, estou em Florianópolis, quero conversar com você. Me liga por favor.”


Lucila não sabia o que fazer. Estava na rodoviária de Florianópolis sem saber o endereço de Rubens e muito menos conhecidos na cidade. Estava sozinha. Ela e Deus. Aliás, descobriu que ou Deus tinha tirado férias naquela ocasião ou ele não ajudava idiotas como ela.


Depois de se sentir a pior das piores, a mais burra da humanidade de ter ido atrás do ex, secou as lágrimas e foi comprar sua passagem para Curitiba. O próximo ônibus era às 18:00 hs. Olhou no relógio: 14:00 hs. Saco! Mais um chá de rodoviária.


Tentou novamente o celular do Rubens e nada. Jorge já tinha recebido todas as pragas possíveis e imagináveis. 16:30 hs, toca o celular de Lucila. Levou um susto, era o Rubens.


LUCILA: “Alô!”

RUBENS: “Lu, o que você está fazendo em Florianópolis?”

LUCILA já em prantos: “Você me ligou, disse que não sairia daqui. Quero conversar com você. Preciso esclarecer isso tudo.”

RUBENS: “Lu, não vai dar. Não estou em Florianópolis. Estou em São Paulo. Vim pra cá com meus amigos.”

LUCILA: “Porque você fez isso? Porque não me avisou? Porque? Porque?”

RUBENS: “Lucila, tenho que te contar uma coisa: engravidei uma menina.”


Lucila sentiu enjôo, vertigem... Estava abandonada em uma rodoviária esperando para voltar derrotada para casa. O idiota com quem estava saindo abandonou ela no meio da viagem, e o ex estava subitamente grávido depois de todo aquele papo de “mulher da minha vida”. Não adiantava mais chorar. As lágrimas haviam secado. Ela estava anestesiada.


Sem opção, Lucila voltou para casa. Nem se atreveu a ligar pra alguém ir buscá-la na rodoviária. Não conseguia acreditar nos pés na bunda que levou e muito menos no fato de ter passado o carnaval inteiro com o pé na estrada.

Nesse momento ela só conseguia pensar no que ela mais precisava: colo da mãe, amigas e muito, mas muito álcool.

Dois meses depois, mais forte, mas ainda sem que ninguém soubesse o que realmente havia acontecido naquele carnaval fatídico, Lucila foi a uma exposição em uma galeria de arte na qual trabalhava Clara, quando ela foi surpreendida por Jorge:


JORGE: Lucila, quanto tempo! O que você está fazendo aqui?
LUCILA: Eu moro aqui, e você?
JORGE: Ah, eu voltei pra cá também. Casei, esta é minha esposa, Andrea, estamos muito felizes.


Lucila já estava começando a reviver os revezes da viagem quando falou: “Muito prazer, ótimo conversar com vocês. Felicidades.” - e foi saindo, mas não rápido o suficiente, pois Jorge ainda conseguiu gritar para ela e meia galeria ouvirem "estamos grávidos, nasce ano que vem!!!".


Lucila estava chateada. Não, P da vida... Não, indignada... O que ela tinha a ver com a vida deles. Que fossem felizes, mas ele precisava tripudiar?

No dia seguinte Lucila estava lendo seus e-mails quando o mais inesperado e surreal de todos apareceu diante de seus olhos:
"Oi Lu,
Tudo bem? Eu queria que você soubesse por mim que fui demitido, que terminei com a garota que estava saindo, pois a gravidez era alarme falso.

Queria saber se você ainda sente alguma coisa por mim, e dizer que sempre te amei!
Também queria saber se você pode reenviar meu CV que está anexo, pois não aguento mais morar em Florianópolis.
Te amo e sempre amei,
Rubens".


Lucila estava pasma. Sem ação! E sem nem saber sequer por onde começar, se ria, ignorava ou mandava pra PQP esse FDP, seu telefone toca:
LUCILA: Alô!
JORGE: Oi Lu, é o Jorge. Liguei porque não consigo parar de pensar em você!
LUCILA: Hã? Que Jorge?

Nessas alturas Lucila, que já estava em choque pelo inesperado e-mail, não conseguiu ligar o nome à pessoa.


JORGE: Sou eu Lu, o Jorge, de Caxias.

Recuperando rapidamente seu senso, Lucila contra-atacou:

LUCILA: Ah! O Jorge, casado, cujo filho nasce ano que vem? Pensando em mim? Vai me chamar pra madrinha da criança?
JORGE: Lucila, não brinca. Eu nunca esqueci você. Ontem, quando te vi, linda, eu não consegui dormir. Não paro de pensar na burrada que eu fiz quando te larguei e no quanto a minha vida é miserável! Eu não amo a Andrea, não sei porque me casei... Lu? Oi? Lu, tá me ouvindo?


E então Lucila desligou! Virou-se para o micro e deletou com “shift+del” o e-mail de Rubens e pensou:


“Que favor esses dois me fizeram... E eu que achava que tinha me dado mal...
Como a vingança é doce... Quando é carmicamente enviada então...”


* Esse conto teve a participação da nossa amiga Pepe! Veja o link do blog aqui mesmo no nosso blog! bjos enormes a essa querida!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

PÉ NA BUNDA, PÉ NA ESTRADA - Parte I

Tristeza era a palavra que mais traduzia as expressões de Lucila naqueles últimos 15 dias, mas nem sempre foi assim. Um mês antes Lucila só conseguia pensar em como seria seu futuro casamento já que estava noiva há 1 ano, 5 meses e 12 dias! E no décimo terceiro dia seu noivado acabou! Bem que dizem que 13 é o número do azar. Desde então Lucila era só cacos de sentimento: um caquinho de dor, um caquinho de raiva, vários de ódio, alguns de saudades, outros de decepção.

Rubens era o tipo do cara que a família inteira adota como filho legítimo. Era tudo tão perfeito. Ele e Lucila terminavam as frases um do outro. Falavam o que o outro pensava. Gostavam das mesmas coisas! Todos que conheciam o casal pensavam: “típico casal perfeito”.

Até que um dia, Lucila teve que viajar a trabalho. Teria que ficar na matriz da empresa, em Caxias do Sul, por 2 meses, mas voltaria a cada 15 dias nos finais de semana. Lucila e Rubens não conseguiam ficar muito tempo longe um do outro, e aquilo seria uma tortura, mas enfim, era a carreira de Lucila que estava em jogo e os dois decidiram encarar esse obstáculo juntos. Combinaram que no segundo mês Rubens tiraria férias e iria para Caxias do Sul passar esse tempo com ela.

Quando chegou o dia de Rubens ir a Caxias, Lucila esperou ansiosamente o telefone tocar para que fosse buscá-lo na rodoviária. Quando o telefone tocou, Lucila mais que depressa atendeu com um “Que bom que você já chegou!”, e a resposta foi um solene “Lucila, temos que conversar.”. Rubens disse à Lucila que não podia ir a Caxias, pois havia conhecido outra mulher por quem estava atualmente apaixonado, que queria terminar o noivado e que estava indo morar em Florianópolis, pois a tal mulher era de lá. Foi um noivado terminado via Embratel quando completariam 1 ano, 5 meses e 13 dias!

Após 15 dias dentro do hotel, saindo apenas para o trabalho e mesmo assim muito maquiada para esconder as olheiras, um rapaz da matriz veio falar com Lucila:

JORGE: Oi! Você vai sempre para Curitiba? Eu vejo você sempre no avião para lá. Eu tenho família por lá, e sempre que posso também vou...
LUCILA: É...Bem...Sim, vou a cada 15 dias visitar minha mãe.
JORGE: E o que faz nos finais de semana que fica aqui?
LUCILA: Pois então... Eu fico no hotel, assisto filmes, leio... Essas coisas...
JORGE: Então, nesse sábado um amigo meu virá me visitar e vamos a um barzinho. Você não gostaria de ir conosco?

Lucila estava pronta para arranjar uma desculpa qualquer, mas nem para isso teve forças. Restou-lhe apenas aceitar o convite.

A saída foi revigorante, a companhia foi ótima! Tudo deu certo para que Lucila esquecesse o inferno que estava passando. E cá pra nós, até que o Jorge era um gatinho... A partir daquele momento, ela percebeu que estava na hora de começar a reagir.

Após essa saída, Lucila descobriu que Jorge tinha terminado há pouco tempo um namoro de 6 anos, e que também estava procurando reagir ao impacto da separação. Aquela era a chance! Quem mais poderia entender melhor Lucila??

Mas nada poderia ser tão fácil. Depois desses quinze dias, Rubens se arrepende subitamente da burrada que fez e começa a ligar para Lucila. Toda vez que isso acontecia, Lucila não conseguia não atender o telefone e se abalava sempre que escutava que ela era a mulher da vida dele.

Mesmo abalada, Lucila tinha que ter forças para botar um pedra de 2 toneladas em cima do antigo relacionamento, ou sobre a cabeça (de baixo) de Rubens. Resolveu então não evitar as saídas com Jorge e usar isso para se fortalecer e enfrentar essa difícil tarefa.

O tempo passando e ela saindo com Jorge, o interesse aumentando, e sinal de perigo aceso, pois um envolvimento rápido desse jeito era sintoma da mais pura carência. OK! Ignorou esse sinal e prosseguiu. Tanto Lucila, quanto Jorge, Mantinham uma distância de segurança.

Finalmente chegou ao fim a viagem e Lucila já poderia voltar à filial novamente. Despediu-se de Jorge, como quem se despede de um amor de verão, pois sabia que dificilmente o veria novamente.

Retomou sua vida em sua cidade natal tranquilamente, passou as festas com a família, nem sinal do cachorro do Rubens, porém de Jorge, eram e-mails e mensagens praticamente diárias. Foi quando recebeu um convite de Jorge para viajarem juntos no carnaval daquele ano.

Era exatamente tudo o que Lucila queria: uma viagem romântica.

Continua...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

TIRANDO A URUCA

Lucila não agüentava mais aquela fase de marasmo. Já fazia dois meses do término do seu último namoro e embora estivesse saindo muito e indo em todas as baladas possíveis, ainda não tinha beijado ninguém... não estava pegando nem gripe...não estava chovendo na sua horta... o mar não estava pra peixe...

Verdade verdadeira é que hora ou outra aparecia um gatinho aqui, outro acolá pra conversar com Lucila, mas ela estava numa fase exigente e queria “tirar a uruca” com alguém que valesse a pena. Ou seja, sempre acabava arranjando mil e uma desculpas pra não ficar com alguém: ou o cara era feio, ou tinha furinhos na bochecha, ou era careca, muito alto, muito baixo, muito barrigudo, ou só falava de futebol, ou tinha mão pequena, ou tinha cara de periquito... enfim, os caras sempre tinham alguma coisa que desagradava Lucila. E Lucila tinha um péssimo hábito de criar “ascos” pra certas coisas. Quando implicava com uma coisa, era difícil fazer Lucila parar de pensar naquilo.

Muitas baladas depois, bem num dia em que Lucila não estava nem aí, resolveu ir papear num boteco com uns amigos, o papo tava bom, o chopp era em metro, música ao vivo, quando notou um ser olhando pra ela duas mesas atrás da sua. Lucila fez seu olhar “da cabeça aos pés” pra analisar melhor a mercadoria: “hmmm... bonito de rosto, cabelo com mullets - ADORO MULLETS, corpitcho enxuto, roupa bacana...”. Lucila estava entusiasmada até aí, mas quando chegou nos sapatos: “e... sapatos de Aladim!!! Ah não!!!! Taí uma coisa que me dá asco!!”. Logo lhe veio na cabeça aquela imagem do grupo Lokomia... Olhando mais detalhadamente, viu que a coisa ainda era pior: “sapato preto e meias brancas... affffe”.

Lucila então começou a entoar mentalmente o velho mantra de sua mãe (“você não pode ser tão exigente e blá blá blá”) e tentar afastar a imagem do grupo lokomia de sua mente. Continuou olhando o carinha, embora evitasse olhar pros seus pés. E o menino olhava, olhava... e não ia nunca falar com Lucila, num comportamento típico curitibano.

Alexandre e Eduardo, os amigos que estavam na mesa com Lucila logo perceberam os olhares entre Lucila e o carinha dos mullets (pra não dizer carinha dos sapatos de Aladim) e quiseram queimar o filme de Lucila, abraçando-a, pegando na mão dela... “Ai, meninos, assim o carinha nunca vai vir falar comigo e eu vou ficar urucada pra sempre!!!”, mas Alexandre que se autodenominava irmão mais velho de Lucila foi logo dizendo que o cara era feio, gay, etc... e quando Lucila comentou sobre os sapatos de Aladim então a coisa ficou pior... As críticas eram muitas, mas Lucila não se deixou abalar e continuou olhando pro gatinho dos mullets, numa tentativa de acabar com a sua má fase de vez!! Quando viu que a coisa não tinha fim e os seus amigos estavam cada vez mais avacalhando com o carinha, Lucila resolveu ir ao banheiro, tendo que fazer o sacrifício de passar na frente do gatinho.

Quando saiu do banheiro, o carinha estava esperando por Lucila em frente à porta, aproximou-se e disse:

Carinha dos mullets: Puxa, até que enfim consegui vir falar com você longe daqueles caras... São seus seguranças? Ou algum deles é seu namorado?
Lucila: Não, são só meus amigos.
Carinha dos mullets: Ufa, q bom, era tudo o que eu queria ouvir...

E papo vai, papo vem... O nome do carinha era Leonardo, engenheiro, 25 anos (isso mesmo, 4 anos mais novo que Lucila, mas nenhum dos dois se importou com isso), um cara realmente interessante, inteligente, com umas sacadas diferentes... E Lucila não resistiu... acabou se dando bem (até que enfim), e finalmente TIROU A URUCA!!! Nem lembrou mais dos sapatos. O carinha pediu o telefone de Lucila prometeu ligar no dia seguinte cedo pra desejar um bom dia.

E passou o dia todo e nada do menino ligar... Mas no final da tarde, eis que liga um número diferente no celular de Lucila e, pra seu alívio, era Leornardo, dizendo que não tinha ligado pra dar bom dia, mas estava ligando pra dar boa tarde e tal... com uma conversinha toda melosa, até que caiu a ligação... Lucila tentou ligar no número que ele tinha ligado, mas dava caixa postal... alguns minutos depois, Léo liga de novo:

Léo: “Poxa, Lú, não precisava desligar na minha cara”.
Lucila: “Não, a ligação caiu, tentei retornar, mas deu caixa postal”.
Léo: “Ah, é que este telefone é da empresa que eu trabalho”.
Lucila: “Ah... achei que vc ia me dar seu telefone hoje...”
Léo: “Não, pra ganhar meu telefone vc tem que merecer... já posso dizer que vc já conquistou 70%... mas ainda falta um pouco...”

Lucila, achando super estranho este papo... como assim??? Merecer o telefone do cara??? Mas deixou por isso mesmo... pois tinha certeza que desta vez estava fazendo tudo certo e “merecia” o telefone do Léo.

Despediram-se no telefone e Léo disse que ligaria no dia seguinte para combinarem algo. Mas... acabou não ligando nunca mais...

Mais uma vez Lucila quebrou a cara, mas o que importava mesmo era que tinha tirado a uruca e agora as coisas iam melhorar pra ela!! Será??