quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PÉ NA BUNDA, PÉ NA ESTRADA - Parte II - Final

Tudo pronto. Tudo preparado. 1 dia antes da viagem, Rubens resolve dar o ar da graça novamente e liga para Lucila para saber como ela estava. Lucila achou que não ia se abalar, fez pose e força para não acontecer... mas não teve jeito. Caiu em prantos, mas decidiu assim mesmo fazer a tal da viagem com Jorge de passar uma borracha sobre o ocorrido.


O primeiro dia foi ótimo, praticamente uma lua de mel. No segundo dia toca o telefone de Jorge e Lucila percebe que ele ficou constrangido para atender, mas atendeu e saiu de perto dela. Quando Jorge retornou, visivelmente ela era outra pessoa. Lucila perguntou se ele estava bem, se tinha acontecido algo, mas obteve uma resposta no melhor estilo “me deixa”.


Não demorou muito para Lucila enteder o que aconteceu. Jorge sem saber como fazer de maneira delicada disse: “Lu, não posso mais ficar com você. Eu pago sua passagem e te deixo na rodoviária mais próxima. Preciso ver minha ex-namorada.”


Aquilo era demais para Lucila. Ficou enfurecida, com vontade de matar o imbecil do Jorge, mas como ela não tinha escolha, foi deixada na tal da rodoviária mais próxima com o dinheiro da passagem na mão.

Foi ver os horários dos ônibus. O próximo ônibus para Curitiba demoraria 6 horas, o próximo para Florianópolis era dali 4 horas. Sem pensar muito comprou a passagem para Florianópolis e pensou: “Vou encontrar o Rubens e acertar essa história de vez!”


Chegou o ônibus, 6 horas de viagem, e finalmente estava a 15 minutos da rodoviária de Florianópolis. Sacou o celular e ligou para Rubens. Caixa Postal. Tentou novamente. Caixa Postal. Decidiu deixar recado na quarta tentativa: “Rubens, sou eu, estou em Florianópolis, quero conversar com você. Me liga por favor.”


Lucila não sabia o que fazer. Estava na rodoviária de Florianópolis sem saber o endereço de Rubens e muito menos conhecidos na cidade. Estava sozinha. Ela e Deus. Aliás, descobriu que ou Deus tinha tirado férias naquela ocasião ou ele não ajudava idiotas como ela.


Depois de se sentir a pior das piores, a mais burra da humanidade de ter ido atrás do ex, secou as lágrimas e foi comprar sua passagem para Curitiba. O próximo ônibus era às 18:00 hs. Olhou no relógio: 14:00 hs. Saco! Mais um chá de rodoviária.


Tentou novamente o celular do Rubens e nada. Jorge já tinha recebido todas as pragas possíveis e imagináveis. 16:30 hs, toca o celular de Lucila. Levou um susto, era o Rubens.


LUCILA: “Alô!”

RUBENS: “Lu, o que você está fazendo em Florianópolis?”

LUCILA já em prantos: “Você me ligou, disse que não sairia daqui. Quero conversar com você. Preciso esclarecer isso tudo.”

RUBENS: “Lu, não vai dar. Não estou em Florianópolis. Estou em São Paulo. Vim pra cá com meus amigos.”

LUCILA: “Porque você fez isso? Porque não me avisou? Porque? Porque?”

RUBENS: “Lucila, tenho que te contar uma coisa: engravidei uma menina.”


Lucila sentiu enjôo, vertigem... Estava abandonada em uma rodoviária esperando para voltar derrotada para casa. O idiota com quem estava saindo abandonou ela no meio da viagem, e o ex estava subitamente grávido depois de todo aquele papo de “mulher da minha vida”. Não adiantava mais chorar. As lágrimas haviam secado. Ela estava anestesiada.


Sem opção, Lucila voltou para casa. Nem se atreveu a ligar pra alguém ir buscá-la na rodoviária. Não conseguia acreditar nos pés na bunda que levou e muito menos no fato de ter passado o carnaval inteiro com o pé na estrada.

Nesse momento ela só conseguia pensar no que ela mais precisava: colo da mãe, amigas e muito, mas muito álcool.

Dois meses depois, mais forte, mas ainda sem que ninguém soubesse o que realmente havia acontecido naquele carnaval fatídico, Lucila foi a uma exposição em uma galeria de arte na qual trabalhava Clara, quando ela foi surpreendida por Jorge:


JORGE: Lucila, quanto tempo! O que você está fazendo aqui?
LUCILA: Eu moro aqui, e você?
JORGE: Ah, eu voltei pra cá também. Casei, esta é minha esposa, Andrea, estamos muito felizes.


Lucila já estava começando a reviver os revezes da viagem quando falou: “Muito prazer, ótimo conversar com vocês. Felicidades.” - e foi saindo, mas não rápido o suficiente, pois Jorge ainda conseguiu gritar para ela e meia galeria ouvirem "estamos grávidos, nasce ano que vem!!!".


Lucila estava chateada. Não, P da vida... Não, indignada... O que ela tinha a ver com a vida deles. Que fossem felizes, mas ele precisava tripudiar?

No dia seguinte Lucila estava lendo seus e-mails quando o mais inesperado e surreal de todos apareceu diante de seus olhos:
"Oi Lu,
Tudo bem? Eu queria que você soubesse por mim que fui demitido, que terminei com a garota que estava saindo, pois a gravidez era alarme falso.

Queria saber se você ainda sente alguma coisa por mim, e dizer que sempre te amei!
Também queria saber se você pode reenviar meu CV que está anexo, pois não aguento mais morar em Florianópolis.
Te amo e sempre amei,
Rubens".


Lucila estava pasma. Sem ação! E sem nem saber sequer por onde começar, se ria, ignorava ou mandava pra PQP esse FDP, seu telefone toca:
LUCILA: Alô!
JORGE: Oi Lu, é o Jorge. Liguei porque não consigo parar de pensar em você!
LUCILA: Hã? Que Jorge?

Nessas alturas Lucila, que já estava em choque pelo inesperado e-mail, não conseguiu ligar o nome à pessoa.


JORGE: Sou eu Lu, o Jorge, de Caxias.

Recuperando rapidamente seu senso, Lucila contra-atacou:

LUCILA: Ah! O Jorge, casado, cujo filho nasce ano que vem? Pensando em mim? Vai me chamar pra madrinha da criança?
JORGE: Lucila, não brinca. Eu nunca esqueci você. Ontem, quando te vi, linda, eu não consegui dormir. Não paro de pensar na burrada que eu fiz quando te larguei e no quanto a minha vida é miserável! Eu não amo a Andrea, não sei porque me casei... Lu? Oi? Lu, tá me ouvindo?


E então Lucila desligou! Virou-se para o micro e deletou com “shift+del” o e-mail de Rubens e pensou:


“Que favor esses dois me fizeram... E eu que achava que tinha me dado mal...
Como a vingança é doce... Quando é carmicamente enviada então...”


* Esse conto teve a participação da nossa amiga Pepe! Veja o link do blog aqui mesmo no nosso blog! bjos enormes a essa querida!

2 comentários:

Anônimo disse...

Hahahaha..... A lucila só se ferra!! Será que ela nunca vai ser feliz?!

Lily Zemuner disse...

Ahhh, eu adoro ler essas histórias, sério! Apesar de toda a ziquizira, acho que tem sempre um final "feliz". É que quando a gente tá sofrendo as dores de um amor não consegue ver que talvez tenha sido realmente melhor assim.

B-jinho.