segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

PÉ NA BUNDA, PÉ NA ESTRADA - Parte I

Tristeza era a palavra que mais traduzia as expressões de Lucila naqueles últimos 15 dias, mas nem sempre foi assim. Um mês antes Lucila só conseguia pensar em como seria seu futuro casamento já que estava noiva há 1 ano, 5 meses e 12 dias! E no décimo terceiro dia seu noivado acabou! Bem que dizem que 13 é o número do azar. Desde então Lucila era só cacos de sentimento: um caquinho de dor, um caquinho de raiva, vários de ódio, alguns de saudades, outros de decepção.

Rubens era o tipo do cara que a família inteira adota como filho legítimo. Era tudo tão perfeito. Ele e Lucila terminavam as frases um do outro. Falavam o que o outro pensava. Gostavam das mesmas coisas! Todos que conheciam o casal pensavam: “típico casal perfeito”.

Até que um dia, Lucila teve que viajar a trabalho. Teria que ficar na matriz da empresa, em Caxias do Sul, por 2 meses, mas voltaria a cada 15 dias nos finais de semana. Lucila e Rubens não conseguiam ficar muito tempo longe um do outro, e aquilo seria uma tortura, mas enfim, era a carreira de Lucila que estava em jogo e os dois decidiram encarar esse obstáculo juntos. Combinaram que no segundo mês Rubens tiraria férias e iria para Caxias do Sul passar esse tempo com ela.

Quando chegou o dia de Rubens ir a Caxias, Lucila esperou ansiosamente o telefone tocar para que fosse buscá-lo na rodoviária. Quando o telefone tocou, Lucila mais que depressa atendeu com um “Que bom que você já chegou!”, e a resposta foi um solene “Lucila, temos que conversar.”. Rubens disse à Lucila que não podia ir a Caxias, pois havia conhecido outra mulher por quem estava atualmente apaixonado, que queria terminar o noivado e que estava indo morar em Florianópolis, pois a tal mulher era de lá. Foi um noivado terminado via Embratel quando completariam 1 ano, 5 meses e 13 dias!

Após 15 dias dentro do hotel, saindo apenas para o trabalho e mesmo assim muito maquiada para esconder as olheiras, um rapaz da matriz veio falar com Lucila:

JORGE: Oi! Você vai sempre para Curitiba? Eu vejo você sempre no avião para lá. Eu tenho família por lá, e sempre que posso também vou...
LUCILA: É...Bem...Sim, vou a cada 15 dias visitar minha mãe.
JORGE: E o que faz nos finais de semana que fica aqui?
LUCILA: Pois então... Eu fico no hotel, assisto filmes, leio... Essas coisas...
JORGE: Então, nesse sábado um amigo meu virá me visitar e vamos a um barzinho. Você não gostaria de ir conosco?

Lucila estava pronta para arranjar uma desculpa qualquer, mas nem para isso teve forças. Restou-lhe apenas aceitar o convite.

A saída foi revigorante, a companhia foi ótima! Tudo deu certo para que Lucila esquecesse o inferno que estava passando. E cá pra nós, até que o Jorge era um gatinho... A partir daquele momento, ela percebeu que estava na hora de começar a reagir.

Após essa saída, Lucila descobriu que Jorge tinha terminado há pouco tempo um namoro de 6 anos, e que também estava procurando reagir ao impacto da separação. Aquela era a chance! Quem mais poderia entender melhor Lucila??

Mas nada poderia ser tão fácil. Depois desses quinze dias, Rubens se arrepende subitamente da burrada que fez e começa a ligar para Lucila. Toda vez que isso acontecia, Lucila não conseguia não atender o telefone e se abalava sempre que escutava que ela era a mulher da vida dele.

Mesmo abalada, Lucila tinha que ter forças para botar um pedra de 2 toneladas em cima do antigo relacionamento, ou sobre a cabeça (de baixo) de Rubens. Resolveu então não evitar as saídas com Jorge e usar isso para se fortalecer e enfrentar essa difícil tarefa.

O tempo passando e ela saindo com Jorge, o interesse aumentando, e sinal de perigo aceso, pois um envolvimento rápido desse jeito era sintoma da mais pura carência. OK! Ignorou esse sinal e prosseguiu. Tanto Lucila, quanto Jorge, Mantinham uma distância de segurança.

Finalmente chegou ao fim a viagem e Lucila já poderia voltar à filial novamente. Despediu-se de Jorge, como quem se despede de um amor de verão, pois sabia que dificilmente o veria novamente.

Retomou sua vida em sua cidade natal tranquilamente, passou as festas com a família, nem sinal do cachorro do Rubens, porém de Jorge, eram e-mails e mensagens praticamente diárias. Foi quando recebeu um convite de Jorge para viajarem juntos no carnaval daquele ano.

Era exatamente tudo o que Lucila queria: uma viagem romântica.

Continua...

Nenhum comentário: