Lucila era complexada com muitas coisas, e isso de fato era reflexo da sua adolescência conturbada. Na escola, ela era a menina que todos tiravam sarro. Aparelho, gordinha, descabelada, sem grandes vaidades.
Sonhava em ser esbelta como as amigas, em fazer sucesso, em ser notada. Odiava e adorava as festas americanas, pois ao mesmo tempo em que ela encontraria Rafael, sua paixão platônica, também tomaria o costumeiro chá de cadeira.
Rafael era moreno, olhos claros, bonito, atleta, e obviamente não sabia que Lucila existia. Fazia sucesso com as meninas, dançava bem, era articulado e inteligente, enfim, perfeito.
Lucila sonhava com Rafael todos os dias, esperava ele passar por ela no intervalo apenas para acompanhar seu sorriso costumeiro. Seus 13 anos eram vividos cheios de duvidas, mas aquele momento do dia era o momento da certeza. Certeza de que era de Rafael que Lucila gostava.
Um belo dia, Lucila acordou totalmente deprê e prometeu que falaria com Rafael custasse o que custasse. No mesmo bat-horário, no mesmo bat-local, coração na boca, aponta Rafael no fim do corredor. Lucila sem saber onde enfiar a cara preparou-se e tropeçou no Rafael. Enfim as primeiras palavras: “Se liga guria! Olha pra onde anda sua mané!”.
Rafael era realmente um amor de pessoa. Lucila correu para o banheiro, se trancou e caiu em prantos.
Alguns meses depois, em um sábado de sol, Lucila foi convidada por uma amiga a freqüentar um grupo de escoteiros. Ao chegar no local, muitas crianças, muitos adolescente, muitos adultos. Parecia ser divertido, mas de repente, um frio cruzou sua espinha. Lá estava ele com os meninos, Rafael, que já tinha esquecido da existência de Lucila.
Os anos se passaram, Lucila já não era o patinho feio que era. Transformou-se em mulher. Mais segura. Mais dona de si. Saiu do escoteiro aos 19 anos e perdeu contato com a maioria dos colegas. Sua vida tomava um novo rumo.
Lucila se tornara uma ótima profissional e recebeu um convite para trabalhar em outra cidade. Resolveu então dizer tchau para todas as pessoas que marcaram a vida dela. Convidou família, amigos, e claro Rafael.
Muita gente que não a via há muito tempo espantava-se com a mudança. Já não existia mais aparelho dentário, corpo desengonçado, cabelo mal cuidado. Lucila se divertia muito com todos até que chegou Rafael na festa. Rafael já não estava mais com tudo em cima. Tinha engordado, perdido um pouco de cabelo. Realmente o tempo é cruel. Não perdoa mesmo.
Naquele momento Rafael lembrou-se que Lucila existia. E vejam só! Era uma belíssima mulher.
Meses depois da festa, Lucila resolve voltar para Curitiba. A vida dela estava aqui. Mandou um e-mail para seus amigos avisando que estava voltando, e que adoraria rever todo mundo. Surpreendentemente ela recebeu apenas uma resposta que a fez esfregar os olhos para ter certeza que não era miragem. Rafael estava dando mole para ela.
Com um sorriso no canto da boca, Lucila pensou: “se ele pensa que eu sou aquela bobinha, ele não sabe o perigo que está correndo...hehehehe”.
Ao voltar para Curitiba, não tardou receber uma ligação de Rafael com convites e mais convites. Até que um dia, Lucila resolveu aceitar.
-- “Ta bem Rafa, onde te encontro? Estou sozinha, minhas amigas estão viajando, então não me deixe sozinha no bar ein?” – adverte Lucila.
-- “Só um louco a deixaria sozinha Lucila...” – responde Rafael.
Continua...
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